CAP 27: Miau

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Eu olhava para meus pais e meu irmão com a expressão mais séria possível, eles nunca adivinhariam meu próximo passo. Abri um sorriso largo quando joguei quatro cartas de +4.

Estávamos entediados e resolvemos jogar Uno.

Já mandei todo mundo ir para o inferno e já tenho umas sete cartas escondidas, não tem nem vinte minutos que estamos jogando.

— Vadia — Gabriel me xinga comprando 16 cartas.

— Você diz isso como se fosse um insulto.

— Devíamos estar jogando banco imobiliário. — Meu pai diz.

— Para a Aly ficar falando "Deus lhe pague em dobro" toda vez ela fica mais rica no jogo?  — Minha mãe pergunta.

— Bem lembrado.

Chega a vez do meu pai e ele bloqueia minha mãe, sendo minha vez novamente.

— Filho da puta! Justo quando eu podia lascar ela.

— Foi mal, amor.

Mantendo minha expressão neutra joguei nove e já bati, meu pai e minha mãe batendo logo em seguida, e Gabriel estava boiando, quando percebeu que teria de comprar mais cartas ele me xingou mais uma vez.

Família muito unida, graças a Deus.

Continuamos a jogar, chegamos ao ponto que ninguém queria mais olhar na cara de ninguém.

— Anna Liz está roubando, sem condições de jogar com você.

— De onde você tirou isso, Gabriel?

— Para de se fazer, pilantra!

—  Pilantra é você, vagabundo!

— Então você não está roubando?

— Não! — forcei meu rosto a estampar a mais pura inocência e indignação.

— Não vem com essa pra cima de mim, não. Você deve ter umas vinte cartas enfiadas no cu, garota. Para de se fazer!

— Você não vai falar nada, mãe?  — Me virei pra ela e percebi ela arrancando o esmalte com o dente, assistindo a nossa discussão com interesse.

Olhei para o meu pai e ele fazia o mesmo, roendo as unhas.

— Não, podem voar no pescoço um do outro — Meu pai deu nela uma cotovelada, lembrando que ele estava no papel de mãe agora. — Digo, para de xingar sua irmã, Gabriel. Anna Liz, se não está escondendo nada, se levanta.

— Mas eu n-

— Agora — Ela ordena, cortando o que eu iria dizer.

Me levanto, e nenhuma carta surge.

— Satisfeitos?

— Não. Vou te revistar.

— Pra que tanta desconfiança?

— Por eu não confio em você.

— Mãe, pai, vocês vão deixar?

— Mas é claro que sim — Eles falam juntos.

Gabriel se levantou, logo em seguida levantou meus braços, começando a me revistar. Estava tranquilo até ele chegar no meu abdômen.

— Achei!

— É meu celular, idiota.

Ele continuou me revistando e não encontrou nada.

Acho que já posso esconder drogas.

Meu vizinho é meu inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora