11.

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Pov Marília

- Mas eu quero ir também - Léo pede abraçado com a minha perna - Não quero ficar com o tio Bruno.

- Léo... vem cá - Maraisa pede se abaixando na altura do pequeno e Léo vai para a sua mãe - Lembra quando a mamãe disse que as vezes adultos precisam resolver as coisas sozinhos?

- Lembro, mamãe...

- Eu e a Lila vamos ter que resolver algumas coisas - Ela sorri de lado - Eu vou voltar para dormir com você.

- Você não vai? - Léo pergunta me olhando.

- Vou, Léo...

Ele fica chateado com nós duas e vai para o seu quarto, Léo sempre faz isso quando está chateado com algo ou alguém. Maraisa abre a porta para irmos, mas antes de sair, esse tal de Bruno beija e abraça a mulher, me deixando irritada por isso, mas não falo nada. Saímos do apartamento e fomos direto para a minha carro, mas antes de sair, eu não consigo segurar a minha língua.

- Você e esse Bruno...

- Ele é gay.

- Ah...

Maraisa me olha e sorri de lado.

- Ciúmes, Mendonça? - Ela pergunta rindo - Sério?

- Não é ciúmes.

- Não? É o que então?

- Preocupação, apenas.

- Aham... se você admitir que é ciúmes, eu te dou um beijo.

- Não quero seu beijo.

Maraisa concorda rindo e não fala nada, só põe o seu cinto e espera que eu ligue o carro. Reviro meus olhos nervosa e abaixo a cabeça.

- É ciúmes... - Resmungo irritada.

- Eu sei... - Ela fala tirando o cinto e virando meu rosto - E eu ia te dar seu beijo de qualquer forma.

Ela junta nossos lábios e me dá um beijo longo, fazendo as minhas mãos irem para as suas pernas e apertar com força. Maraisa finaliza o beijo com vários selinhos.

- Vamos, Lila.

- Vamos...

Saímos rapidamente do prédio e a cada segundo, Maraisa parece ficar mais apreensiva, como se soubesse que algo ruim vai acontecer. Murilo disse que precisava conversar comigo urgente, não sei sobre o que é, mas não deve ser uma coisa boa, poderia evitar, mas de qualquer forma vou ter que enfrentar isso de uma hora ou outra. Quando chegamos, entramos na casa devagar e está tudo um completo silêncio, a única luz acessa é a da cozinha.

- Lila...

- Fica aqui na sala - Peço baixinho acendendo a luz do cômodo - Eu vou lá falar com ele.

- Tudo bem...

Vou para a cozinha e Murilo está me esperando, com uma garrafa de vinho em mãos, o que me dá medo, Murilo bêbado geralmente é agressivo. Me aproximo do homem e atenção dele vai para mim.

- O que você quer conversar? - Pergunto me aproximando dele - Sobre o quê?

- Eu quero pedir desculpas - Ele fala se aproximando de mim - Sobre ontem.

- Murilo... não começa.

Murilo segura meu rosto e sela nossos lábios, deixando as suas mãos na minha cintura. Ele sempre se finge de arrependido, me como uma rainha, mas não demora dias, para ele voltar a ser o que era, sempre é assim.

- Eu errei, como pessoa, como marido, me perdoa - Murilo fala devagar - Eu também queria que nosso filho estivesse aqui, eu não queria ter falado aqui.

- Não é a primeira vez.

- Mas é a última, eu prometo, não vamos brigar mais, por favor.

Tiro as suas mãos de mim e eu me afasto, procurando forças para enfrentar o homem de uma vez.

- Murilo... isso não está dando certo - Falo me afastando mais - Não estamos bem como um casal.

- Não faz assim, Lila...

- Eu... eu quero... eu preciso de um tempo, preciso seguir a minha vida - Começo a ficar com a voz embargada - O que me prendia a você era o nosso filho, mas... mas ele se foi.

- Não, você me ama - Murilo segura meu rosto dessesperado - Eu te amo, não faz assim.

- Eu não quero você por perto...

- Nós... nós podemos tentar ter outro filho, podemos, podemos tentar o que você quiser.

- Murilo... vai embora.

- Você está com alguém, Marília?

Mesmo querendo dizer que sim, tenho medo dele machucar a morena, ou até mesmo o pequeno Léo, não quero que isso aconteça. Murilo me olha nervoso e me segura pelos braços, batendo meu corpo no balcão, mas quando ele vai falar comigo, Maraisa aparece. Ele me olha nervoso e depois olha para Maraisa, juntando os pontos, entendendo quem é ela.

- Essa é a sua amante? - Ele pergunta me soltando - Sério?

- Ela não é a minha amante - Respondo nervosa - Ela é... só uma...

- Uma o quê, Marília?

- Uma amiga...

Percebo a reação da morena quando eu chamo ela de amiga. Me arrependo no exato momento que isso sai, quando vejo o quanto machuca a morena, eu vejo a dor através do seu olhar. Murilo me solta e concorda com a cabeça, saindo de perto de mim logo em seguida. Ele saí da casa e bate a porta, me assustando. Quando ele saí, eu caio no choro, passando as mãos pelo meu rosto. Ninguém espera que um casamento acabe desse jeito, ninguém espera que isso aconteça, mas diferente de ontem, Maraisa não se aproxima para me acalmar.

- Eu vou ir embora - Ela fala colocando seu casaco - Você... você está bem, eu já vou.

- Não... eu vou embora com você - Falo entre os soluços - Não me deixa sozinha.

- Acho que... acho que é melhor você ficar sozinha agora, Marília.

Me aproximo dela e tento tirar seu casaco, para impedir dela de sair, mas Maraisa me afasta com certa brutalidade.

- Não faz assim, Maraisa.

- Ele te trata com um lixo e você sequer... consegue pedir o divórcio - Ela dá de ombros, com os olhos cheios de lágrimas - Eu te acolho, coloco dentro da minha casa, deixo você com meu filho e sou apenas uma amiga.

- Eu não... não quis dizer isso.

- Tchau, Marília.

Maraisa saí da casa, seguido do Murilo, me deixando sozinha novamente. Sei que essa é a maneira de Maraisa de autodefesa, mas vê-la partir, dói mais do que ver meu próprio marido ir embora.

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora