CAP 12: Gostosa

3.7K 210 26
                                    

Quando eram quase quatro horas da manhã decidi ligar para o meu pai, no Brasil eram quase oito da manhã, nesse horário meu pai costuma acordar, principalmente se ele for para a fazenda mais tarde.

— Oi, pai. — Digo quando ele atende o celular.

— Oi, meu pequeno furacão. — Ele diz e meus olhos se enchem de lágrimas quando ouço a voz dele. — Estou com muitas saudades sua. E da Duda também, ela é como uma filha pra mim. Aconteceu algo?

— Não, apenas queria ouvir a sua voz. — Falei. — Estou com saudades.

— Você está bem, filha? Não quero ouvir mentiras.

— No momento não, mas vai passar, nem que seja por alguns dias, até eu reviver o pesadelo novamente. — não precisei explicar a situação, meu pai me conhecia muito bem e sabia exatamente do que eu falava.

— Meu pequeno furacão, eu não vou te falar que o tempo vai curar, por que isso não acontece, o tempo serve apenas para adormecer seus pesadelos até que algo o faça a reviver tudo novamente, eu  sempre estarei aqui ao seu lado, mesmo estando muito longe de você, pode contar comigo. Você quer falar sobre o pesadelo?

— Foi o mesmo de sempre. Sabe, eu revivendo aquele dia, a forma que a mamãe gritou o meu nome, o aperto que eu sentia no peito desde que eu havia acordado, eu tentando entender o por que o lucca não havia ido ver a minha melhor apresentação...

— Meu anjo, você poderia ter morrido, mas não, você está viva, e as únicas consequências disso foi uma cicatriz que você deveria amar e não odiar, e um par chifres, e finalmente perceber o quão tóxico aquele garoto era com você.

— Eu sei. Mas é como que aquele dia o mundinho em que a Anna Liz vivia foi completamente destruído, uma parte de mim morreu aquele dia, você sabe disso. Eu não posso mais fazer o que eu mais amo, pai. E... É isso dói.

— Eu sei, eu posso te entender.

— hoje é sábado, você vai ir na fazenda? — pergunto.

— Vou. Você deve estar com saudades de lá.

— Estou morrendo de saudades, principalmente do frango com quiabo da vovó. — Falei me lembrando da comida maravilhosa que a minha vó fazia, a coroa sabe bem como cozinhar, ela me alimenta tão bem...

Converso mais um tempo com meu pai até ele ter que desligar por que teria que sair.

Fico sentada na janela até amanhecer, com aquela estranha sensação de ser observada. Desde que cheguei aqui tenho essa sensação, acabei a me acostumar com a sensação.

Quando o dia amanheceu sai de lá. Minha bunda estava até dormente de tanto ficar sentada lá.

Fui no banheiro e me olhei no espelho, meus olhos estavam levemente inchados graças as horas não dormidas, meu rosto também estava um pouco inchado, meu cabelo estava sujo e parecendo um ninho de passarinho, talvez esteja pior.

Nunca me senti um lixo como me senti agora.

Me afastei um pouquinho tendo a visão das minhas coxas no espelho, eu não venho me alimentando direitinho todos os dias, as vezes fico horas e até o dia todo sem comer, então acabei perdendo um pouco de peso.

Eu odeio perder peso, pois pra mim é muito difícil engordar e é sempre uma luta para conseguir ficar no peso certo. No momento não era difícil perceber que eu claramente estou abaixo do peso.

Tomei um banho relaxante aproveitando para lavar o cabelo, ao sair do banho fiz uma maquiagem leve para esconder as olheiras e coloquei meu óculos.

Vesti um vestido preto de bolinhas que eu roubei da minha mãe, ele me dava a impressão de uma cintura fina (que eu de fato possuo) e disfarça minhas coxas magras pelo fato que ele vai até o joelho e é soltinho, também vesti um cardigam de crochê preto para disfarçar meus braços e seios.

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora