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{ 1 anos e seis meses atrás...}

Pov Marília

- Lila... respira - Minha irmã pede beijando a minha cabeça - Você vai precisar fazer mais força.

- Não... não dá, eu não consigo.

- Pode apertar a minha mão - Ela fala beijando meu rosto - Não tem problema.

Tento fazer mais força, mas eu já perdi totalmente o controle do meu corpo. Uma dor insuportável, meu corpo totalmente suado, os fios de cabelo grudados no meu rosto e nada do Léo sair.

- Eu não vou aguentar - Começo a chorar pela dor insuportável que eu estou sentindo - Cadê o Murilo? O filho dele está nascendo.

- Não sabemos, Lila - Luísa tenta me acalmar - Eu estou aqui, foca em você, tenta fazer mais força, o Léo precisa sair.

- Não dá, Luísa - Nego com a cabeça enquanto as lágrimas descem dos meus olhos - Eu preciso dele aqui, por favor.

Minha irmã beija a minha cabeça e eu aperto as suas mãos com força, sentindo meu corpo totalmente fraco, minha respiração ofegante, é uma dor insuportável. As enfermeiras começam a me estimular, falando que está no final, mas não está, sei que não está.

- Vamos, Marília - A médica fala me olhando - Seu filho está aqui, falta pouco, você consegue.

- Tá saindo muito sangue - Outra enfermeira fala do lado dela - Não é normal.

- Luísa... - Procuro os olhos da minha irmã.

Luísa me olha preocupada e beija a minha cabeça novamente, tentando fazer eu não ouvir a conversa das mulheres. Continuo fazendo força, até que eu sinto um alívio que dura poucos minutos, até que eu apago e a última coisa que eu escuto é o choro do meu filho. É como se eu estivesse caindo em um grande abismo e ninguém consegue me parar ou me segurar e eu continuo caindo, como se não tivesse fim.

///

Acordo com o barulho da máquina de batimentos cardíacos e vou abrindo meus olhos aos poucos, voltando a vida. Quando acordo totalmente, vejo Murilo no celular, de costas para mim, conversando com alguém, sem ao menos perceber que eu acordei.

- Oi... - Falo tentando chamar a atenção dele.

Murilo quando me vê acordada, se aproxima de mim e segura meu rosto, selando nossos lábios e alisando a minha pele. Procuro com os olhos, Léo pelo quarto, mas nem o seu berço está nada, nem as bolsas da maternidade, nem nada.

- Cadê o Léo, amor? - Pergunto afastando ele com as mãos - As enfermeiras levaram ele?

- Lila... infelizment-

- Não, cadê o Léo?

- O Léo não sobreviveu, Lila - Murilo fala devagar - Ele... ele morreu assim que saiu de você.

- Não... eu... eu ouvi o chorinho dele.

- Ele não sobreviveu, Lila...

Ele me olha com dó e me abraça, fazendo eu chorar nós seus braços, segurando as suas roupas com força. Meu peito dói, uma dor insuportável, uma dor que é incomparável a nenhuma outra, como uma navalha, que faz um corte a seco pelo seu corpo inteiro. Sinto uma falta de ar e meus batimentos começam a ser contados mais rápidos, fazendo Murilo me olhar assustado.

- Lila... nós vamos passar por isso - Ele fala se segurando meu rosto - Ele está em um lugar melhor agora, por favor, se acalma.

- Eu quero o meu filho - Falo quase sem voz - Eu só quero ver o meu filho.

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora