22.

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Pov Maraisa

- Nós estamos separando alguns documentos - Meu advogado avisa - Mas é aquilo que eu te falei, os documentos são ilegais, Léo não tem idade ainda para te escolher, então mesmo que a gente consiga provar que Murilo fez tudo aquilo, a guarda vai para a mãe de sangue dele.

- Mas... Marília não vai deixar eu ficar com ele.

- É... a melhor solução por agora.

Nego com a cabeça e abraço as minhas pernas, engolindo a seco o choro preso. O pior de tudo isso, é ficar longe do Léo, nem ter sido presa se compara na dor de ficar longe dele. Luísa conseguiu um advogado bom, eu fui liberada até a audiência e eu tenho esse meio tempo, para conseguir mais provas que Murilo fez o que fez. Penso que eu devo ir atrás das enfermeiras, nem que seja subornar elas para admitir que participaram, ou algo do tipo, também preciso das filmagens das ruas naquele dia e o pior, preciso falar com Danilo, para ele falar sobre o nosso termino, dizer que eu estava na sua casa, no momento que o Léo "desapareceu".

- Se você conseguir falar com o seu ex e ele aceitar dar esse depoimento, já conseguimos te inocentar - Ele explica - Mas agora, para provar que o Murilo realmente fez o que fez com o filho, temos que ir atrás dessas outras provas.

- Certo...

- Vamos pegar eles de supresa com esse processo - Ele continua - Até porque eles não abriram mais nenhum, além da acusação do sequestro.

Bruno e Maiara estão atrás de mim, prestando atenção em tudo que o advogado fala, cada um pensando em como pode ajudar. Um celular começa a tocar e é o de Maiara, já que o meu ficou confiscado. Ela saí de perto de nós e vai para o quarto.

- E... não tem chances nenhuma - Crio coragem para falar - De... de eu conseguir a guarda do meu filho de volta.

- Você se envolveu com documentos falsos, mentiu por quase dois anos, podemos tentar, mas você teria que provar que é a mais qualificada para ter a guarda dele.

- E isso significa tirar ele da Marília?

- Sim.

Mesmo não querendo separar os dois, eu não vejo outra escolha, mesmo ainda amando muito a loira, eu amo muito mais o meu filho. Marília está me machucando de inúmeras formas, mesmo prometendo nunca fazer isso, mesmo olhando nós meus olhos e dizendo que iria cuidar de mim. Ela sabia que Léo é a minha vida, que sem ele, eu sou nada, porque ele é absolutamente tudo para mim, mas ela nem pensou duas vezes em tirar meu filho de mim, ela nem pensou. Não quero machucá-la, mas não tem como eu pegar a guarda do Léo novamente, sem fazer isso, mesmo eu não querendo.

- Mara... precisamos sair - Maiara entra na sala novamente - O Léo... o Léo está internado.

- O que?

- Ele teve uma convulsão - Ela sorri fraco - De febre, porque estava sem você.

O meu pequeno, sempre foi eu e ele, nenhum de nós dois sabemos lidar com a saudades. Desdo dia que Marília levou ele, eu não consigo comer, dormir, descansar, estou em alerta o tempo inteiro. Me levanto rapidamente e ignoro meu advogado, ou até mesmo quem estava ali, só pego uma blusa e vou correndo até meu caro, para ir até o hospital. Dirijo sobre uma velocidade muito maior do limite, mas não importa, Léo precisa de mim e eu preciso dele, só isso que importa. Quando chego, dou seu nome na secretária e logo me falam o quarto que ele está e eu vou correndo ao encontro do meu pequeno.

Quando entro no quarto, Luísa está sentada no sofá, com a sua cabeça apoiada nas suas mãos, enquanto Marília está sentada do lado do pequeno, alisando o rosto do pequeno e Léo sentado na cama, triste, com o bico no rosto, tirando a mão de Marília cada vez que ela encosta nele.

Apareço mais no quarto e assim que ele me vê, Léo cai no choro, levantando a mãozinha com o soro na veia. Marília se afasta e vai para o sofá e eu me aproximo do pequeno, abraçando seu corpinho.

- A mamãe está aqui, amor - Falo beijando seu rosto - Está tudo bem, a mamãe está aqui.

- Não deixa o Léo sozinho, mamãe...

- A mamãe não queria, amor - Nós separo e seguro seu rosto - Mas a mamãe vai dar um jeito, tá bom?

- É porque eu bagunçei, mamãe? - Ele pergunta com a voz embargada - O Léo não bagunca mais.

Ele acha que isso é tipo um castigo, que estamos punindo, por algo errado que ele fez.

- Não é nada com você, meu amor - Falo alisando a sua bocheca - Não é nada com o Léo, nada.

Beijo a sua cabeça e continuo segurando a sua mãozinha, enquanto ele me olha receoso.

- Não quero ficar lá, mamãe - Ele me olha - Ele grita com o Léo.

- Quem gritou com você?

- O marido dela - Ele fala cabisbaixo e olha para Marília - Ele não gosta do Léo.

Respiro fundo para não brigar com Marília, por deixar aquele homem se aproximar do meu filho, mas não posso, isso só iria piorar tudo.

- Por que ele gritou com o Léo, Marília? - Pergunto sem olhar para ela.

Ela não me responde e quando eu olho para ela, Marília está me olhando, com os olhos cheios de lágrimas, mas tentando ser forte, mesmo não conseguindo.

- Por que ele gritou com ele, Marília? - Pergunto novamente aumentando meu tom - Fala de uma vez.

- Mara, ela não está bem agora - Luísa fala se levantando - Podemos conversar lá fora?

Concordo com a cabeça e saio do quarto com Luísa, que me puxa para uma sala separada.

- O que foi?

- Eu consegui os números das enfermeiras que fizeram o parto do Léo - Ela me entrega um papel - E acho que eu posso te ajudar com o Danilo.

- Como?

- Danilo tem uma dívida gigantesca com a minha família - Luísa dá de ombros - Se ele ajudar, perdoamos a sua dívida.

- Mas... isso iria prejudicar a sua família.

- Minha família já prejudicou muita gente - Luísa dá de ombros - E eu só... quero ver a minha família Henrique feliz, Maiara é a minha vida, com ela triste, eu fico triste.

- Melosas.

- Você também era.

- É... Murilo machucou ela?

Luísa sorri fraco e passa a mão no rosto, me deixando confusa.

- O que foi?

- Você ainda se importa com ela...

- Eu não... não sei parar de me importar, mesmo... mesmo a sua irmã me machucando tanto.

- Você ainda ama ela, não é?

Sorrio fraco e concordo com a cabeça e abraço Luísa com força e sinto ela passando os braços pela minha cintura, beijando meu ombro. É, eu estava errada quando julguei Luísa pelo seu sobrenome, mas nunca estive tão certa, quando julguei Marília, porque ela fez igual a sua família, tirou tudo de mim, sem se importar em como eu ia ficar. Luísa abre a porta para mim sair e eu volto para ficar com o meu pequeno.

Deito com ele na sua caminha e Léo deita a cabeça no meu peito, segurando as minhas mãos. Marília saí do quarto e Léo respira aliviado por isso.

- Mamãe...

- Oi, amor...

- Ela tá triste - Ele aponta para a porta, indicando que é a Marília - Não quero ela triste.

- Não tem o que eu fazer, Léo...

- Beija ela.

Tento segurar meu riso, porque a situação é séria, mas eu acho lindo que mesmo bravo com Marília, ele tem essa preocupação com ela.

- Mamãe... o tio Bruno - Ele aponta para o meu celular.

Saio da cama e pego o celular em mãos, atendendo meu amigo.

- Oi, Bruno...

- Acho que eu consegui as gravações da rua, do dia que o Léo nasceu.


Se ela soubesse (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora