44. Inseguranças

1.6K 101 208
                                    

P.o.v. João

Jão: — Sabe de uma coisa? — Comento enquanto a gente se senta pra almoçar.

Pedro: — O quê?

Jão: — Eu estava pensando na noite de ontem.

Pedro: — Não vai dizer que ainda está se martirizando por não ter planejado nada?

Jão: — É que...

Pedro: — Jão, tem tanta coisa que você pode lembrar de ontem a noite, coisas bem melhores inclusive. — Ele dá um riso leve.

Jão: — Tipo? — Sorrio.

Pedro: — Você sabe, o jantar foi ótimo.

Jão: — Qual parte dele?

Pedro: — Ele todo. E inclusive a primeira parte. — Ele riu.

Jão: — Tem razão. — Ri junto.

Pedro: — Acho que seus vizinhos odeiam a gente.

Jão: — Já ouvi barulhos piores aqui. — Conto. — Ano passado o vizinho de cima ficou uns oito meses fazendo obra.

Pedro: — Eu lembro de você ter reclamado disso.

Jão: — Pois bem, se ninguém implicou com ele, não é comigo que vão implicar. 

Pedro: — Vai saber.

Jão: — Se eles não transam, a culpa não é nossa, né? — Dou risada.

Pedro: — João! — Ele ri junto comigo. — É um bom ponto.

Eu e o Pedro almoçamos, e depois arrumamos algumas coisas, mais tarde a gente decide assistir alguma coisa.

Pedro: — Amor? — Chama, enquanto roda o catálogo.

Jão: — Sim?

Pedro: — Tá tudo bem?

Jão: — Por que a pergunta?

Pedro: — Porque sinto que você está meio tristinho.

Uma das coisas que eu mais amo e odeio no Pedro é essa capacidade que ele tem de ler como eu me sinto sem nenhuma legenda, o que é bom porque eu não preciso de muito pra que ele me entenda, e péssimo porque torna quase impossível esconder algo do meu namorado

Jão: — Estou bem, meu amor. — Tento.

Pedro: — Que feio você mentindo pra mim. — Brinca, se aproximando de mim, no sofá.

Jão: — É que, não é nada importante.

Pedro: — Pra mim, tudo que diz respeito a você é importante. — Ele sorri. — Ainda tá com aquela nossa conversa de ontem na cabeça?

Jão: — Eu só... deixa. Não quero te incomodar com bobagens. — Me levanto e caminho até o quarto.

Me jogo na cama e suspiro, eu odeio ser assim.

Pedro: — Amor? — Ele para na porta. — Posso entrar? Ou você quer ficar sozinho um pouco?

Jão: — Pode entrar. 

Ele entra e se senta na ponta da cama.

Pedro: — Quer conversar? — Ele se coloca do meu lado, e começa a afagar meus cabelos, meu coração se aquece com esse carinho tão genuíno e delicado.

Jão: — Desculpa.

Pedro: — Não precisa se desculpar por nada.

Fico em silêncio.

Pedro: — Jão, alguma vez eu dei a entender que me sentia incomodado com algo que você falava?

Jão: — O quê? Não! Claro que não! Eu é que às vezes sinto que não devia te incomodar com minhas questões.

Pedro: — Você sabe que nunca me incomoda, eu amo saber o que se passa na sua cabeça.

Me levanto, ficando sentado na cama, de frente pra ele

Jão: — Às vezes eu sinto que eu não sou bom o suficiente pra você, Pedro.

Pedro: — De onde você tirou isso, João?

Jão: — Tem dias que eu acho que você vai acordar e decidir que quer mais do que eu tenho a oferecer, mesmo você nunca tendo demostrando nada do tipo, sabe as pessoas não costumam me amar de verdade, só me jogar pro alto pra me ver quebrar.

Pedro: — Jão...

Jão: — Desculpa te falar essas coisas, eu não queria te contaminar com minha insegurança, eu tenho tanto medo de te perder que...  

Pedro: — Amor! — Ele me interrompe, segurando meu rosto. — Tá tudo bem, não precisa se desculpar. — Ele me beija calmamente. — Eu nunca vou te achar insuficiente pra mim, tá? —Ele não me deixa responder. — Na verdade, às vezes me pego pensando como alguém como eu, merece amar uma pessoa tão incrível como você, Jão, eu sou grato por ter essa chance, você me encanta desde o dia que me abordou do nada na rua me perguntando de se eu sabia onde tinha uma loja de eletrônicos. — Sorri com a lembrança. — Antes de ser seu namorado, eu sou seu melhor amigo também, e você não vai me perder nem se tentar.  

Meus olhos marejam.

Jão: — Acho que, no fundo, eu só estrago todas as minhas relações porque sou inseguro.

Pedro: — Você não vai estragar nada entre a gente, todo mundo tem inseguranças, tá tudo bem.

Jão: — Eu te amo. — Abraço ele, sentindo meu choro vir. — Amo tanto.

Pedro: — Eu te amo também, meu amor, mais que tudo no mundo inteiro. — Ele aperta meu rosto contra seu peito.

Sinto minhas lagrimas descerem, mesmo que eu tente contê-las.

Pedro: — Eu tô aqui, meu menino, pode chorar se quiser. — Ele beija o topo da minha cabeça.

Aperto mais o abraço e começo a chorar.

Pedro: — Eu também me sinto insuficiente às vezes, você não está sozinho, meu bem. — Sussurra no meu ouvido.

E assim, abraçado com Pedro e com meu rosto afundado no peito dele eu chorei até adormecer, meu namorado me encolheu no colo e me manteve a salvo.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora