Pov Marília
- Léo, por favor...
- Eu quero a minha mamãe - Ele pede chorando - Eu só quero a minha mamãe.
- A sua mamãe sou eu - Falo alisando seu rosto - A sua nova família e eu, você e o seu papai.
Léo tira a minha mão do seu rosto nervoso, com o rosto totalmente vermelho pelo choro, as mãos fechadas, a garganta arranhada pelos gritos e a roupa amassada, já que ele não deixa eu encostar nele.
- Léo...
- Não quero você mais como a minha mamãe - Ele grita em meio aos choros - Eu quero a minha mamãe e não é você.
- Eu sou a sua mãe, Léo.
- Eu não gosto de você.
Dói ouvir isso do seu próprio filho, é como uma faca no meu coração, principalmente porque Léo não quer ficar perto de mim. Sei que deve estar sendo difícil para ele, mas vamos ter que nos acostumar, infelizmente Maraisa fez o que fez e as suas ações estão prejudicando a todos. O pior foi ter que olhar nós seus olhos e dizer que eu não a amava, mesmo amando ela completamente, mas não era recíproco, uma pessoa que ama a outra, jamais faria o que ela fez e infelizmente vai ter que pagar por isso.
Me aproximo do pequeno e mesmo com as suas mãos tentando me afastar, eu examino ele, tirando o termômetro, vendo que ele está quase com 40 de febre, pelo simples fato de querer a sua mãe. O que mais me preocupa, que nessa idade, pode ter crises de convulsão com mais facilidade, mas Léo não quer tomar o remédio.
- Léo... você vai ter que comer alguma coisa - Explico para ele - Para você tomar o remédio.
- Eu só vou comer quando a minha mamãe buscar o Léo.
Ele me empurra e saí de perto de mim novamente, sentando no canto da parede, abraçando seu joelho. Me aproximo dele e sento na sua frente, recebendo seu olhar de raiva.
- Está tarde, vamos tentar dormir um pouco - Falo segurando seu braço - Você pode dormir comigo lá no quarto.
- Eu só durmo com a minha mamãe.
- A Marais-
- Minha mamãe - Ele me corrige - Você não é a minha mamãe e eu não tenho um papai.
- Ela não é a sua mamãe, Léo...
- Ele é a minha mamãe e ela não vai deixar o Léo aqui.
Respiro fundo para não perder a paciência e beijo a sua cabeça, deixando ele sozinho, nem que seja por agora. Vou para o meu quarto e solto o choro que estava preso. Por segundos eu finalmente pensei que seríamos felizes, que iríamos viver nosso felizes para sempre, que aquela era a nossa família, eu pensei, eu realmente pensei. E mesmo estando feliz, que meu filho é a criança que eu mais amei na vida, não dá para comemorar, quando ele está me odiando por separá-lo da pessoa que nós separou quando ele ainda era um recém-nascido. Mas tudo é um processo, eu vou viver o processo de esquecê-la, vou viver o processo de tirá-la da minha vida e o Léo também, até vivermos como uma família feliz, sem ela.
Murilo entra no quarto e coloca um casaco, insinuando que vai sair.
- Não, você vai ficar aqui - Falo segurando seu braço - Léo está com febre, não quer comer, eu preciso da sua ajuda.
- É só dar um remédio para ele - Ele fala arrumando seu cinto - Tenho compromisso agora.
- É quase madrugada, Murilo.
- Você consegue - Murilo fala selando nossos lábios e saí do quarto, me deixando sozinha.
É Marília, ele não vai mudar, nem após ter reencontrado o filho de vocês, ele nunca vai mudar. Não aguento mais as decepções de pessoas ao meu redor, estou tão machucada, me doem a nuca, a boca, os tornozelos, fui chicoteada no coração. Começo a chorar tanto, que meu corpo anestesia, fazendo eu apagar completamente.
///
Acordo com a campainha tocando, olho pela janela e ainda é madrugada. Desço as escadas e quando abro, nem ao menos percebo, só vejo Luísa entrando na minha casa totalmente nervosa.
- Luísa, o que você está fazendo aqui? - Pergunto segurando seu braço.
- Eu vim buscar o Léo - Ela arranca a minha mão - E levar ele para a tia dele.
- O quê? Não, Léo não vai sair daqui.
- Ele vai, Marília - Ela grita comigo - Ele vai ficar com a família dele, com a tia dele e futuramente com a mãe dele.
- Não, ele não vai - Grito de volta - Ele é meu filho.
- Mas você não parece amar seu próprio filho, Marília - Luísa da de ombros - Quem ama, só quer ver o bem e você acha mesmo que o Léo, vai ficar bem longe da única pessoa que ele teve a vida inteira?
- Ela que tirou ele de mim.
- Para de ser burra, caralho - Ela grita e me empurra - Para, aquela mulher nunca faria isso, ela está presa, por uma farsa que seu marido montou.
- Ele não faria isso...
- Não? O mesmo Murilo que te bateu anos atrás? Ele não faria isso?
- Combinamos de nunca mais falar sobre isso...
Luísa revira os olhos e bate nervosa no vaso, fazendo ele quebrar no chão.
- Eu não vou ficar do seu lado - Ela dá de ombros - Maraisa vai ser solta por agora, eu paguei o advogado para ela.
- Por que?
- Por que? Sério? Aquela mulher se mata para sustentar o filho dela - Luísa fala com a voz embargada - Ela é mãe solteira, trabalha para pagar o apartamento, para pagar as coisas do filho, para dar uma vida digna para ele, você acha mesmo que ela tem dinheiro para uma advogado bom?
Nego com a cabeça e me aproximo de Luísa, abraçando a minha irmã com força e mesmo estando brava, Luísa me abraça de volta. Está doendo, não sei em quem acreditar, mas todas as evidências apontam para a mulher, não sei como reagir. Quando estamos nesse abraço, escutamos um barulho alto do andar de cima e eu saio correndo para ver o que é. Quando entro no quarto do pequeno, Léo está parado no chão, com as mãozinhas segurando o tapete e devido a minha experiência como pediatra, eu rapidamente entendo que ele está tendo uma crises convulsivas febris, devido a febre alta que o pequeno estava tendo.
- O que tá acontecendo, Lila? - Luísa pergunta assustada - Marília, faz alguma coisa.
- Meu Deus...
Viro Léo nós meus braços e tiro a sua camiseta rapidamente, massageando seu peito, com as minhas lágrimas caindo no seu corpo e depois eu puxo a sua língua para fora, liberando a sua respiração. Quando o pequeno vai voltando ao normal, eu abraço seu corpo, chorando de alívio por ele estar bem. Léo abre os olhinhos e me olha assustado, até procurar por Maraisa pelo quarto e ver que ela não está.
- Eu quero a minha mamãe - Ele fala com a voz fraca - Por favor...
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Se ela soubesse (Malila)
Fiksi PenggemarApós sofrer a maior perda da sua vida, Marília Dias Mendonça passa a ver a sua vida profissional como o seu maior bem, o hospital virou a sua casa e o seu maior propósito virou ajudar crianças e famílias desacreditadas na cura, ela se tornou um anjo...