" Não é sobre ser mãe solo aos 25 anos, não é somente sobre ter uma pessoinha de 2 anos, que precisa de mim para tudo na vida, é sobre me levantar, e aprender com os tombos que levei da vida."
Camila Queiroz, uma jovem de 25 anos, moradora do...
Saio do banheiro com a toalha em volta do meu corpo, visto um conjunto vermelho da Calvin Klein, uma calça de moletom preta da Nike, e nos pés um chinelo hide preto da Nike.
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Passo tudo o que eu geralmente passo pós banho, arrumo o meu cabelo num rabo de cavalo meio desengonçado e tcharam, estou pronta.
Arrumo o meu quarto e já desço para a cozinha, entro vendo a minha mãe fazendo um pudim, só porquê eu falei que estava na vontade, assim que eu amo viu?! Bom por demais, já eu vou fazer uma lasanha para a gente jantar, dona Priscila me mandou uma foto deles juntos no campo, vou fazer duas fornadas de lasanha, que aí depois vem todo mundo jantar aqui, a gente assiste um filme ou faz alguma coisa, sei lá.
Bom que eu tento dar uma introsada com o Urso, ele parece ser um cara bacana, e sei lá, ele me desperta uma certa curiosidade, eu quero saber mais sobre ele, mesmo ele tendo falado tudo aquilo sobre a vida dele hoje, eu ainda quero saber mais, e mesmo assim ele não falou muito, acho que ele deu apenas uma resumida no que todo mundo sabe, e eu quero saber mais.
[...]
Eu: já vai mãe?- pergunto trancando a porta, estou indo para o campo encontrar com as meninas, pelo o que parece o Metralha está lá com a Gabi, o Urso e mais um menininho brincando. Mariana: vou ficar só mais um pouco com vocês lá no campo e vou, se não começa a ficar tarde para mim ir- fala e eu confirmo com a cabeça Eu: a senhora que sabe, se a senhora quiser pode dormir aqui- falo e ela nega com a cabeça Mariana: não, não, amanhã eu trabalho cedo querida, tenho que dormir ir em casa, fazer marmita, arrumar a minha bolsa e ir- fala e eu confirmo com a cabeça.
A minha mãe tem um salão lá na pista, e como eu, ela também se trata como apenas uma funcionária, se ela tirar oito mil por mês, fica só com mil e quinhentos que é o mesmo salário dos funcionários dela, e o resto deixa em uma conta guardado, para um emergência, algum plano futuro, quem sabe até para cobrir algum furo do salão.
Nós duas só sobrevivemos a pandemia, graças a esse dinheiro guardado, tanto eu no shopping, quanto ela com o salão dela, seja o do shopping ou a da pista, só conseguimos segurar a barra por causa desse dinheiro guardado que a gente tem.
Mas enfim, descemos juntas para o Campo, de mãozinhas dadas mesmo, ela com a bolsa dela no ombro, e eu com uma blusa de frio da Gabi na mão, está começando a esfriar agora, e a última coisa que eu quero na minha vida, é a Gabriela doente, só eu sei o que eu passo quando essa menina adoece, um inferno danado na minha vida.
Eu: olha lá a minha jogadora cara- falo apontando para o campinho, onde a minha menininha estava jogando com o outro menininho, o Urso e o Metralha Pati: chegaram, finalmente- fala e eu dou risada me aproximando delas, cumprimento elas e vou até a porta do campo Eu: tá fraco mesmo hein Metralha, levando goleada de uma guria desse tamanho- falo e ele me olha dando risada.
A Gabi assim que me viu ja veio correndo já minha direção, e já pulou no meu colo toda animadinha, ergo a minha menininha no colo a enchendo de beijinhos, eita coisinha gostosa de mamãe.
Eu: tava com saudades da mamãe amor?- pergunto e ela confirma com a cabeça Gabi: estava mamãe- fala me beijando no rosto novamente Eu: estava mesmo?- pergunto desfiada e ela confirma com a cabeça- cansou meu amor?- pergunto e ela nega com a cabeça- então vai jogar com o seu amiguinho bebê, faz um gol para a mamãe- falo e ela vai toda feliz.
Aceno para os dois que estavam no gol e vou até às meninas, me sento com elas e rapidinho me aparece uma latinha de duplo malte na minha mão, gosto assim, não posso negar. Logo eles saíram do campo e vieram na minha direção, só que para a minha surpresa a Gabi está no colo do Urso, e o outro menininho que eu acho ser sobrinho do Urso, está no colo do Metralha.
A Gabi está bem grudada no colo do Urso, bem grudada mesmo, os bracinhos em volta do pescoço dele e tudo, essa menina viu?! Nem conhece o homem e já está assim com ele, do mesmo jeitinho que fica com o padrinho ou com o Magrim, eu hein, vou te falar viu?!
Mas também né?! A menina tem dois anos, e ele é o homem que a trouxe de volta para a mãe dela, quando ela se perdeu, até eu que sou eu, nunca vou esquecer do dia que a Gabi saiu correndo por aí, eu estava desesperada na pracinha e do nada, o Urso me suge com a minha filha no colo, só ela para me dar um susto daqueles viu?!
Eu: vem filha, deixa o moço em paz, vem para o colo da mamãe- falo levantando e ele nega com a cabeça Urso: deixa a menina aqui, tá atrapalhando ninguém não- fala e eu confirmo com a cabeça Eu: se você está dizendo, quando cansar é só entregar para mim- falo e ele confirma com a cabeça Mariana: eu não sei vocês, mas eu já vou indo para a minha casa, amanhã ainda é terça-feira e eu trabalho cedo, tchau meus amores- fala e vai se despedindo de cada um, e logo está descendo o morro Metralha: tem o que de bom para comer lá hein Camila?- pergunta ajeitando o menino nos braços e ele me olha atento Eu: fiz lasanha e a minha mãe fez pudim, partiu jantar lá?- pergunto e eles confirmam com a cabeça
Seguimos subindo o morro até lá em casa, todo mundo conversando e rindo, só o Urso que está numa conversa particular com a Gabi, e o Metralha se matando com o menino no colo.
Eu: quer me dar ele?- pergunto para o Metralha que confirma com a cabeça me entregando o menino, e o menino já me olha estranhando.
Sigo puxando um assunto com ele, e rapidinho ele já está todo animadinho, todo solto, conversando comigo sobre o tio e a mãe dele, sobre o que ele gosta de fazer, sobre tudo, um amorzinho de pessoa.
