95. Turnê :(

971 81 232
                                    

P.o.v. João

Tinha oficialmente começado a turnê Anti-Herói, e se eu estava receoso, com o álbum, com as músicas, com a recepção do público, no momento em que pisei no palco isso desapareceu, só naquele primeiro show eu senti se algo era capaz de me curar, era aquilo.

Ainda mais podendo descer do palco e ver o meu namorado, com o sorriso mais encantador do mundo todo.

Nem me recordo de como voltamos para o hotel, só caí em mim quando Pedro me pôs contra a porta do nosso quarto e me deu aqueles beijos intensos.

Os beijos que ele guardava para mim.

Pedro: — Te amo e você é o artista mais talentoso que já pisou nesse planeta.

Jão: — Eu te amo e obrigado por viver isso comigo.

A gente se beija de novo, só parando pra respirar.

Jão: — Estou tão feliz, vida! — Digo, me jogando na cama.

Pedro: — Da pra ver nos seus olhos, eu amo te ver assim. — Ele parou do meu lado e deu um beijo na minha testa. — Você nasceu pra isso.

Jão: — Também sinto isso. — Suspiro.

Pedro: — Os próximos três shows já estão esgotados, acho que a próxima turnê vai ter que ser em casas maiores.

Jão: — To sonhando com uma turnê de estádios, Peu, será que um dia a gente vai conseguir?

Pedro: — Tenho certeza disso, e sei que você também.

Jão: — É...

Ele se deita do meu lado, afagando meu cabelo.

Pedro: — Eu amo sua entrega no palco sabia? Acho que é uma das coisas mais lindas que eu já vi.

Jão: — O palco também ajuda, você fez um trabalho lindo.

Pedro: — O palco não faz o show sozinho, ele é só um complemento.

Jão: — O melhor complemento que eu poderia pedir. — Dou um selinho nele. — Tudo está perfeito, inclusive o teclado onde canto Imaturo e Nota de Voz 8.

Pedro: — Por falar nisso, como foi cantar Nota de Voz?

Jão: — Olha, Peu, não vou mentir, foi difícil, foi bem pior do que eu imaginei que seria.

Pedro: — Quer tirar ela? A gente reorganiza o setlist.

Jão: — Não, agora que ela entrou eu vou até o fim, se estou cantando aquela bomba que é Louquinho, não é ela que eu vou deixar de fora.

Pedro: — Bem, você quem sabe. —Ele encolhe os ombros.— Quer tomar um banho pra descansar, enquanto eu peço algo pra gente?

Jão: — Sabe, se eu não estivesse tão cansado, eu te chamaria pra vir comigo. — Rio, dando um último beijo na boca dele e indo em direção ao banheiro.

Depois do banho, de ambos, a gente se senta na sacada do hotel e fica olhando a cidade.

Pedro: — Já virou uma tradição isso, né? — Ele ri.

Jão: — Talvez... mas eu gosto de lembrar que a primeira vez que eu tive vontade de te beijar, foi na sacada de uma casa, em uma festa de gente rica e sem graça.

Pedro: — E você devia ter me beijado. — Ele implica, rindo.

Jão: — Você também queria me beijar, se fosse assim...

Pedro: — Mas você não me dava brecha, eu estava a mais de um ano fingindo não gostar de você, todo mundo notava, e quando eu tocava no assunto você vinha com aquele papo de "amigo é pra essas coisas" — Lembra, rindo ainda mais.

Jão: — Tem razão, desculpa ter sido tão lerdo. — Puxo seu rosto pra um beijo.

Pedro: — Até isso eu amo em você... — Ele murmura contra os meus lábios.

[...]

A turnê Anti-herói tinha começado bem, eu já estava subindo para mais um show, minha primeira data em São Paulo, que ainda seria a gravação do Ao Vivo da turnê, e estava feliz como nunca, nada poderia dar errado.

Pelo menos, era o que eu imaginava, até sentar no piano pra tocar Nota de Voz 8.

Eu respirei fundo pra me concentrar, como fazia com o refrão de Barcelona, ou Lobos na turnê passada, mas, diferente dessas, não era porque as notas eram difíceis de alcançar, e sim por conta de tudo que aquela letra me trazia a tona

Foi quando aconteceu, eu errei a letra.

Cantei a versão original dela, coloquei Pedro no lugar de "me desculpa mesmo" 

Uma pausa, uns gritos dos fãs que agora tinham certeza de muitas coisas, continuei meu show, brinquei que a música seguinte deveria ser um áudio meu chorando por 17 minutos, cantei Fim de Festa com direto a balões e ganhei parabéns pelo meu aniversário que seria no dia seguinte.

Saí do palco temendo a reação do Pedro.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora