Capítulo 68

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Me despeço da Majú com um forte abraço na porta da casa dela, Kadu está ao meu lado e logo a abraça também, já era por volta das 20 horas quando deixamos o complexo. O caminho até em casa estava tranquilo, até chegarmos próximo a entrada no condomínio, sinto uma água escorrer pelas minhas pernas e de primeira acho que era por que estava segurando o xixi, mas como ela não parava de sair tive certeza que minha bolsa havia se rompido.

— A bolsa? Digo olhando pra Kadu que desvia sua atenção da rua e olha pra mim.

— Sério que esqueceu a bolsa na Majú? Não vou voltar lá agora!

— Não... Seu filho vai nascer! Tento dizer o mais calma possível, para não deixar ele nervoso já que ele estava dirigindo.

Kadu freia bruscamente o carro e graças a Deus eu estava de cinto, seu olhar era de desespero e eu tento acalma-lo.

— Conversamos sobre essa hora várias vezes lembra?  Eu e Bernardo precisamos de você agora, então respira fundo e faça o que planejamos.

— Ele respira fundo e com as mão tremendo pega o celular e faz uma ligação. Droga, não foi isso que planejamos.

Ele só tinha que voltar pra casa, pegar a bolsa do bebê e a minha que já estão prontas, ligar pra minha obstetra e seguirmos para o hospital, tudo muito simples, mas homem complica tudo.

— Majú? Ele vai nascer! [Silêncio] — Sim, agora! [Silêncio] — No portão do condomínio... [Silêncio de novo] ele respira três vezes consecutivas e dá partida no carro.

Já  de frente para a casa ele sai correndo de dentro do carro e me deixa aqui, as contrações começam e porra, dói pra caralho!  Não demora muito e ele sai de dentro de casa todo atrapalhado com minha mala e a do bebê, entra novamente no carro e dá partida deixando as malas na calçada.

— Kadu? Chamo-o.

— Oi... Oi amor! Aguenta firme, vai dar tudo certo!

— Eu sei que vai, mas preciso que você pare o carro agora! Ele me olha rápido e mais uma vez freia o mesmo bruscamente.

— O que foi? Ele está muito, muito nervoso.

— Você esqueceu as malas na calçada de casa! Ele olha para o banco de trás do carro e diz:

— Puta merda! Da ré com o carro e para em frente as malas, coloca elas desta vez no banco de trás e agora sim seguimos para o hospital.

— Ligou para a dra? Pergunto.

— Passei o número dela para a Majú e ela vai ligar.

Quando chegamos no hospital Majú já estava lá com a Dra, não sei como ela chegou tão rápido, talvez Kadu tenha demora demais para chegar aqui já que ele veio devagar com medo de acontecer um acidente de tão nervoso que ele estava.

— Como você está? Ela me pergunta já me abraçando.

— Com dor, muita dor! Digo me contorcendo.

— É assim mesmo, logo conheceremos o pequeno Bêh.

— Obrigada por estar aqui comigo! Agradeço com os olhos cheios de lágrimas.

— Ei... Não chora, somos amigas e amigas está sempre ao lado da outra.

— Mais eu falhei tanto com você... Digo chorando e me sentando em uma cadeira de rodas.

— Não vamos lembrar mais disso, já disse que falhei como amiga também, estamos quites.

Dou mais um abraço nela e logo chega minha obstetra.

...

Não demorou para o meu pequeno nascer, preferi ter parto normal, doeu? Pra kct! Mas valeu a pena, ele é tão lindo e perfeito, Kadu mesmo nervoso conseguiu assistir o parto todo e chorou igual criança, agora temos a nossa família completa.

Majú foi me visitar no hospital todos os dias e Kadu fez chamada de vídeo para Lyon conhecer o sobrinho, ele também ficou todo orgulhoso  disse que Bêh e Leon vão ser o terror do complexo, rimos com a cara fechada de Kadu, que disse “ meus meninos não vão viver esse inferno não!” Lógico que Lyon não gostou, mas eu tratei de mudar de assunto antes de uma briga iniciar.

Recebi alta hoje e resolvi passar uns dias no complexo assim Majú pode me ajudar já que Kadu precisa voltar a trabalhar, tomada banho e deitadinha corujando minha cria.

Estou em meu quarto conversando com Kadu, Majú e Marina... Elas estão babando o Bêh enquanto Kadu acaricia minha cabeça e me bbeija

A campainha toca e Kadu vai atender, ele entra no quarto totalmente constrangido, logo atrás dele entra Hellen, ele encara Majú que para de conversar com Marina na hora.

Hellen vem me abraçar e logo começa a falar...

— Graças a Deus deu tudo certo, eu queria muito estar lá com você! Eu dou um meio sorriso sem graça e digo...

— O importante é que estamos todos bem.

— Verdade! Deixa eu vê meu afilhado! Ela diz indo em direção ao Bêh que está no colo da Majú.

Majú passa ele para o colo de Marina e se aproxima de mim, deixando Hellen bajular o pequeno.

— Amiga vou lá, mas tarde venho ficar com você. Ela se inclina para me dá um beijo e um abraço, cochicho em seu ouvido nesse momento.

— Me desculpa! Ela responde também cochichando.

— Está tudo bem, não se preocupe! Mais tarde estarei aqui.

Ela saí do quarto sendo acompanhada por Kadu que a leva até a porta.




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