8. Amigo é para essas coisas

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P.o.v. Pedro

Acordei naquele sábado de manhã meio desnorteado, com uma leve dor de cabeça que já anunciava uma ressaca, mas não levei mais que dois segundos para perceber que eu estava na casa do João.
Eu nem lembrava direito do fim da noite, mas era comum que quando voltássemos de festas juntos, um dormir na casa do outro, para economizar o Uber e para cuidarmos um do outro também.

E lá estava eu, na cama do meu melhor amigo, e apesar de não ser como eu queria, eu amava esses momentos, e eles só reforçavam o quanto nossa amizade era preciosa demais para eu arriscar.

Só então eu percebi que o João estava abraçado comigo, minha primeira reação foi sorrir, ele provavelmente tinha me abraçado no meio da noite, sem sequer perceber, não era muito comum, nem muito incomum, já tinha acontecido algumas vezes, mas considerando o quanto meus sentimentos por ele estavam à flor da pele essa semana, uma parte de mim se incomodava com tanta proximidade.

Ainda assim, não me afastei, permite-me ficar assim com ele ate que o mesmo despertasse.

Jão: — Pedro? — chamou com uma voz rouca e em tom confuso.

Pedro: — Bom dia! — Digo.

Jão: — Acho que eu... acabei te abraçando no meio da noite... — falou, em um tom meio envergonhado.

Pedro: — Eu percebi. — Zombei.

Jão: — Desculpa... foi sem querer, eu...

Pedro: — Não tem problema. — Cortei-o. — Não precisa se desculpar. — Ri, me virando para ele, ainda com seus braços em volta de mim. — Quer dizer, ao menos que você tenha me confundido com alguma das pessoas que você beijou ontem, aí tem problema sim! — Ele riu.

Jão: — Pode ficar tranquilo, eu nem lembro quem eu beijei ontem, mas não foi pensando em ninguém não, talvez a gente esteja tão afastados ultimamente que meu subconsciente te queria perto de mim. — Ele aperta mais o abraço, e inspira fundo.

Pedro: — É uma... boa teoria

Jão: — Bom, vamos levantar, né, já deve tá tarde. — Ele ameaça se afastar, mas eu o puxo de volta.

Pedro: — Anem, vamos ficar assim, vai?

Jão: — Seus contatinhos sabem que você gosta de ficar agarrado com seu melhor amigo? — Ele riu.

Pedro: — Que contatinhos, Jão? Faz meses que eu não entro em um aplicativo namoro.

Jão: — Me engana que eu gosto.

Pedro: — Tô falando serio.

Jão: — Tudo bem. Vamos levantar?

Pedro: — Não quero. — Fecho os olhos e apoio a cabeça no seu peito. — Vamos ficar aqui, é sábado mesmo. — Sinto ele passar os dedos no meu cabelo, rindo. — Do que você tá rindo?

Jão: — Acho isso engraçado em você.

Pedro: — Isso o quê?

Jão: — Você sempre age como se eu não soubesse me defender, me chama de menino e diz para eu tomar cuidado. Mas olha pra você, mal consegue cuidar de si mesmo.

Pedro: — Mas de você eu consigo.

Jão: — Deixa eu cuidar de você hoje, que tal? — Ele sussurra no meu ouvido, eu fico arrepiado.

Pedro: — Você... você pode cuidar de mim o quanto quiser, João...

Jão: — Então tá bom, vou fazer misto pra gente tomar café e você fica aqui deitado. — Ele deixa um beijo no meu rosto e se levanta rapidamente, com um sorriso quase infantil. — Quando tiver pronto eu te chamo. — E sai do quarto.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora