29.

2.4K 283 86
                                    

Pov Marília

- Que gritaria é essa? - Pergunto para Larissa - O que está acontecendo?

- Guilherme está dando trabalho para as enfermeiras - Ela explica me olhando - Não deixa aplicarem o soro nele.

Respiro fundo e me aproximo do menino, que tem apenas sete anos, mas consegue ser forte igual a um homem adulto. Guilherme tem fobia de agulhas, então sempre que ele precisa tomar soro, é um escândalo e como eu atendo ele desde bebê, consigo com mais facilidade. Peço com as mãos, para que as enfermeiras se afastem para mim resolver isso, sem assustar o pequeno, que quando me vê, me abraça com força.

- Oi, você não foi me ver - Falo abraçando ele de volta.

- Eles querem me furar, tia Lila...

- Ninguém vai te furar - Arrumo seus cabelos - Nós queremos te ajudar, nenhuma delas vai encostar em você, mas você confia em mim?

- Confio...

Dou a mão para ele e coloco o menino na cadeira, arrumando o equipamento para colocar o soro. Ele me olha atento e uma coisa que eu aprendi na faculdade é esconder a injeção, então ele só vai sentir a picada, além de tentar distraí-lo ao máximo.

- Lembra que eu te disse que meu filho iria gostar de você? - Tento focar a sua atenção em mim - Ele está vindo para cá.

- Ele é legal?

- Ele é... um menino muito bonito e educado, assim como você.

- Depois que eu terminar de tomar, posso ir brincar com ele?

- Claro que pode.

E sempre funciona. Ele nem percebeu a agulha no seu braço, coloco um curativo de bichinhos por cima e ligo a TV, colocando um desenho para ele. Crianças não precisam ter medo de hospitais, eles tem que ver como um lugar que vai ajudar a melhorá-los, não que vai machucar e apenas isso, é nesse intuito que eu tento meu melhor todos os dias para essas crianças. Quando olho para o lado, as enfermeiras estão me olhando, como se perguntasse como eu fiz isso sem ele chorar. Deixo um beijo na cabeça do menino e saio do quarto aonde ele está, voltando aos meus afazeres, até que eu vejo Gustavo me olhando. Éramos amigos, não somos mais, principalmente porque ele convidou e saiu com a minha mulher, mesmo sabendo que eu ainda tinha sentimentos por ela.

- Vai me ignorar para sempre, Marília? - Ele pergunta me olhando.

- Vou - Dou de ombros e entro na minha sala.

Gustavo vem atrás de mim bravo, como se não tivesse feito nada, o que me deixa mais irritada ainda.

- Você estava com o Murilo - Ele tenta se explicar - Eu achei que não teria problema.

- Achou errado.

- Não tivemos nada, tá bom? - Ele fala se aproximando - Nem nos beijamos, não tivemos nada.

- Não importa, que tipo de amigo é esse? Que tipo de amigo chama a ex da sua amiga para um encontro?

- Ela que me convidou, Marília.

- O quê?

- Eu nunca iria convidá-la para sair - Ele fala como se fosse óbvio e senta na minha frente - Quando ela me chamou, não vou mentir, eu fiquei surpreso, mas como vocês duas não estavam juntas, eu não achei que teria problema.

- Quando ela te chamou?

- No dia anterior daquele.

No dia que ela levou o Léo em casa. O que mais me surpreende, é ela ter me visto naquele estado, quase entrando em uma overdose e minutos depois ao sair dali, chamar um dos meus melhores amigos para um encontro romântico, sem se importar com meu real estado. Grande consideração.

- Você tem sentimentos por ela? - Pergunto cruzando os braços.

Ele não responde, só coça a nuca nervoso, sem saber como dizer.

- Ela precisa escolher com quem ela quer ficar - Ele fala com cuidado - Se é comigo, ou é com você.

- Ela me escolheu seu imbecil.

- Sério? Porque eu não vi que vocês estão namorando, ou noivado, pelo o que eu vi, só são amantes.

- Saí da minha sala - Falo nervosa - Não quero você aqui.

Gustavo concorda com a cabeça e abre a porta para sair, mas Léo entra correndo para me ver. E Maraisa e Gustavo se encontram na porta, trocam olhares por segundos e depois a morena entra na minha sala, fechando a porta em seguida.

- Mamãe, a gente que fez seu almoço - Léo fala me entregando o potinho - É para você.

Pego o potinho das suas mãos e beijo a sua cabeça, recebendo seu sorriso de orelha a orelha.

- Oi, amor... - Maraisa fala se aproximando de mim.

- Léo... vai lá brincar - Peço para o pequeno - A mamãe precisa resolver umas coisas de adulto.

- Tudo bem, mamãe...

Quando ele saí da sala, Maraisa se aproxima mais e segura meu rosto, sem entender porque eu estou nervosa.

- O que foi, Lila?

- Você que chamou o Gustavo para sair?

- Lila... não vamos falar disso.

- Foi, não foi?

Ela me olha por longos minutos, até concordar com a cabeça, fazendo eu tirar suas mãos do meu rosto e me afastar dela brava. Sei que é o ciúmes e eu estou tentando controlar, mas é um pouco difícil. Mas ele está certo, não somos namoradas, não somos noivas, o que somos?

- Lila... não fica com ciúmes.

- Não estou ciúmes - Falo nervosa - Se quiser ficar com ele, pode ficar, não me importo.

Maraisa respira fundo e se aproxima de mim, passando os braços pela minha cintura, selando nossos lábios e me apoiando na mesa. Odeio me sentir assim, como se a qualquer momento ela fosse atrás dele.

- Eu não quero ele - Ela fala procurando meus olhos - Eu só quero você. Eu queria tentar te esquecer, queria tirar você da minha cabeça, mas olha o que aconteceu,  não deu minutos e eu já estava nós seus braços.

- Ele tem sentimentos por você...

- E não é recíproco - Maraisa sobe as suas mãos para o meu rosto - Até porque eu me apaixonei por uma loira teimosa.

- Não sou teimosa.

Ela sorri com a língua entre os dentes e deixa um selinho na minha boca, apertando nossos corpos. Passo minhas mãos pela sua cintura e puxo ela para perto, mordendo seus lábios, arrancando suspiros da sua boca.

- Não estamos namorando.

- Não... não vamos namorar - Ela nega com a cabeça - Você é a minha mulher, daqui vamos direto para o casamento.

- Não vai ter nenhum pedido bonitinho? - Pergunto baixinho.

- Vai... você sabe que vai.

Apoio minha cabeça no seu ombro e sinto seus beijos no meu pescoço, odeio me sentir insegura assim.

- Eu te amo muito, Lila, nunca duvide disso.

- Eu também te amo.

- Então mostra...

Ela segura meu rosto e junta nossos lábios, arranhando meu pescoço e aproximando meu corpo do dela. Maraisa suspira baixinho quando eu mordo sua boca e chupo a sua língua e me ajoelho na sua frente, abaixando a sua saia, sem quebrar esse contato visual por nenhum minuto.

- Eu vou te mostrar...

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora