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Pov Maraisa

- São quantas, mamãe? - Léo pergunta deitado no meu peito e aponta para a janela - Quantas estrelas?

- Eu não sei, amor...

- Você sabe de tudo - Ele fala me olhando - Mamães sempre sabem de tudo.

- A mamãe não sabe de tudo - Falo arrumando seu cabelo.

Ele me olha como se estivesse decepcionado com a minha resposta, mas não fala nada, só se aconchega mais nos meus braços e volta a sua atenção para a televisão. Marília não chegou ainda, provavelmente deve estar em um plantão, por isso não me preocupo tanto.

- Mamãe... a mamãe Lila não vai mais embora, não é? - Ele pergunta me olhando.

- Não, Léo... por que ela iria embora?

- Se ela quiser os bebês do hospital.

Léo é ciumento igual a Marília, poderia dizer que os dois tem muitas coisas em comum, além de serem totalmente apegados nas pessoas que amam. Eu beijo a sua cabeça e me viro, para olhar ele melhor. Léo sempre perguntou se ele cresceu na minha barriga e eu sempre tentei ao máximo evitar esse assunto, até porque mesmo ele ainda sendo bebê, eu não sei como abordar, mas com Marília aqui é muito mais fácil.

- Ela não vai te trocar, Léo - Falo beijando seu rostinho - Você é o filho dela.

- Eu vim da barriga dela?

- Veio, amor - Sorrio de lado - Ela te carregou por nove meses, você é o neném dela.

- E o seu?

- Você é meu neném também.

- Você vai ter um neném que cresce na sua barriga, mamãe?

- A mamãe não pode ter bebês, Léo.

Ele não entende e eu não espero isso, é só uma criança. Desde adolescente tive problemas no ovário e isso só pirou ao longo da minha vida e eu tinha muita insegurança com isso, mas depois que eu achei o Léo, minha vida mudou totalmente, porque eu só quero ele, não preciso de mais, sou feliz com a minha vida.

- Você fica triste com isso, mamãe? - Ele pergunta preocupado.

- Não, amor...

Léo concorda com a cabeça e volta a deitar melhor em cima de mim, abraçando meu corpo com força e pegando no sono minutos depois. Passo minhas mãos pelo seu rostinho, decorando seu toque, vendo seus detalhes, relembrando a cada segundo do quão parecido ele é com a minha noiva, é maravilhoso como uma pessoa consegue gerar uma mini versão de si mesma, a magia do corpo feminina é perfeita. A gravidez para mim, sempre foi uma coisa lúdica, inalcançável, uma coisa que eu nunca vou ter, por isso, quando Léo entrou na minha vida, eu entendi como o destino me mostrando que eu não preciso engravidar para ser mãe, mas na realidade, vejo que só serviu para mim usar como uma grande proteção contra meus medos e inseguranças que me seguem até hoje, mas poucas pessoas sabem disso, nem a minha noiva, sabe que eu não posso dar filhos para ela.

Saio da cama para esperar pela minha noiva na sala e aproveito isso para tentar evaporar o estresse, com esses malditos pensamentos presos na minha cabeça, como se fossem estivessem dentro de mim o tempo inteiro e agora decidissem se revelar novamente.

Escuto a porta sendo aberta e vejo Marília entrando, consigo ver seu rosto e ela parece cansada. Quando ela me vê no solta, ela só desabotoa a sua camiseta social e deita em cima de mim, resmungando baixinho por algo.

- Oi, amor...

- Oi...

- Aconteceu alguma coisa? - Pergunto beijando a sua cabeça - Parece estressada.

- Só estou cansada.

Beijo a sua cabeça e começo uma carícia ali, fazendo Marília fechar os olhos com isso e abraçar mais o meu corpo. Gosto do seu trabalho, só não gosto que ela fica longe de mim o dia inteiro, gosto de ficar grudada com a minha noiva o dia inteiro.

- Lila, se... se por acaso... - Tento procurar coragem para falar - Eu e você... decidirmos ter mais um filh-

- Meus pais querem conhecer você e o Léo - Ela me interrompe.

- O quê?

- Eu sei que você odeia eles - Marília sorri fraco - Eu contei para eles, tudo que aconteceu, mas eles insistem na ideia de um jantar para conhecer o Léo e você também.

Os pais dela são responsáveis pela minha família perder as nossas fazendas e deixar famílias de áreas rurais em áreas urbanas, sem nenhum ajuda ou acolhimento. Eu tinha esquecido um pouco dessa raiva pela minha noiva, mas coisas más resolvidas sempre voltam.

- Lila...

- Não precisa se você não quiser.

Honestamente? Eu não sinto a menor vontade de conhecer as pessoas que quase acabaram com a minha vida, mas isso é importante para a minha noiva e em relacionamentos existem sacrificos necessários.

- Você quer? - Pergunto procurando seus olhos.

- Eu queria por ser meus pais - Ela fala sentando no meu colo - Mas se você não quiser, eu respeito a sua vontade é só porque... eles estão me estressando com isso.

- Então tudo bem - Falo selando nossos lábios - Eu vou, está tudo bem.

- Tem certeza?

- Tenho, amor...

Marília sela nossos lábios e beija as minhas mãos, fazendo meus olhos passarem pelo seu troco que está amostra para mim.

- O que você ia falar, Mara?

Ela parece nervosa com esse jantar da sua família, não quero encher a sua cabeça com problemas que talvez nem interfiram em nada no nosso futuro, não quero estressar ela mais ainda.

- Não é nada, amor...

Marília deita em cima do m eu corpo e sela nossos lábios, passando a mão por dentro da camisola, fazendo eu subir as suas mãos para os meus seios.

- Mamãe Lila? - Léo chama Marília no andar de cima - Mamãe você chegou?

- Temos um filho, Mendonça - Falo na sua boca - Caso você tenha esquecido.

- Você bem que queria - Ela fala saindo de cima de mim.

Subimos para o andar de cima e Léo está nos esperando, na ponta da escada, com os olhinhos cheios de lágrimas por acordar sozinho. O seu gesso já está todo pintado, porque ele é Marília, são duas crianças e ficam desenhando nele o dia inteiro e em qualquer oportunidade.

- A mamãe vai brincar comigo? - Ele pergunta para Marília.

- Amanhã a mamãe vai ter o dia inteiro para você - Marília fala pegando ele no colo - E nós vamos conhecer os seus avós.

- Mas eu já conheço o vovô e a vovó.

- Mas você tem mais dois, amor - Ela tenta explicar - Tem mais dois avós que querem conhecer você, que são os meus pais.

- Mas eu só vou se a mamãe Mara for.

- Ela vai...

Ele parece ficar menos apreensivo e concorda com a cabeça, deitando no ombro da sua mãe e me olhando, como se tentasse decifrar se eu estou feliz com isso ou não. Eu e Léo voltamos para a cama e Marília vai tomar banho e eu já sei que meu pequeno vai me encher de perguntas.

- A mamãe gosta deles? - Ele pergunta sentando no meu colo.

- Eu vou conhecer eles, Léo...

- Mas... mas eu não quero ter mais vovós e vovôs.

- É importante para a sua mamãe, tá bom? - Falo alisando seu rosto - É só por um dia.

- Tá... mas a mamãe gosta deles?

- Isso de ser fofoqueiro você puxou da sua tia - Coloco ele na cama - Vamos dormir.

Ele volta a se encaixar no meu corpo e Marília saí do banho, deitando com nós dois. Quando estou quase pegando no sono, Léo se vira para Marília.

- Mamãe... a mamãe Mara não gosta dos seus pais.

- Léo vai dormir - Brigo com ele.

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora