35. Jantar

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P.o.v. João

Pedro: — Você está lindo!

Sei que sempre escuto isso do meu namorado, antes mesmo de sermos namorados até, mas ainda assim eu fico todo bobo quando ele me elogia com os olhos vidrados em mim como se eu fosse a coisa mais linda que ele já viu.

Jão: — Você também está lindo, meu amor. — Retribuo, sorrindo. — Mais do que já é naturalmente. 

Pedro: — É a minha jaqueta jeans? — Ele aponta para roupa que eu estava usando.

Jão: — Não é mais! — Dou risada. — Nós vamos de Uber?

Pedro: — Ah não, vamos de carro mesmo.

Jão: — Mas sempre que vamos lá de carro, a gente não acha vaga e tem que estacionar no outro quarteirão

Pedro: — Caminhar um pouco é bom.

Jão: — Você me faz fazer cada coisa. — Resmungo, pegando a chave do carro.

Dirigi até o restaurante e, como era de se esperar, não tinha vaga lá perto e eu tive que estacionar na outra quadra.

Jão: — Agora vamos ter que caminhar um quarteirão inteiro até lá. — Reclamo.

Pedro: — Para de reclamar, faz parte da experiência! — Ele diz pegando minha mão e enlaçando nossos dedos. — Vamos?

Jão: — Vamos! 

Nós dois caminhamos em silêncio, Pedro parece mais pensativo que o normal, mas mesmo nesses momentos quietos eu amo estar na companhia dele. 

Chegamos no restaurante, eu amava comer lá não só porque a comida era maravilhosa, mas também porque o ambiente era extremamente agradável.

A gente sentou na mesa em frente a janela, com vista para o jardim do local e a cidade ao fundo, mas nem toda essa paisagem se comparava a vista que eu tinha bem à minha frente.

Era a primeira vez que a gente jantava fora como um casal, e mesmo quando eramos apenas amigos não costumávamos sair tanto só nós dois, principalmente por causa da faculdade, era bom ter um momento assim só nosso em um lugar tão agradável.

Acabei me lembrando da noite do evento, em como eu tinha ficado confuso com o jeito que olhava para ele, em como ele prendia minha atenção, no carinho dos seus olhos.

Que bom que agora eu posso olhar o quanto eu quiser, e até mais que olhar...

Pedro: — Lembra da primeira vez que a gente veio aqui? — Pedro me tira dos meus devaneios.

Jão: — Claro que eu lembro. — Sorri. — Eu queria comer nhoque e te perguntei se conhecia algum restaurante. Aí você me trouxe aqui.

Pedro: — Eu também disse que apesar de sempre levar as pessoas que eu namorava em restaurantes eu nunca tinha trago nenhum namorado aqui. — Ele segura minha mão.

Jão: — Agora você trouxe. — Sorri.

Pedro: — Pois é. — O garçom chega com um vinho, serve e anota os nossos pedidos, os quais são os que sempre pedimos aqui.

Jão: — Você não chegou a trazer seu ex aqui? — Pergunto.

Pedro: — Não, principalmente porque era quase impossível comer nhoque ou qualquer outra comida italiana sem pensar em você. — Ele dá um riso. — E eu jurava pra mim mesmo que era dele que eu gostava!

Jão: — Quase tão sonso quanto eu! — Rio junto com ele. — Acho que eu teria ficado com ciúmes se você dissesse que veio aqui com outra pessoa.

Pedro: — Acho que eu também. 

 Jão: — Alguma vez passou pela sua cabeça que nós dois estaríamos assim um dia?

Pedro: — Se me contassem um terço disso tudo, eu ia revirar os olhos e falar "até parece, a vida não pode ser tão perfeita assim." Às vezes eu ainda duvido que isso esteja mesmo acontecendo.

Jão: — Está acontecendo, pode acreditar, tá?

Pedro: — Acho que eu vou ter que te beijar toda vez que eu tiver dúvidas?

Jão: — Por acaso você não está com dúvidas agora?

Ele dá um riso, mas antes de me responder o garçom reaparece com nossos pedidos.

Jão: — Peu... — Chamo.

Pedro: — Sim, meu amor?

Jão: — Me diz o que você tanto digitava no celular agora a pouco no carro? — Pergunto, retomando a conversa.

Pedro: — Então... — Ele sorri meio tímido. — Estava rascunhando umas ideias pro roteiro do clipe.

Jão: — Trabalhando uma hora dessas? — Eu brinco, mas estou feliz com a animação dele.

Pedro: — Estou empolgado!

Jão: — Então, me conta o que você pensou?

Pedro começa a comentar sobre o que tinha em mente e eu fico todo besta de ver o quão ele está empolgado com tudo isso.

Me sinto privilegiado de ter alguém que abraça o meu sonho desse jeito. 

Pedro: — Que tal um brinde? — Propõe, erguendo um pouco a taça.

Jão: — A quê?

Pedro: — A você, a sua carreira, a nós dois...

Jão: — A Tudo isso?

Pedro: — É. Saúde?

Jão: — Saúde!

O jantar se passa, hora a conversas assim, hora em um silêncio confortável, e eu me sinto feliz.

[...]

Jão: — Fala que caminhar faz parte da experiência agora? — Debocho, enquanto saímos do restaurante.

Pedro: — Não é tão ruim assim... — Pedro sussurra no meu ouvido e dá um beijo na minha nuca, me deixando um pouco arrepiado.

Jão: — Não é uma boa ideia você ficar me provocando com a gente a essa distância de casa...

Pedro: — Olha, não é por nada... — Comenta, reduzindo os passos. — Mas eu devia ter lembrado de por uma certa coisa na minha carteira.

Dou risada, sabendo exatamente o que ele quer dizer.

Jão: — Mas nem vem, eu não ia transar com você dentro do carro, Pedro. — Rio. — Pode esquecer.

Pedro: — Você é muito estraga prazeres. — Reclama. — Vamos que esperar até a gente chegar?

Jão: — Sim.

Pedro: — Chato demais!

Jão: — Para de reclamar. — Brigo, rindo. — Sabe bem que não dá pra fazer tudo o que eu quero com você em um espaço tão limitado. — Sussurro.

Pedro: — Então para de provocar!

Jão: — É só o começo... — Ri, dando um beijo nas costas da sua mão, que está junto à minha.

Antes que eu abra a porta do carro, ele me puxa e me beija, um beijo intenso daqueles que nos deixa ofegantes quando termina.

Pedro: — Tô ansioso pra gente chegar em casa. — Ele sussurra contra os meus lábios, se afastando em seguida e entrando no carro.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora