E Se A Gente...? - Pejão

81. Dia Perfeito (Parte I)

P.o.v. João

Mais uma manhã acordando com meu namorado e meus gatos, acho que é impossível algo estar mais perfeito.

Isso me fez lembrar que eu tinha prometido ao Pedro em Barcelona que a gente teria um dia perfeito fazendo as coisas que ele mais amava juntos.

Acho que hoje é o dia ideal para fazermos isso.

Inicialmente, Pedro quis ir à praia, achei uma decisão curiosa porque pensei que ele preferiria um restaurante ou coisa do tipo.

Fomos para aquele nosso lugar de sempre, e dessa vez eu nem reclamei os quarenta e cinco minutos de caminhada.

Lembrei da inspiração para escrever Fim do Mundo.

Pedro: — Chegamos, viu, nem doeu.

Jão: — Fale por você. — Me jogo na areia sobre a toalha que ele estendeu.

Pedro: — Dramático — Ele ri. — Olha esse silêncio, só o som do mar, não te dá uma sensação de paz? — Ele deita do meu lado.

Jão: — Muita... — Sorrio. — Mas só o fato de estar com você me traz paz. — Beijo ele.

Pedro: — Você também me traz paz. — Ele sussurra na minha boca.

Ele apoia o corpo no meu, afundado o rosto no meu pescoço.

Jão: — Vida?

Pedro: — Sim? — Ele me olha.

Jão: — Sabe, eu tava lembrando da gente, antes de, enfim, sermos um casal.

Pedro: — Nossa, faz um tempo né?

Jão: — Pois é, passou tão rápido, quase não consigo me lembrar de quando eu não te beijava o tempo inteiro.

Pedro: — Nem eu, principalmente depois de tanto tempo te querendo tão loucamente.

Jão: — Eu fico pensando em como eu nunca me toquei que gostava de você, sabe, eu ligava tanto para a sua opinião sobre as minhas letras, sobre minhas roupas, até sobre as pessoas que eu beijava nas festas, e eu me importava tanto com o motivo do seu término, no fundo, acho que eu tinha ciúmes de você estar querendo outra pessoa

Pedro: — Realmente, a Malu uma vez me disse que todo mundo notava, menos você.

Jão: — Eles bem que podiam ter me dado um toque, que tipo de amigos eles são?

Pedro: — Não acha que você negaria? Você teve vontade de me beijar e a primeira coisa que fez foi correr de mim. — Ele ri.

Jão: — Ok, tem razão, eu estava com medo de estragar tudo entre a gente, você sabe, eu sempre estrago tudo com todo mundo, não podia te perder também.

Pedro: — Ei, para, não é você que estraga as suas relações, — Ele acarinha meu rosto. — Você podia não ter lá tanto senso na hora de escolher por quem ia se apaixonar, mas até eu já fiz isso. E bom, você nunca iria estragar a nossa relação.

Jão: — Mesmo se eu estivesse apaixonado e você não?

Pedro: — Jão, era impossível eu não me apaixonar por você, convivendo com você como eu convivo, tudo em você é encantador, desde o primeiro dia que eu te vi eu fiquei encantado com seu jeito, eu gravei várias letras do Cazuza porque você tinha me dito que gostava, na época que eu namorava eu preferia estar com você a estar com meu próprio namorado, quando você confessou que seu sonho era cantar eu prometi para mim que ia fazer qualquer coisa para te ajudar a realizá-lo, porque para mim o mais importante era, e ainda é, sempre te ver feliz.

Jão: — Nossa... — Foi tudo o que eu consegui dizer, emotivo. — Eu não estava preparado para uma declaração dessas do nada... — aproximei mais meu rosto e beijei seus lábios.

Pedro: — Nem eu... — Ele sorri meio tímido. — Só saiu, eu te amo muito, às vezes acho que eu tinha que verbalizar mais isso.

Jão: — Eu te amo, eu te amaria até se amor fosse proibido. 

Beijo ele, e ficamos um tempinho só nos beijando ali.

Pedro: — Sabe, às vezes parece que eu ainda estou preso em um sonho muito bom, sei lá, acho que minha ficha não caiu de que você é meu. — Ele dá um beijo no meu pescoço. — E que eu sou seu.

Jão: — Amo quando você diz que é meu, sabia.

Pedro: — É?

Jão: — Demais, acho que isso pode soar um pouco possessivo da minha parte.

Pedro: — Nada que eu esperaria diferente de um escorpiano. — Ele dá um riso.

Jão: — Ah, é se fosse assim, eu deveria esperar que você fosse frio comigo, não ligasse para os meus sentimentos.

Pedro: — As pessoas têm uma impressão muito errada de aquarianos. — Ele dá um riso.

Jão: — Não posso deixar de concordar. — Rio.

Pedro: — Mas, eu gosto de dizer que eu sou seu, gosto da sua reação, você dá um sorriso orgulhoso como se eu fosse a melhor coisa que te pertencesse.

Jão: — Você é. — Deslizo os dedos pelo rosto dele, e em seguida o beijo. — A melhor coisa que me aconteceu.

Pedro: — Estamos inspirados hoje... — Sorri.

Jão: — Pois é, quer compor?

Pedro: — Aqui?

Jão: — E o quê que tem?

Pedro: — É tem razão, escrever é sempre bom.

Jão: — Sem dúvidas.

Tiro meu celular do bolso e escrevemos algumas coisas, também mexemos em uma das músicas que já tínhamos começado.

Pedro: — Acha que essa aqui tá pronta? — Pergunta.

Jão: — Não sei, sinto que falta alguma coisa...

Pedro: — Tipo?

Jão: — Nem ideia, mas acho que já tenho um título.

Pedro: — Ahn... "Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor"? — Supõe.

Jão: — É. — Dou um riso. — Meio óbvio.

Pedro: — Ela meio que foi surgindo com o tempo, né? É meio que a nossa história, por que você acha que falta algo nela?

Jão: — Não sei dizer, pode ser coisa da minha cabeça também, — Encolho os ombros. — Quer escrever outra coisa?

Pedro: — Quero!

E assim nós ficamos por mais tempo do que sou capaz de calcular, depois de escrever nós ainda entramos no mar um pouco, e bebemos algumas coisas que tínhamos levado, não muito, já que um de nós teria que dirigir.

Quando a fome apertou, decidimos voltar para casa para pedir alguma coisa para o almoço.

Jão: — Gostou do passeio? — Pergunto, me sentando no chão mesmo, por causa da areia.

Pedro: — Eu amei, meu amor. — Ele se senta no meu colo.

Jão: — E olha que é só o começo. — Sussurro contra os lábios dele e em seguida o beijo

Pedro: — Estou ansioso para saber o que mais vamos fazer hoje. — Ele aperta minha coxa e me beija outra vez. — Mas agora eu vou tomar um banho. — Diz, me dando mais um selinho e se levantando.

Jão: — Ah, — Murcho. — Posso ir com você? — Faço bico.

Pedro: — Mas aí quem vai pedir nossa comida?

Jão: — Golpe baixo. — Reclamo.

Ele ri, me dá mais um selinho e em seguida corre para o banheiro.