20.

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Pov Maraisa

- Cadê o Léo, Maraisa?

Marília está me olhando de um jeito tão ruim, que chega a doer a forma que nossos olhos se encontram, que chega a machucar.

- Por que você está me olhando assim? - Pergunto com a voz embargada.

- Nós já descobrimos tudo, Maraisa - Murilo fala se colocando na minha frente - E medidas vão ser tomadas.

- Medidas vão ser tomadas? Eu não faço ideia do que você está falando.

Murilo sorri de lado e se aproxima de Marília, pegando a naninha do Léo em mãos, o que me irrita e eu tento pegar de volta, mas a loira segura meu pulso com força.

- Lila... é do Léo.

- Sim, o meu filho - Ela fala com ar de superioridade - Meu filho e do meu marido.

- O quê?

Tudo em uma fração de segundos, tudo começa a fazer sentido, começo a juntas as peças desse quebra-cabeça, juntar as letras do livro e tudo se encaixa, estava diante dos nossos olhos o tempo inteiro. Era óbvio, eles são muitos parecidos, tem muitas marcas parecidas, a risada, o sorriso, o jeito de dormir, nada era atoa. Até que eu rapidamente entendo o golpe perfeito que o homem criou para mim: Murilo estava perdendo Marília, o divórcio iria fazer ele perder o sobrenome, a influência, o dinheiro e se Marília descobrisse o que ele fez com seu filho, que estava tão próximo a ela, isso iria fazer ela não só acabar com a influência do homem, mas sim com a sua vida. Quando meus olhos encontram o de Marília, não vejo a loira que eu fui apaixonada, vejo uma mulher fria, calculista, não é a minha mulher. Abro a boca para responder, mas Murilo me empurra para longe de Marília.

- Você vai pagar na justiça - Ele grita comigo - Principalmente por ter feito algo tão cruel como sequestrar o nosso filho.

- Ele não é seu filho - Grito nervosa - Léo é o meu filho e eu não sequestre-

- Mamãe? - Léo pergunta na porta.

Quando olho para trás, Léo está na porta, com a sua mochilinha nas costas, olhando totalmente apreensivo para a situação. Meu coração dói ao ver seus olhinhos cheio de lágrimas, intercalando seu olhar entre mim e Marília, como se perguntasse o que está acontecendo, com medo do homem chegar perto dele. Depois de alguns segundos, Luísa e Maiara aparecem, sem entender nada que está acontecendo. Meu filho se aproxima de mim e abraça a minha perna, Léo só faz isso quando está com medo. Murilo tenta se aproximar do pequeno, mas eu afasto com as mãos. Ele não vai chegar perto do meu filho.

- Mamãe... o que ele tá fazendo aqui? - Léo pergunta me olhando - O Léo não gosta dele.

- Você vai para a casa com a gente, Léo - Murilo fala se abaixando na altura do pequeno - Para a sua casa.

- Ele é seu papai, Léo - Marília fala com a voz embargada.

- Não ele não é - Falo pegando Léo no colo - Ele não é o pai dele e vocês não vão tirar o Léo daqui.

- Ele vai para a casa dele, Maraisa - Marília fala me olhando - Com a família dele, com a real família dele, não com essa farsa que você criou na sua cabeça.

- Eu achei o Léo, Lila - Me aproximo dela - Ele é nosso filho, você sabe que eu nunca, nunca, nunca faria isso que ele está insinuando, você me conhece.

- Eu não te conheço...

- Conhece, amor... nós duas... a nossa história.

Marília vira o rosto e as lágrimas descem pelos seus olhos, tento segurar as minhas mãos, mas Murilo afasta, enquanto Maiara me segura pela cintura e Luísa fica do lado da sua irmã.

- Eu te amo... - Falo baixinho.

- Eu não te amo mais - Ela dá de ombros - Você acabou com a minha vida, mas você vai pagar pelo o que você fez.

- Eu não sabia, Lila...

- Léo é o meu filho, não o seu.

Marília pega Léo com força e rapidez dos meus braços, saindo rapidamente do apartamento. Quando vou ir atrás dela, Murilo segura meu braço com força e me puxa para trás, fazendo eu cair no chão. Solto um gemido de dor ao entrar em contato com o piso, mas isso não dói tanto, comparado ao choro do meu pequeno, gritando pelo meu nome, pedindo para soltar ele, falando que não quer ir.

Me levanto e saio correndo atrás deles, mas quando chego no estacionamento o carro deles não está mais lá. E quando eu me vejo longe do meu filho, eu travo, não respiro, não respondo, absorvo cada segundo de informação. Perco a força das minhas pernas e choro ali mesmo, sem ter forças para levantar e ir atrás dele. Léo é a minha vida, o meu tudo e infelizmente Marília estava se tornando isso e eu perdi os dois de uma vez só, tiraram meu coração de uma vez só, arrancaram de dentro do meu peito, com uma navalha afiada, sem chance de anestesia.

- Mara... - Maiara fala ofegante por ter corrido

- Ele esta assustado, Maiara - Falo dessesperada - Ele está com medo, estão machucando ele, Léo não fica sabe ficar longe, Murilo vai machucar ele.

- O que aconteceu, irmã?

- Estão falando que eu sequestrei o Léo - Grito nervosa - Murilo que tentou dar um fim nele, eu salvei o pequeno, eu estava lá, eu não fiz o que estão me acusando, Maiara.

Maiara me olha e abraça meu corpo, fazendo eu chorar nós seus braços, igual criança. Mas eu preciso me recuperar, não posso deixar levarem meu filho assim. Murilo reverteu perfeitamente o jogo e Marília caiu totalmente. Ele novamente manipulou a mulher e novamente Marília deixou, machucando quem verdadeiramente amava ela. Me levanto com dificuldade e procuro a chave do meu carro, mas as mãos trêmulas e os olhos cheios de lágrimas, dificultam e muito.

- Eu vou buscar o Léo - Falo chorando - Não vão tirar ele de mim.

- Eu e Maiara vamos - Luisa fala segurando minha mão - Você fica.

- O quê? Não, claro que não - Afasto ela de mim - Ele é meu filho, precisa de mim.

- Mara... Marília... Marília... ela chamou a polícia para você.

- O quê?

Quando olho para trás, dois policiais se aproximam de mim e eu sinto meu coração acelerando, minhas mãos suando. Maiara segura meu rosto e faz eu olhar para ela.

- Eu não quero ser presa, Mai...

- Eu vou... eu vou dar um jeito de pagar um bom advogado - Ela fala dessesperada - É... eu vou dar um jeito.

É como um filme, quando eu sinto os homens atrás de mim, tocando no meu ombro.

- Carla Maraisa? - Ele pergunta se aproximando e eu concordo com a cabeça - Você está presa pelo sequestro, cárcere privado de um menor e por falsidade ideológica, por fazer documentos falsos para a criança.

Ele coloca as algemas nós meus braços e eu só consigo olhar para Maiara.

- Cuida do Léo... - Peço para ela.

Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora