Se ela soubesse (Malila)

46.

{ Duas semanas depois...}

Pov Maraisa

- Lila... por favor.

- Mara, eu preciso ir trabalhar - Ela fala fechando a sua calça jeans - E eu volto rápido.

- Mas Lila, as meninas saíram com o Léo - Falo segurando ela pelas roupas - E se você for eu vou ficar sozinha.

- Mas amor... é meu trabalho.

- Mas eu sou seu amor.

Ela me olha e respira fundo, pensando no que fazer. Nós mudamos na semana passada e eu achei que iria ser melhor para mim, mas não, só piorou bastante, já que a minha dependência na minha noiva e no Léo só piorou, porque eu não consigo ficar sozinha. Sempre quando eu fico sozinha, começo a pensar que vai acontecer a mesma coisa que antes, trazendo pensamentos e gatilhos péssimos, as vezes eu choro, vômito pela ansiedade, começo a sentir falta de ar e nas poucas tentativas da minha esposa de sair, faço ela voltar.

- Lila... por favor.

- Então vamos comigo - Ela fala me olhando - Você fica lá comigo, pode ficar no setor das crianças e depois a gente vai almoçar.

- Eu posso ficar no setor das crianças?

- Pode, amor - Minha noiva fala sentando do meu lado - É o setor da Larissa, vocês ficam juntas.

- Não é o da Gabriela, não é? - Pergunto tentando disfarçar o nojo na voz.

- Não, vida - Marília fala rindo - Não é.

Ela segura meu rosto e sela nossos lábios, depois beija meu rosto inteiro, fazendo eu sorrir com isso. O que me conforta, que mesmo que o mundo esteja desmoronando, que tudo esteja dando errado, ela está aqui comigo, nao vai desistir de comigo e eu não digo isso pelas suas palavras de afirmação, eu digo isso pelas suas atitudes, seus cuidados, seu amor, seu carinho. As pessoas pensam que eu sou a pessoa mais protetora do casal, mas não sabem o quanto a minha noiva cuida de mim todos os dias.

- E você vai pagar o almoço - Ela fala me olhando - E sem a história de pagar de outra forma.

- Você sempre gosta.

- É... mas você vai pagar meu almoço de qualquer jeito.

- Eu pago - Falo beijando as suas mãos - Não tem problema.

- Você vai pagar mesmo?

- Vou, amor... - Concordo com a cabeça e me levanto, ficando na sua altura - Vou pagar o almoço e você paga a janta.

- Mas na janta é mais caro...

Saio do quarto rindo, ouvindo a sua reclamação, enquanto eu vou no banheiro me trocar. São nesses pequenos e constantes momentos que eu vejo que escolhi a pessoa certa para passar o resto da minha vida, esses momentos de implicância e humor.

///

- Eu estou na minha sala qualquer coisa - Minha noiva fala selando nossos lábios - Larissa está logo ali, se você precisar de mim, pode ir me chamar.

- Não sou um bebê, amor - Nego com a cabeça - Eu sei aonde fica as coisas aqui.

Marília revira os olhos e deixa outro selinho na minha boca, antes de se afastar e ir até a sua sala. Vou até a minha amiga, que está envolvida com as crianças, conversando, mostrando os desenhos dos quadros. Se eu não fosse noiva da Marília e se eu não soubesse que esse é o seu hospital, eu iria dizer que é o dela de qualquer forma, não é um hospital comum, é um hospital propriamente para crianças, grávidas, recém nascidos, quase nunca se vê muitos adultos por aqui, já que as crianças voltam para cá, mesmo sem estar doentes, tudo isso pela minha loira maravilhosa, que eles amam e fazem de tudo para ficar perto. Na verdade, tem uma grande quantidade deles que não gostam de mim, pelo simples fato que sempre quando eu apareço, Marília vem ficar comigo.