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Pov Marília

- Podemos ir jantar naquele restaurante que você gosta hoje - Murilo fala beijando meu rosto - Sair um pouco, nós dois.

- Por mim tudo bem - Falo selando nossos lábios.

Murilo sorri para mim e sela nossos lábios novamente, quando vou intensificar o beijo, meu celular começa a tocar e eu rapidamente atendo.

- Oi, Lu.

- Bom... não me mata - Luísa fala devagar - Mas eu meio que... que dormi na casa da Maiara e esqueci do meu plantão.

- Você está brincando, Luísa.

- Não... você pode ir no meu lugar?

- Luísa...

- Por favor...

- Tá.

Desligo a chamada pela sua grande falta de responsabilidade e levanto da mesa, assustando meu marido que não entende minha pressa.

- Para aonde você vai, Lila? - Ele pergunta segurando meu braço.

- Vou ter que substituir a Luísa - Aviso me levantando - Ela esqueceu do plantão.

- Sua irmã precisa parar de ser irresponsável - Murilo fala se levantando - Não é a primeira vez.

- Não fala assim dela, ela só... perdeu o horário.

Murilo revira os olhos e concorda concorda com a cabeça. Os dois não se dão bem, nenhum um pouco, por isso não me importo com a opinião deles sobre o outro. Eu pego a minha bolsa e saio da casa, indo em direção ao meu carro rapidamente. Não é a primeira vez que Luísa dorme na casa de alguma mulher e esquece do trabalho, mas não julgo ela, deve ser bom se envolver tanto com uma pessoa a ponto de esquecer o mundo real. Luísa é intensa, sente muito, ama muito, por isso tenho medo dessa nova mulher magoar ela, mas Maiara não parece ser uma pessoa ruim, diferente da sua irmã que é totalmente arrogante e chata, mas ela é bonita, isso eu não posso negar.

Quando chego, rapidamente visto meu jaleco e bato o cartão, recebendo os pacientes que estão na lista para ser atendidos hoje.

- Pode entrar - Falo alto chamando o primeiro paciente.

Estou tão focada nos exames da criança, que quando olho quem está na minha sala, me desânimo totalmente.

- Só pode ser brincadeira - Maraisa fala com o seu filho no colo, me olhando - Posso remarcar a consulta dele?

Reviro meus olhos e aponto para a cadeira, mostrando aonde é para ela sentar, o que a morena faz, sem reclamar. Leio os exames do pequeno e quando vejo seu nome, não consigo deixar de sorrir de lado, "Léo", o nome do meu pequeno anjinho.

- Pode tirar a camiseta dele - Falo me levantando - Vou examinar seu filho.

Quando ela tira a coberta do pequeno, eu sinto um sentimento diferente ao ver seu rostinho ainda dormindo, não é como se eu sentisse isso ao atender várias crianças por dia. Quando Maraisa tira a coberta do pequeno, Léo acorda e resmunga irritado, não consigo deixar sorrir, eu faço muito isso. Me aproximo do pequeno e ele se encolhe nós braços da sua mãe, com medo de ir para o meu colo.

- Oi, Léo... - Me aproximo dele - Eu só vou te examinar e já te devolvo para a sua mamãe.

Ele fica me olhando por longos segundos, analisando todo o meu rosto, até olhar para Maraisa e depois para mim novamente, soltando a sua mãe aos poucos e indo para o meu colo. Coloco o pequeno na maca e coloco o estetoscópio, colocando o objeto no seu peito.

- Sabia que aqui fica o coração, Léo? - Pergunto para o pequeno.

- Não...

Pego a sua mãozinha e coloco no seu peito, mostrando a direção do seu coração. Ele me olha com a boca entreaberta, com os olhinhos brilhando na minha direção. Termino de examinar o pequeno e entrego ele para Maraisa novamente.

- Ele está bem - Aviso a morena - Está no peso certo, tamanho certo, Léo está bem.

- Certo...

- Posso te fazer uma pergunta?

- Depende - Ela responde colocando a camiseta no seu filho.

- Porque você não gosta da minha família?

Maraisa me olha por longos segundos e respira fundo, arrumando Léo nós seus braços.

- Sua família, Marília, tirou tudo da minha - Ela fala se levantando - Sua família é rica e poderosa desse jeito, porque acabou com casas de outras famílias.

- Eu não tenho culpa disso...

- Mas desfruta do dinheiro de quem tem.

Maraisa saí da sala, mas quando ela abre a porta para ir embora, Léo me dá tchau com as mãozinhas. Nunca pensei que iria me atingir tanto ver um bebê indo embora da minha sala, parece que minha alma implora para mim ir com ele. Um sentimento imediato de saudade me invade e eu fico sem entender, porque ver ele me atingiu tanto. Não deve ser nada...

- Pode entrar o próximo - Falo alto.

///

Chego em casa de noite, além de fazer o plantão inteiro de Luísa, tive que fazer o meu também, estou exausta. Subo para o meu quarto e Murilo está me esperando, já pronto para sairmos.

- Você chegou finalmente - Ele sela nossos lábios - Achei que iria passar a madrugada no hospital.

- Não... eu disse que iria jantar com você.

Murilo beija a minha bocheca e eu passo por ele para ir me trocar. Coloco um vestido longo e uma maquiagem simples, mesmo estando exausta, quero passar um tempo com meu marido, não posso deixar ele de lado. Saímos para qualquer restaurante e vejo que Murilo reservou nossa mesa, em um restaurante totalmente chique e provavelmente bem caro. As palavras da Maraisa não saem da minha cabeça, principalmente porque provavelmente ela está certa, sei que Murilo mexe com negócios de lotes, mas eu nunca perguntei, até porque combinamos de não se meter nos negócios um do outro.

- Amor... posso te perguntar uma coisa? - Chamo a sua atenção.

- Claro, Lila...

- Nos seus negócios... prejudica alguém? As pessoas que moram em fazendas por exemplo?

- Não sei - Ele dá de ombros - Nós só compramos lotes e construímos novas sedes e empresas do agro, Lila.

- Mas e as pessoas que moram lá?

- Arranjam outro lugar.

- Certo...

Ela deve estar certa.

Continuamos o jantar e eu não faço ideia do porquê Maraisa e aquela criança mexeram tanto comigo, é a primeira vez que algo assim acontece, me deixando totalmente confusa.

Voltamos para casa e eu subo, só querendo dormir, mas Murilo me puxa pela cintura. Fugi dele a semana inteira, mas vai ter um momento que eu vou ter que ceder.

- Vamos lá para cima, amor - Ele fala beijando meu pescoço.

- Vamos...

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora