19.

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Pov Marília

" - Não, Mara... me descul-

- Saí da minha casa - Ela pede apontando para a porta - Eu quero ficar sozinha.

- Não...

Me aproximo dela e seguro seu rosto, selando nossos lábios, mas Maraisa me empurra para longe.

- Saí, Marília.

- Me desculpa...

- Deveria ter aceito essa promoção e ter falado tudo que eu sei sobre a sua família - Ela cospe as palavras - Já que o Murilo está tão certo assim, não tem motivos para você continuar aqui.

- Me desculpa, foi por impulso.

- Saí, Marília - Ela grita comigo - Não quero você perto de mim agora..

- E o Léo?

- A mãe dele sou eu, ele fica.

Um soluço saí da minha boca e Maraisa abre a porta para mim sair, totalmente nervosa. Só pego meu celular em cima da sua cama e saio do apartamento, com o choro preso na garganta."

Fui impulsiva, me machuquei, falei o que não deveria e machuquei quem estava por mim. Murilo estava tão em cima de mim, nessas últimas semanas, que as malditas paranoias e inseguranças me invadiram e eu por um impulso, falei algo que não queria e o pior é saber que eu machuquei meu amor. Maraisa pode parecer uma pessoa dura, rígida, mas ela não é, a morena é um amor, um doce, cuidadosa, carinhosa, me amava e eu joguei tudo a sete ventos.

Depois de passa a noite em claro, decido sair da cama um pouco e fazer a única coisa que me acalma nesses últimos meses: cheirar as roupas do meu pequeno, mesmo ele não estando aqui, eu nunca joguei as roupas do meu filho fora, nunca tive essa coragem, tudo está do jeito que deveria estar para recebê-lo. Subo para o seu quartinho e abro seu guarda roupa, sentindo o cheiro tão gostoso do perfume que nunca saiu da roupa.

- Léo... a mamãe queria tanto você agora - Falo com as lágrimas descendo pelos meus olhos - Você iria aliviar tanto essa dor.

Abraço a sua roupinha com força e sinto dois braços passando por mim, dois braços masculinos, que eu rapidamente reconheço como do Murilo.

- Eu estou aqui, Lila...

- Tira a porra das mãos de mim - Afasto ele nervosa - Qual seu problema?

- Lil-

- Você queria me afastar da Maraisa? - Pergunto nervosa - Queria nós ver separadas? Parabéns, você conseguiu, agora me deixa em paz.

- Ela não é quem você pensa.

- Ela não é quem você pensa - Aponto o dedo no seu peito - Ela é a minha mulher, você querendo isso, ou não.

- Ela sequestrou o Léo na maternidade, Lila - Murilo segura meu rosto - Aquele Léo, é o nosso Léo.

- Você está... está mentindo.

- Não estou e eu posso te provar - Ele fala rapidamente - Ou você acha que vocês serem parecidos, na aparência, jeitos, modos, são igual por pura coincidência?

Léo tem muitos aspectos parecidos com os meus, na verdade ele me lembra na infância, mas achei que não passava de coincidências. Minha respiração para por segundos e eu sinto minha cabeça girando, fazendo Murilo me segurar nós seus braços. Até eu começar a ligar os pontos, Léo é adotado, Maraisa nunca disse sobre os seus pais, nunca disse de qual orfanato adotou, nunca me contou a história completa, além de que na época ela não tinha condições nenhuma para criar uma criança.

- Ela só quer seu dinheiro - Murilo fala beijando meu rosto - Além de ser um monstro, por ter feito isso com o nosso filho, ela ainda te usou.

- Você disse que viu o Léo morto...

- Não, Lila, eu disse que não ouvi ele chorando quando as enfermeiras levaram.

Não consigo acreditar, não quero acreditar que tudo que nós vivemos, foi apenas uma encenação para a morena, principalmente porque foi tão intenso e bom para mim. Murilo se aproxima de mim e beija a minha cabeça, segurando as minhas mãos para elas pararem de tremer. Mesmo querendo ficar longe do homem, não existe mais forças para afastá-lo, ou ficar sozinha, não existe mais essa força, tudo se foi e eu voltei a estaca zero.

- Lila... lembra o cobertor de Léo, que você bordou para o Léo sair da maternidade?

- Lembro... tinha o nome dele.

- Essa é a prova - Ele explica tirando os fios de cabelo do meu rosto - Se você não acredita, podemos ir lá ver com nossos próprios olhos.

Saio nervosa da casa, pegando meu carro e indo o mais rápido possível para o apartamento da Maraisa, já que se isso realmente for verdade, essa coberta vai estar lá. Pego a cópia da chave em mãos e subo para o apartamento, abrindo a porta de qualquer jeito e deixando aberta, indo correndo para o quarto do Léo.

Procuro pela sua cama e nada.

Procuro pelo seu armário e nada.

Procuro pelo quarto e nada.

Até lembrar que quando estão só os dois, Léo dorme com Maraisa, já que a morena não gosta de dormir sozinha. Quando levanto a coberta, meu coração para por segundos. Pego a sua naninha em mãos e vejo a mesma, que eu costurei assim que eu descobri que seria mãe de um menino, assim que descobri que seria mãe do meu Leão.

Começo a ver meu celular tocando e vejo que é a mulher que acabou com a minha vida, ao tirar meu filho de mim. Um choro de dor e alívio sai dos meus olhos, de alívio por saber que Léo está vivo, que é meu filho, mesmo já sentindo que era e de dor, por saber que o grande amor da minha vida, se tornou a única pessoa que eu quero longe de mim e do meu filho.

- O que você está fazendo aqui? - Escuto a voz nervosa de Maraisa.

Saio do quarto devagar, com meus olhos cobertos de lágrimas, olhando com raiva, nojo, desgosto, tudo ruim para essa mulher. O pior, ela sabia o quanto eu sofri para superar a morte do meu pequeno, quando ele estava no quarto ao lado do meu, ela sabe como foi difícil porque eu contei, mas mesmo sabendo de todas essas dificuldades, ela não se importou, seu coração é frio o suficiente para isso.

- Lila... - Ela fala baixinho.

- Cadê o Léo, Maraisa?

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora