9. Músicas

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P.o.v. João

Pedro: — Meu deus João! — Ele diz após um tempo em silêncio lendo a letra da música que eu tinha escrito, ou parte dela, já que ela não estava pronta. 

Jão: — Não gostou?

Pedro: — Gostei, sim, mas... você pode ser feliz um pouco, sabe? Não precisa escrever só música de cortar pulso, não. — Ele ri e eu começo a rir junto.

Jão: — Ela nem é tão triste assim.

Pedro: — Porra, tá falando sério?

Jão: — E consigo escrever coisas mais tristes que Aqui.

Pedro: — Eu diria que Ainda Te Amo e Me Beija com Raiva, já estão de bom tamanho, não que eu queira barrar sua criatividade, mas assim, que tal escrever uma música feliz? Só para variar.

Jão: — Ok, vamos, pode começar. 

Pedro: — O quê?

Jão: — Ué, vamos escrever uma música feliz. Juntos.

Pedro: — Não tenho nenhuma ideia agora.

Jão: — Ta vendo só? A gente nem consegue. — Ri.

Pedro: — Conseguímos, sim, só não estou com cabeça para pensar em nada, agora. Mas a gente vai.

Jão: — A verdade é que eu só consigo pensar em como eu posso acabar sozinho pra sempre.

Pedro: — Olha, eu tenho bastante divergências a respeito disso. — Ele dá um tapa no meu ombro. — Mas vou te incentivar a escrever, quem sabe não surge daí um novo Codinome Beija-flor.

Jão: — Isso foi para me impressionar?

Pedro: — Talvez? — Ele dá uma piscadinha e sorri. 

Jão: — Então vamos escrever, vai. — Eu rio, meio sem jeito.

Escrevemos algo próximo de Vou Morrer Sozinho, uma letra mais bem humorada do que sofrida em si.

Jão: — Eu acho que essa merece uma melodia feliz. — Digo.

Pedro: — Músicas de cortar pulso pra dançar — Ele ri. — Eu gosto.

Jão: — Eu também.

Pedro: — Mas ainda assim, preferiria que você não sofresse tanto.

Jão: — Às vezes não sei se sofri tanto por amor ou só fantasiei muito. — Ri. — Sei lá, eu tenho uma família dramática.

Pedro: — Você é muito intenso, vive as coisas ao extremo, sofre ao extremo. Eu fico preocupado.

Jão: — Acho que não vou te mostrar uma que e escrevi a mais tempo, ela se chama Monstros e se você ler vai começar a se preocupar com meu nível de sanidade mental.

Pedro: — Eu me preocupo com o seu nível de sanidade mental desde que você escreveu Ainda te Amo.

Jão:  Quantas vezes eu vou ter que te dizer que aquela música é uma hipérbole? Eu não bati o meu carro e nem roubei ninguém, eu sou um homem dentro da lei, Pedro.

Pedro: — Depende do país. — Ele ri e eu acompanho.

Jão: — Queria que nós tivéssemos mais momentos assim — confesso. — Só nós dois e nossas músicas.

Pedro: — Em breve teremos.

Eu me aproximo e deito a cabeça no seu ombro.

Jão: — Peu — chamo.

Pedro: — Oi?

Jão: — Tem algo que você queira me contar?

Pedro: — Porque a pergunta? — Ele começa a afagar meus cabelos.

Jão: — Porque eu me preocupo com você, o que tem se passado na sua cabeça?

Pedro: — Ultimamente uma porção de coisas, tudo ao mesmo tempo. — Ele solta aquele suspiro pesado e encosta a cabeça na minha. — Mas eu estou bem agora.

Quando pedro foi embora naquela noite eu senti um vazio, eu queria não precisar me despedir dele nunca.

Era estranho essa sensação, ainda mais considerando que inconscientemente eu o abracei no meio da noite, acho que fato de nossos horários não coincidirem tanto, está me fazendo com que eu perceba falta que ele faz, ultimamente eu tenho sentido tanta vontade de estar perto dele, de tocar nele, ter contato com ele.

Jão: — Desse jeito eu vou acabar me apaixonando pelo Pedro. — Penso alto, com um leve riso.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora