62. Prioridades

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P.o.v. Pedro

A sexta finalmente chegou e por eu ter feito dobra durante a semana eu consegui negociar uma folga na sexta, então pude pegar voo para o Rio logo após a faculdade, pelo menos uma notícia boa.

Eu finalmente estava voando para o Rio, com meu peito apertado de saudade do meu menino.

Logo que sai do avião eu avistei a Malu, o Jão tinha uma entrevista marcada pra esse horário, então ela que veio me buscar.

Pedro: — Oi! — Cumprimentei.

Malu: — Ei, quanto tempo, seu chato. — Ela ri e me abraça.

Pedro: — Vocês sentiram saudades de mim que eu sei.

Malu: — O Jão sentiu por nós três, ele queria cancelar a entrevista de hoje só pra vir te buscar.

 Pedro: — Ainda bem que ele não fez isso, eu ia me sentir culpado. — Digo enquanto entramos no Uber. — E nem precisava te incomodar pra me buscar, era só mandar a localização do hotel.

Malu: — Eu sei que não precisava, mas eu queria aproveitar pra conversar com você.

 Pedro: — É serio, Malu? — Reclamo. — A última coisa que eu preciso agora é ouvir um sermão.

Malu: — Pedro, me escuta!

Pedro: — Ok... — Cedo.

Malu: — Eu queria entender porque você valoriza tanto esse estagio.

Pedro: — Malu, nós já tivemos essa conversa!

Malu: — Sim, varias vezes, mas se a gente desconsiderar aquele papo de você não querer mais depender dos seus pais, de não ficar na sombra da sua família e tal, o que mais te motiva a se manter numa vaga dessas?

Pedro: — Como assim mais? Não tem mais.

Malu: — Então você não acha que deveria rever suas prioridades?

Pedro: — O que você quer dizer com isso?

Malu: — Lembra do que a gente aprendeu sobre cinema? "Não é sempre, mas de vez em quanto a gente tem se dar o direito de escolher fazer o que a gente gosta" — Cita.

Pedro: — Lembro...

Malu: — Pedrinho, eu quero que você me diga, você tá fazendo o que você gosta? Se você me disser que ama o que você faz nessa vaga eu juro que nunca mais te encho a paciência, porque eu não tô lá quando você tá sentando naquele computador. — Ela me olha. — Mas eu estava quando a gente gravou o clipe de Imaturo, e eu vi o quanto você estava empolgado com aquilo, eu vejo o sorriso que você abre sempre que o Jão te fala pra escrever um roteiro de clipe pra ele, e mais do que isso eu vi a sua empolgação nos últimos shows do Jão, é perceptível o quanto você ama isso tanto quanto ele, e se você me disser que seu estágio ultrapassa isso tudo, eu te deixo em paz.

Fiquei um tempo em silêncio.

Pedro: — Malu... — Suspirei. — Você sabe que é impossível eu amar alguma coisa mais do que amo lidar com a parte artística da carreira do Jão, só mesmo o próprio Jão... — Começo.

Malu: — Mas...?

Pedro: — Mas as coisas não funcionam assim, eu não posso simplesmente largar tudo.

Malu: — Por isso que eu estou falando sobre rever suas prioridades. Principalmente por você, e pela sua saúde, porque eu sei que esse estagio te esgota, mas também seria bom considerar o Jão.

Abri a boca pra responder, mas ela continuou.

Malu: — Porque você não sabe quantas vezes ele falou de você essa semana, todo lugar que a gente ia era "Nossa, o Pedro ia adorar isso", "Vou tirar uma foto pra mandar para o Pedro", "Nossa, preciso trazer o Pedro aqui" e não era porque você faz parte da equipe e sim porque você é importante pra ele, e sinceramente, Pedro, eu não precisava estar te dizendo isso!

Pedro: — Queria que eu fizesse o que, Malu? Ainda não estamos tendo segurança financeira o suficiente pra eu largar o estágio.

Malu: — E desde quendo dinheiro move as suas decisões?

Pedro: — Isso não vem ao caso.

Malu: — Tá, mas e quando você deixar de ser estagiário?

Pedro: — Como assim?

Malu: — Você tá fazendo esse esforço todo pra ser efetivado? E se você for? Acha que vai poder lidar com as duas coisas?

Pedro: — E por que eu não poderia?

Malu: — Pedro, se toca, por enquanto o Jão tá no início da carreira, mas e quando ele explodir e for fazer turnês mais longas? Dessas de ficar semanas fora de casa, como você vai poder fazer parte disso tudo se tiver um emprego CLT? E mais do que isso, como o Jão vai ficar não só profissionalmente falando, mas além de tudo ele é seu namorado, se isso acontecer, você vai ter que fazer uma escolha, e o que você vai escolher?

Travei, nunca tinha parado pra pensar nisso, abaixei a cabeça com a bronca.

Ela segurou minha mão.

Malu: — Olha pra mim. — Eu o fiz. — Você não precisa responder nada disso pra mim, responde pra si mesmo. Qual vai ser a sua prioridade? E eu digo isso porque sou sua melhor amiga e eu quero ver você feliz, como está quando produz alguma coisa, e não morto de cansado como você tá ficando nesses fins de semana. — Ela sorri. — Promete que vai pensar nisso com cuidado?

Pedro: — Obrigado. — Abraço ela. — De verdade, eu juro que vou pensar a respeito. 

Malu: — Eu sei que vai.

Finalmente chegamos no hotel.

Malu: — O Jão vai levar mais ou menos uma hora pra chegar. — Ela diz. — Quer fazer alguma surpresa?

Pedro: — Ia ser muito cafona se eu comprasse flores?

Malu: — Ia, mas com certeza é algo que eu esperaria de vocês. — Ela riu. — Ajuda pra escolher?

Pedro: — Quero sim! — Sorri.

E Se A Gente...? - PejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora