CAP 47: sou uma gracinha inteligente

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Aaron Whitlock

De repente ela deu um meio sorriso e uma lágrima caiu sobre suas bochechas. O que esta passando na cabeça dessa garota? Eu só quero levar ela em segurança para casa, mas ela não está colaborando!

— Eu tinha me esquecido o quão maravilhoso é fazer esse tipo de coisa. — Ela fala com seu sorriso se alargando e com sua respiração ainda ofegante pela presepada que ela fez.

— Por favor, desça daí. — Peço mais uma vez.

— Eu ouvi direito? Você pediu por favor? — Ela pergunta incrédula. — Então tá bom, me segura, princeso! — Ela falou e se jogou em mim.

Fiz o que pude para segurá-la, mas não consegui evitar a queda que levamos. Mas evitei que ela batesse no chão, pois amorteci sua queda com meu corpo.

— Não foi bem isso que eu imaginei. — Ela resmungou se levantando e mais uma vez segurei uma risada com sua frustração.

— E o que você imaginou? — Falei me levantando.

— Que você fosse me segurar, como os personagens dos livros que eu leio fazem. Por que você é perfeito demais para ser real, parece um personagem fictício escrito por uma mulher.

Vou fazer questão de jogar isso na cara dela na primeira oportunidade que eu tiver.

— Que eu saiba as protagonistas dos livros que você lê não precisam que o mocinho as segure, pois nessas histórias os mocinhos se mostram insuportáveis.

— Mas quem disse que eu te vejo como mocinho? Eu te vejo como aquele que foi o vilão gostoso do meu ponto de vista, mas que com o tempo me mostrou estar completamente enganada e que ainda vai me fazer ver que estou apaixonada.

— Interessante. Se seguirmos por esse ponto de vista, você é a protagonista, mas é aquela protagonista que todo mundo ama, mas que também é um pouquinho chata e petulante, mas isso não é um problema, até por que todo mundo tem defeito, você é inteligente, forte mas você ainda duvida do seu total potencial graças às pessoas do seu passado. Mas você é incrivelmente foda, e é isso que fará o vilão gostoso se apaixonar por você.

— Uau! Você também é fanfiqueiro.

— Um pouco, agora chega de papo furado, vamos embora.

— Tá bom. — Quase dei um pulo de felicidade por ela finalmente concordar comigo.

Fomos andando pela rua e quando nos aproximamos do carro dela eu abri a porta para ela.

— Uh, ele é cavaleiro! — Ela fala abrindo um sorriso e logo em seguida entrando no carro.

Coloquei o cinto de segurança nela e entrei no lado do motorista e percebi ela me encarando.

— O que foi dessa vez? — Pergunto.

— Nada, só estou vivendo o momento, antes que eu me esqueça de tudo amanhã.

E a Valentina reflexiva volta com tudo! Se bem que prefiro essa do que a que está ligada no 220.

— Obrigada por cuidar de mim, não existe ninguém além dos meus pais, meu irmão e Madu que cuidem de mim do jeito que você está cuidando agora.

— De nada, mas eu não faço nada mais que minha obrigação.

— Mas esse mínimo pode parecer o máximo para aqueles que não tem nada, a mulher que te tiver será uma mulher de sorte. — Seus olhos encontraram o meu, suas pupilas levemente dilatadas e um brilho no seu olhar.

Se passaram alguns segundos e a versão Valentina encapetada retornou novamente, logo ela colocou Mc pipokinha para tocar.

— Essa vai ser a música que vai tocar no talo às seis horas de um sábado quando eu for faxinar a minha casa, acordando meus netos, e quando eles reclamarem eu irei dizer "isso é música de verdade! Não essas porcarias que vocês escutam"

Não consegui segurar a minha risada, e ela me encarou se passou cerca de três segundos e ela começou a rir também, desencadeando uma crise de risada entre nós dois.

— Caramba, é raro te ver rir assim! — Ela diz parando de rir. — Mas eu não brinquei nem um pouco ao dizer que vou passar essas músicas para as próximas gerações da família.

— Você bêbada é uma pérola. — Falei limpando uma lágrima que ameaçou a descer de tanto rir.

— Ah, eu sou uma gracinha! — Ela falou e pude notar ela colocando seu cabelo atrás da orelha. — Uma gracinha muito inteligente no quesito acadêmico.

Ela passou alguns minutos em silêncio, o que foi uma benção.

— Aaron?

— Hum?

— Você sabe quantas crianças cabem em uma circunferência? Dois pi raio. — Ela falou e se acabou de rir da própria piada.

Meu Deus, isso não teve graça nenhuma, e o pior de tudo é que estou com um sorriso idiota no rosto.

— E sabe o que é pior do ser atingido por um raio? — Ela perguntou recuperando o fôlego. — Ser atingido por um diâmetro! — Ela riu, mas desta vez não tão empolgada.

— Jesus! — Falei quase em um suspiro. — Que piada ruim!

— Ruim, mas você está com um sorriso de canto no rosto. Deixe-me pensar em outra… o que o álcool disse para o outro?

— Não sei.

— Etanóis! — Ela disse rindo com sua risada gostosa de se ouvir.

— Chegamos! — Avisei, tirando o cinto.

— Já?! 

— E você nem percebeu que eu fui abaixando o som até desligá-lo. — Falei em um meio sorriso.

Desci do carro indo até a outra porta e a abrindo, tirei o cinto da Valentina e ajudei ela a sair do carro.

— Está entregue, princesa.

— Entra comigo?

— Por que?

— Por favor. Está todo mundo dormindo, não quero que ninguém me veja nesse estado de doidona alucicrazy.

— Eu vou entrar com você, te deixar com seu irmão e logo em seguida eu embora, tá bom? — Ela concordou.

Ela deu dois passos na minha frente e tropeçou na calçada, logo fui para o lado dela a apoiando. Abri o portão para ela, e a porta da casa dela em silêncio. Seu irmão estava na cozinha e logo veio em nossa direção.

— O que aconteceu com ela? — Ele perguntou preocupado.

— Acho melhor eu te explicar isso depois, agora a gente precisa colocar ela na cama.

— Oi? Não vou me deitar na minha caminha limpinha sem antes tomar um banho!

— Colabora com a gente, princesa. — Falei colocando uma mecha de seu cabelo para trás de sua orelha.

— Não! Eu estou suja, não vou dormir até tomar meu banho e colocar meu pijama!

                       CONTINUA...

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora