P.o.v. Pedro:
Sai do banho e notei que a casa estava em silêncio, até achei que meu namorado tinha dormido, mas quando fui até a sala eu o vi sentado no sofá e digitando no notebook.
Pedro: — Eii! — Me joguei do lado dele. — Tá fazendo o quê?
Quando me viu, ele imediatamente minimizou o arquivo no qual digitava.
Jão: — Compondo. — respondeu.
Pedro: — E por que não deixou eu ver? — Faço bico.
Jão: — Não tô pronto pra te mostrar essa ainda, — Ele diz levando a mão até meu queixo e me dando um selinho. — Ela é bem triste.
Pedro: — Tudo que você escreve é triste.
Jão: — Mas essa não é só triste, tipo por um sofrimento amoroso, ela é triste, triste. — Ele me olha. — Nem seu se vou lançar ela um dia, escrevi mais pra desabafar, achei melhor fazer ela do que ficar no celular vendo pessoas que eu odeio.
Pedro: — Ah, tudo bem, então. Espero que você me mostre um dia.
Jão: — Um dia talvez. — Ele ri fraco. — Aliás, a gente tem que fazer um álbum, né?
Pedro: — A gente? — Sorri.
Jão: — Sim, e eu já tenho uma ideia que músicas quero colocar nele.
Pedro: — Já podemos ir anotando. — Pego meu celular. — Vamos lá: Imaturo, obviamente.
Jão: — Sim, lembra de Me Beija Com Raiva? Gosto dela.
Pedro: — Eu também, inclusive se você quisesse, eu amaria escrever um clipe pra ela.
Jão: — Eu também ia amar. — Ele sorri. — Também penso em Vou Morrer Sozinho e em Ainda te Amo.
Pedro: — Boas... — Vou digitando. — Vai colocar aquela que escrevemos umas madrugadas atrás?
Jão: — Lindo demais?
Pedro: — Sim... é uma das que eu mais gosto.
Jão: — É claro que ela vai entrar, também amo ela, acho que ia ficar legal em um show.
Pedro: — Eu também acho.
Jão: — Quantas já temos?
Pedro: — Cinco, acho que pro álbum seria bom umas oito ou nove.
Jão: — Tenho uma em mente, mas não sei, ela é bem íntima, mas eu gosto.
Pedro: — Qual?
Jão: — Espera que eu vou achar aqui. — Ele volta os olhos para a tela do notebook.
Pedro: — Tá bom, e aquela outra que você me mostrou, um tempo atrás, algo próximo de... — Tento lembrar... — "quem diria que a gente chegaria aqui"? — Cito. — É isso?
Jão: — Ah, Aqui, ela é uma boa pra entrar também. — Ele diz sem tirar os olhos da tela. — Achei a que eu tinha falado, mas antes de você ler e me dar sua opinião, eu achei esse arquivo aqui que eu acho promissor. — Ele abre e eu vejo que tem alguns versos, talvez um refrão, e um título.
Pedro: — Lobos? Por que "Lobos"? — Pergunto, fazendo aspas no ar.
Jão: — É porque eu tive um sonho com lobos uma vez, acho que já te contei essa historia.
Pedro: — Ah, é verdade, tinha me esquecido disso. — Me inclino um pouco para ler os versos. — Isso está bom.
Jão: — Acha que conseguimos tirar uma música daqui?
Pedro: — Tenho certeza disso.
Então nós dois entramos no nosso mundo particular, onde tudo que importava éramos nós e nossa música, e essa música em questão, acho que tinha algo ainda mais especial.
Jão: — Sinto que ela tem uma energia meio diferente das outras, — Ele diz enquanto salva o arquivo. — Mas ainda assim eu queria colocar ela no álbum, o que você acha?
Pedro: — Acho que ela vai ficar incrível no álbum, inclusive acho "Lobos", um bom nome pra ele.
Jão: — Eu também gosto.
Pedro: — Olha, já avançamos muito, — Sorrio. — Acredito que com mais duas ou três músicas dá pra fechar.
Jão: — Acho que eu mereço até um beijo por isso. — Ele dá um sorrisinho.
Pedro: — Você não perde uma. — Dou risada. — Vem cá. — Dou um beijo nele.
João desliza uma das mãos pelas minhas costas, me puxando mais pra perto.
Pedro: — Amor... — Sussurro contra a boca dele. — Não terminamos de trabalhar ainda.
Jão: — Terminamos, sim... — Ele me beija outra vez.
Pedro: — João... você tinha que me mostrar outra música, lembra?
Jão: — Tá bom, — Ele bufa e volta a clicar no notebook. — Você é um chato.
Pedro: — Mas você ama.
Jão: — Amo. — Ele assume. — Aqui a música.
Pedro: — Ela parece toda pronta, não quer cantar pra mim?
Jão: — Não... prefiro não cantar agora.
Pedro: — Você quem sabe. — Encolho os ombros e começo a ler a música.
É uma música definitivamente mais triste e mais densa que as outras, mas não deixa de ser bonita.
Pedro: — Uau!
Jão: — O que achou?
Pedro: — Ela é linda, e... e pesada.
Jão: — Acha que ela ia destoar do álbum?
Pedro: — Não, na verdade, acho que ela seria o complemento perfeito! — Digo — Consigo imaginar um coral meio Sam Smith nessa ponte aqui. — Aponto para a tela.
Jão: — Eu imaginei a mesma coisa. — Ele sorri.
Pedro: — Mas então, menino do interior, qual é o nome dessa música?
Jão: — Monstros.
Pedro: — Condizente. — Sorri.
Jão: — Gostou mesmo?
Pedro: — Claro, eu gosto da forma que você expressa o que você sente nas músicas, é lindo.
Jão: — Você faz a esma coisa que eu.
Pedro: — Sim, mas você tem uma dose a mais de drama que deixa tudo mais interessante.
Jão: — Com todos esses elogios eu me sinto obrigado a te dar um beijo, Pedro Tófani.
Pedro: — Pode me dar quantos você quiser.
Ele deixa o notebook de lado e me beija, e nem preciso dizer que depois desse beijo não trabalhamos mais, ficamos aos beijos até depois do entardecer, aproveitando a companhia um do outro.
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E Se A Gente...? - Pejão
Fiksi PenggemarJoão e Pedro são melhores amigos a tempo, mas tem sentimentos um pelo outro e todos a sua volta percebem que eles se gostam mais do que amigos. Todos, exceto eles mesmos. Enquanto Pedro falha em esconder o que sente, Jão se recusa a acreditar que...