P.o.v. João
Algum tempo se passou desde aquele show, eu continuei com a turnê Anti-Herói e não tinha como estar mais feliz, apesar de ter sido uma turnê bem difícil.
Mas, diferente do que aconteceu na turnê Lobos, eu e Pedro não nos afastamos dessa vez.
Nossa rotina estava tão ou até mais corrida do que antes, mas a gente conseguia aproveitar cada momento que tivemos juntos e conversar sobre qualquer coisa que incomodava um ou o outro. Arrisco dizer que nossa relação nunca esteve melhor.
Talvez a correria fosse até boa, porque tornava nossos momentos a sós ainda mais especiais.
Naquela manhã, nós acordamos juntinhos naquele quarto de hotel, estávamos na cidade do Pedro, Belo Horizonte, ele queria ir visitar sua família e insistiu para que a gente passasse uma semana na cidade.
Eu já tinha feito meu último show do ano, então teria um mês de descanso até a continuação da turnê.
Na noite anterior a gente tinha virado na Praça Sete, como nos velhos tempos, o que me desencadeou uma porção de boas lembranças.
Tomamos café em uma padaria, Pedro comentava sobre os lugares que queria me levar, amanhã.
Jão: — E hoje? — Perguntei curioso.
Pedro: — Ahn, então... — Ele hesitou. — Mais tarde eu te conto.
Jão: — Ok... — Respondi meio desconfiado.
Mais tarde eu acabei descobrindo o que Peu havia planejado para nosso dia, e incluia um jantar com a sua família. Eu imaginava que esse momento chegaria, mas não cogitei que o Pedro fosse querer minha presença ao seu lado. Não com toda a sua família reunida.
Mas o que tinha tudo para dar errado, deu mais certo do que eu esperaria.
Julgo que talvez pelas minhas baixas expectativas, eu me lembrava bem de como eram os pais do Pedro e de como eles não tinham lá muito boas opiniões sobre mim, jantar com toda a sua família e ser apresentado como o seu namorado tinha tudo para ser o maior desastre do ano.
Mas não foi.
Eu não faço ideia que tipo de mentira o Pedro contou ao seu pai para convencê-lo e que eu o merecia, mas tinha funcionado.
Aquele jantar foi tão melhor do que eu previa que acabou com o seu pai se oferecendo para nos levar até o hotel. De início recusamos, já estava tarde, mas podíamos pegar um Uber, porém ele insistiu tanto que acabamos concordando, Pedro tinha de quem puxar tanta teimosia e perseverança.
Depois de um longo jantar e consideráveis taças de vinho, eu não estava lá muito atento ao meu redor enquanto o pai de Pedro dirigia, mas ele e meu namorado conversavam sobre algum assunto que os deixava muito empolgados. E aquilo aquecia meu coração.
Pedro tinha um sorriso no rosto que eu não me lembro de ter saído a noite toda e ver meu namorado ali, com a mão enlaçada na minha enquanto conversava animado com seu pai, fez meu coração palpitar como naquela noite da festa de Universal Music, quando ele me confessou que tinha pedido uma música do Cazuza para me animar.
Foi como se eu tivesse me apaixonado pelo Pedro de novo, não sei explicar a sensação, mas foi como lembrar o quanto ele era importante para que só o ver feliz já me deixava eufórico. Tive a certeza que queria passar o resto da vida ao lado desse homem.
E, eu podia.
Em certo momento, cedi ao cansaço e encostei a cabeça em seu ombro, ele afagava meus cabelos, sentir segurança nas nossas demonstrações de afeto com seu pai ali dirigindo, me deu uma paz enorme.
Quando chegamos no hotel, eu cambaleava de tão bêbado de sono, e de vinho, Pedro me ajudou a subir e me colocou no banho, o que me despertou um pouco.
Quando ele saiu do seu banho, ele deitou do meu lado na cama, me abraçando.
Puxo seu rosto para mais perto e deixo um beijo nos seus lábios. Ele me beija de uma forma tão eufórica que eu consigo sentir o quanto ele está feliz.
Pedro: — Vida... — Ele me chama entre o beijo. — Obrigado por tudo.
Jão: — Eu que te agradeço por tudo, meu amor... — Beijo ele novamente.
Pedro: — Te amo muito.
Jão: — Eu também te amo!
Logo ele apoia a cabeça no meu peito e nós caímos no sono.
Acordei antes dele naquela manhã e fiquei olhando ele dormir um pouco, encolhido no meu peito, ele era o homem mais lindo do mundo mesmo com aquele cabelo todo bagunçado.
E notei que mesmo dormindo, Pedro ainda tinha um sutil sorriso em seus lábios.
Percebi que meu namorado estava completamente em paz, pela primeira vez em muito tempo.
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E Se A Gente...? - Pejão
Fiksi PenggemarJoão e Pedro são melhores amigos a tempo, mas tem sentimentos um pelo outro e todos a sua volta percebem que eles se gostam mais do que amigos. Todos, exceto eles mesmos. Enquanto Pedro falha em esconder o que sente, Jão se recusa a acreditar que...