Eu olhava para meus pais e meu irmão com a expressão mais séria possível, eles nunca adivinhariam meu próximo passo. Abri um sorriso largo quando joguei quatro cartas de +4.
Estávamos entediados e resolvemos jogar Uno.
Já mandei todo mundo ir para o inferno e já tenho umas sete cartas escondidas, não tem nem vinte minutos que estamos jogando.
— Vadia — Gabriel me xinga comprando 16 cartas.
— Você diz isso como se fosse um insulto.
— Devíamos estar jogando banco imobiliário. — Meu pai diz.
— Para a Aly ficar falando "Deus lhe pague em dobro" toda vez ela fica mais rica no jogo? — Minha mãe pergunta.
— Bem lembrado.
Chega a vez do meu pai e ele bloqueia minha mãe, sendo minha vez novamente.
— Filho da puta! Justo quando eu podia lascar ela.
— Foi mal, amor.
Mantendo minha expressão neutra joguei nove e já bati, meu pai e minha mãe batendo logo em seguida, e Gabriel estava boiando, quando percebeu que teria de comprar mais cartas ele me xingou mais uma vez.
Família muito unida, graças a Deus.
Continuamos a jogar, chegamos ao ponto que ninguém queria mais olhar na cara de ninguém.
— Anna Liz está roubando, sem condições de jogar com você.
— De onde você tirou isso, Gabriel?
— Para de se fazer, pilantra!
— Pilantra é você, vagabundo!
— Então você não está roubando?
— Não! — forcei meu rosto a estampar a mais pura inocência e indignação.
— Não vem com essa pra cima de mim, não. Você deve ter umas vinte cartas enfiadas no cu, garota. Para de se fazer!
— Você não vai falar nada, mãe? — Me virei pra ela e percebi ela arrancando o esmalte com o dente, assistindo a nossa discussão com interesse.
Olhei para o meu pai e ele fazia o mesmo, roendo as unhas.
— Não, podem voar no pescoço um do outro — Meu pai deu nela uma cotovelada, lembrando que ele estava no papel de mãe agora. — Digo, para de xingar sua irmã, Gabriel. Anna Liz, se não está escondendo nada, se levanta.
— Mas eu n-
— Agora — Ela ordena, cortando o que eu iria dizer.
Me levanto, e nenhuma carta surge.
— Satisfeitos?
— Não. Vou te revistar.
— Pra que tanta desconfiança?
— Por eu não confio em você.
— Mãe, pai, vocês vão deixar?
— Mas é claro que sim — Eles falam juntos.
Gabriel se levantou, logo em seguida levantou meus braços, começando a me revistar. Estava tranquilo até ele chegar no meu abdômen.
— Achei!
— É meu celular, idiota.
Ele continuou me revistando e não encontrou nada.
Acho que já posso esconder drogas.
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Meu vizinho é meu inimigo
RomansaAnna Liz, uma jovem que persegue desde a infância um desejo: um intercâmbio para LosAngeles. Com sua melhor amiga ao seu lado, a promessa de uma aventura repleta de descobertas se materializa. Contudo, na trama complexa da vida, um elemento inespera...