Pov Marília
- Mara, você não quer comer nada? - Pergunto para a minha noiva - Você está pálida, não almoçou e não quer jantar.
- Não - Ela fala sem me olhar.
- Amor... vamos tomar um banho.
- Eu já disse que não quero sair daqui.
- Vai ser bom, vida...
- Por que você não me deixa em paz? - Ela pergunta irritada.
Sempre quando algo acontece que machuca ela, Maraisa fica na defensiva e me machuca com a forma de falar, a forma de agir, tentando ao máximo me afastar. Sei que ela deve estar sofrendo, eu estou sofrendo por ela e me dói em inúmeros lugares ver ela assim, mas eu não vou aguentar ser seu saco de pancada novamente, até porque isso me machuca mais do que eu posso explicar. Eu não sabia que ela estava tentando e eu chorei do mesmo jeito quando vi o resultado negativo, era nosso filho, não é uma coisa fácil para nenhuma das duas, mas eu estou tentando ser forte. Ela chorou o dia inteiro, não comeu absolutamente nada, não responde aos comandos normais, tive até que pedir para Luísa levar as crianças porque eu preciso focar minha atenção somente nela, antes que aconteça alguma besteira.
- Você quer que eu te deixe em paz? - Pergunto com a voz embargada - Quer que eu vá embora e fique com as crianças?
Ela me olha e fica sem reação, como se não esperasse que eu fosse dizer isso, mas eu não vou ficar apanhando em voz baixa.
- Lila...
- Eu estou aqui, por você e você me trata mal - Falo chateada - Eu sei que está doendo e eu quero te ajudar, mas para de me tratar assim.
- Você quer ir embora? - Ela pergunta com a voz embargada.
- Não... eu estou perguntando a sua vontade.
Ela me olha e eu só vejo um bebê, quando seus olhos enchem de lágrimas e ela nega com a cabeça. Maraisa engatinha até meu colo e abraça meu corpo, fazendo eu respirar fundo com isso. Passo minhas mãos pela sua barriga e eu sinto uma bolinha dura, fazendo eu abaixar a minha cabeça para olhar melhor, mas Maraisa não gosta nenhum pouco.
- Lila... não... não começa - Ela fala afastando as minhas mãos.
- Deixa eu ver, amor... - Peço novamente - Eu só quero ver.
- Isso só me machuca, Lila...
Existe um falso negativo, que é quando a gestante está com a gravidez muito recente e os seus hormônios ainda estão baixos para ser detectado uma gravidez no teste de farmácia, só vamos se saber se fizermos um exame de sangue, mas é difícil, porque ela não deixa eu encostar na sua barriga, para ver a bolinha que está crescendo. Além de que seus seios estão maiores, sua pele está mais linda, tudo está apontando que ela está sim grávida.
- Não quero mais falar disso - Ela fala me abraçando - Por favor.
- Tudo bem, amor...
Maraisa acaricia meu pescoço e beija a minha bochecha, fazendo eu procurar seus olhos e encostar a minha testa na sua.
- Me desculpa, Lila - Ela sussura acariciando a minha pele - Eu só queria que tivesse dado certo.
- Mara... você não quer fazer o exame de sangue?
- Não.
Respiro fundo e procuro paciência para não pegar ela no colo e ir até o médico mesmo contra a sua vontade.
- Amor... vamos... só para tirar essa duvida - Peço segurando seu rosto - Por favor.
- Eu não quero criar mais expectativas, Lila.
- Vamos fazer o exame de sangue, vamos ter uma resposta mais precisa.
- E se der negativo?
- Se der negativo... nós vamos voltar para casa, eu vou cuidar de você, como eu sempre fiz.
Minha noiva segura as minhas mãos e concorda com a cabeça, com medo de olhar nós meus olhos. Eu só beijo a sua testa e abraço seu corpo com força.
///
- Lila... vai devagar - A minha noiva pede ao me ver com a agulha na mão - Por favor...
Beijo a sua cabeça e vejo seus olhos enchendo de lágrimas, ao ela ver a agulha entrando na sua pele. Tiro a quantidade de sangue o suficiente para o exame e mando para a sala de coleta, para pegar o resultado em alguns minutos. Quando volto, Maraisa está encolhida na cadeira da minha sala, cheirando meu moletom, com as lágrimas descendo pelo seu rosto.
- Mara...
- Eu tô com fome - Ela fala com a voz embargada - E você fica tirando o resto de sangue que eu tenho.
- Você tem bastante sangue, amor...
- É... se eu fosse um cachorro você ainda ia querer ficar comigo? - Ela pergunta limpando as suas lágrimas - Ou o seu amor só é válido quando eu sou assim.
Com absoluta certeza ela está grávida.
Respiro fundo e vejo que agora vão ser nove meses nesse dengo todo e eu vou ter que aguentar. Me aproximo mais dela e passo minhas mãos pelo seu rosto, deixando vários selinhos nós seus lábios.
- Amor, você não é um cachorro - Nego com a cabeça - E se fosse, não estaríamos juntas.
- Isso é um "não"?
- Isso é um "para de criar realidades paralelas"
- Tá... desculpa.
Ela levanta da cadeira e beija meu ombro, passando os braços pela minha cintura e me abraçando com força. Beijo a sua cabeça e sinto seu cheiro, me acalmando desse turbilhão de pensamentos. Sei o resultado, ela não está ansiosa, manhosa, chorona, por qualquer motivo, sei disso e meu peito enche de alegria ao saber que temos um pequeno sendo preparado, mas uma coisa me diz que ele vai ser a minha cara, igual ao Léo, do tanto que a minha mulher muda de humor comigo.
- Eu te amo, meu amor - Falo segurando seu rosto - Você é a minha vida.
- Mas você não ia me amar se eu fosse um cachorro - Ela fala chorando.
- Eu ia te amar, bebe manhosa.
Beijo a sua bochecha, depois seus lábios, arrancando um sorriso da minha mulher.
- O resultado saiu - Larissa fala entrando na minha sala - Só coletamos as amostras, foi rápido.
- E o resultado? - Minha noiva pergunta abraçada com meu corpo.
- São gêmeos - Ela fala animada.
Maraisa fica mais branca ainda e eu vejo que está passando um filme inteiro na sua cabeça, do momento que ela decidiu engravidar até agora.
- É brincadeira dela, amor - Falo rindo - Não tem como saber se é gêmeos por um exame de sangue.
- Mas você está grávida, Mara - Larissa começa a rir mais ainda - Eu disse que daria certo.
Maraisa me olha e sorri de lado, fazendo eu segurar seu rosto e juntar nossos lábios, deixando vários selinhos.
- Vamos ter um bebê, amor - Sussuro para ela.
- Nosso Noah, Lila...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Se ela soubesse (Malila)
FanfictionApós sofrer a maior perda da sua vida, Marília Dias Mendonça passa a ver a sua vida profissional como o seu maior bem, o hospital virou a sua casa e o seu maior propósito virou ajudar crianças e famílias desacreditadas na cura, ela se tornou um anjo...