CAP 48: Ele te ama.

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Anna Liz Valentina

ACOORRRDAAAAAA,
LEVANTA, SAI DA CAMA, TOMA UM CAFÉ REFORÇADO. BOTA UM POUQUINHO DE BOSTA, PRA JÁ COMEÇAR EMBARRADO!
ACOORRDAAA!

Com os olhos ainda fechados tateei embaixo do meu travesseiro em busca do meu celular para desligar o alarme com o áudio estourado que fazia minha cabeça doer com o escândalo.

Antes mesmo que o alarme terminasse consegui desligá-lo, no instante em que fechei meus olhos novamente ouvi um estalo na minha cadeira, ignorei pensando que seria a Magali, mas logo ouvi outros estalos e me lembrei que aquela cachorra é uma folgada e entre a minha cama e a cadeira ela escolhe minha cama sem ao menos pensar duas vezes. Me forçando a abrir os olhos olhei em direção a cadeira e levei um susto, dando um gritinho rouco.

Que porra esse garoto tá fazendo aqui?

Vi um vulto se mover no meu espelho e quando olhei levei um susto quando vi uma criatura meio sentada e meio deitada aos pés da minha cama praticamente jogado entre o espaço do meu guarda-roupa e minha cama.

— Por que raios vocês dois estão no meu quarto?! — Perguntei enquanto eles se espreguiçavam. — Principalmente você?! — Direcionei meu olhar à Aaron se espreguiçando na cadeira.

— Então esse é o preço que se paga por cuidar de uma garota doida? — Aaron pergunta.

— Acho que preciso de uma coluna nova. — Meu irmão murmura estalando a coluna.

— Somos dois, que cadeira mais desconfortável!

— Vocês vão me explicar o que está acontecendo aqui? — Falei e só então reparei o quão rouca eu estou.

O que eu aprontei ontem à noite? A pergunta logo recebe uma resposta da minha própria mente, a água batizada que eu bebi, pois depois daquele momento não me lembro de quase nada.

Puta merda o que eu aprontei?!

— Reformulando a pergunta, de 0 a 10, quanto de merda eu fiz?

— Na festa ou depois que eu te trouxe para casa? — Aaron perguntou.

— A somatória dos dois.

— acho que um 6. — Ele me responde.

— Acho que isso é bom, alguém inconveniente me viu no que seja lá o estado que eu estava?

— Não.

Menos mal.

De repente meu segundo alarme começou a tocar, dessa vez o áudio era da jojo Toddynho.

— Que que tu tem na cabeça de colocar esses áudios como despertador? — Aaron pergunta indignado enquanto eu desligo o alarme na parte que fala " tá achando que você é paquita?"

— Me motiva, tá?

— Motivação estranha essa sua.

— Te acharam no lixo e ficaram com dó de você, por que às vezes me recuso a acreditar que tu é minha irmã.

— Cala a boca que tu não é nada sem mim!

Respirei fundo e nós três ficamos em silêncio, os dois pareciam refletir sobre si mesmos, não foi um silêncio constrangedor, parecia mais um silêncio com apenas uma única pergunta no ar, o que eu estou fazendo da minha vida?

Respirei fundo mais uma vez e levantei para cima, ficando nessa posição por algum tempo.

— O que é isso agora? — Gabriel me perguntou.

— Para ver se Deus me leva. — Falei séria e em um segundo recebi um tapa no braço. Olhei com um olhar mortal para Aaron que estava com um sorriso de criança encapetada ainda sentado na cadeira. — Mas é um filho da puta mesmo!

— Acho melhor eu ir, ainda tenho que passar em casa e depois ir para escola. — Aaron falou me ignorando.

— Eu sei que não costumo ser exatamente o tipo de pessoa legal com você, mas pode sim ficar e tomar café com a gente, tecnicamente você namora comigo — Fiz uma careta — E quando meu pai sair para trabalhar ele pode te deixar em casa.

════════ ◖◍◗ ════════ 

Era aula de educação física, eu estava só a derrota, não só eu como Madu também, mas eu consegui estar ainda mais derrotada que ela, então me deitei em seu colo enquanto ela acariciava meu cabelo totalmente quieta, o que era até estranho para ela.

— Você já percebeu como ele te olha? — Ela falou para mim.

Por um instante fiquei confusa e olhei para onde seu olhar se concentrava.

— Sim, com os olhos. — Falei e recebi um tapa na minha cabeça. — Aí!

— Deixa de ser uma menina tonta! Não desse tipo de olhar, Os olhos dele brilham de uma forma intensa quando ele te vê, ele não olha para ninguém assim. Parece até que…— Ela mordeu seu lábio inferior como se questionasse sobre o que ia falar. — Ele te ama.

— Você já está começando a falar uma quantidade infinita de nada.

— Olhos não mentem, Aly. Eu sei exatamente o que eu vejo. Sabe, às vezes o amor se disfarça de  ódio para conseguir entrar naqueles corações que um dia foram quebrados. E foi isso que aconteceu com vocês.

—Você está insinuando que eu amo ele? E que ele me ama? Pare de dizer asneiras, Maria Eduarda.

— Não está mais aqui que falou. — Ela disse voltando a acariciar meu cabelo.

Me virei para observar melhor seu rosto, e vi sua expressão perdida enquanto olhava para a quadra. Ela estava mais quieta hoje, mas observando melhor agora ela parece triste. Ela consegue esconder suas emoções tão bem que às vezes é quase impossível de descobrir o que ela sente em relação a algumas coisas. Se não fosse pelos seus olhos que estavam levemente marejados eu não notaria sua tristeza, ela parecia cansada pela festa de ontem, mas tudo indica que ela também está cansada emocionalmente também.

— Você está bem? — Perguntei me levantando de seu colo.

Em segundo ela encara a quadra e no outro ela olhou para mim e chorou, simplesmente desabou me abraçando. Tem algo muito errado com ela, ela odeio chorar em locais onde outras pessoas possam vê-la.

CONTINUA...

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora