" Não é sobre ser mãe solo aos 25 anos, não é somente sobre ter uma pessoinha de 2 anos, que precisa de mim para tudo na vida, é sobre me levantar, e aprender com os tombos que levei da vida."
Camila Queiroz, uma jovem de 25 anos, moradora do...
O meu maior desafio é ser mãe solo, sem ajuda do progenitor, ele me largou a Deus do ará com a minha filha.
Bom, eu me chamo Camila, tenho vinte e cinco anos e sou mãe de uma neném de dois anos linda. Tinha um ficante fixo, no caso o progenitor da minha filha, porém acabei engravidando, e ele deixou claro que é para mim falar que a minha filha não tem pai. Enfim... O famoso tipo doador de esperma né?!
Eu moro no complexo da Rocinha com a minha filha, meu melhor amigo mora aqui, João Pedro, o Metralha, sub aqui da favela, o chefe eu não conheço, me mudei para cá ainda grávida e nunca nem vi ele na vida, também não faço a menor questão.
Gabi: mamãe- me chama esticando os bracinho e eu já pego ela do berço Eu: oi minha princesa- falo pegando ela no colo Gabi: tete- pede batendo as mãozinhas e eu dou risada.
Desço com ela no colo e faço o tete dela enquanto ela está com a cabecinha deitada no meu colo, dou o tete da minha filha e deixo a mamadeira na pia, subo com ela para o quarto dela e dou banho nela, coloco a fralda e uma roupinha fresca para o calor que está fazendo hoje, deixo ela brincando no berço e vou para o meu quarto que é do lado, a minha casa só tem dois quartos, tomo um banho rápido, saio enrolada na toalha e vou rumo ao meu guarda-roupas, visto um conjunto de calcinha e top preto, estilo Calvin Klein, só que de uma marca mais barata e que atenda a todos os tamanhos de corpos, uma calça jeans clara rasgada, folgadinha no copor e um tênis da Nike preto.
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Passo perfume, desodorante e arrumo o meu cabelo o deixando solto mesmo, passo uma maquiagem leve e rápida, sobrancelha, rímel e gloos, tudo muito leve, coloco a minha carteira no bolso junto com o celular e vou pegar a minha neném, pego a Gabi no colo junto com a bolsa dela que eu já deixei arrumada e saio de casa trancando a porta.
Subo o morro para a casa do Metralha, aniversário dele, churrasco com pagode, nunca que eu vou recusar né?! Ainda não estou doida meu bem.
Metralha: ela é o pai e a mãe da Gabi, já que o comédia nem deu atenção, mãe solteira nem pede pensão, ela é baladeira, mas segunda-feira, ela acorda cedo para buscar seu ganha pão- canta quando me vê, batendo palma no ritmo de funk Eu: ridículo- falo abraçando ele- parabéns coisa ridícula- falo e ele dá risada, dando um beijo no topo da minha cabeça Metralha: valeu coisa pequena- fala bagunçando o meu cabelo e já toma a Gabi do meu colo- eai coisinha do padrinho- fala fazendo um toque com a Gabi e da um beijinho na bochecha dela Eu: legal que ela me troca por tu rapidinho né?!- falo e ele da risada Metralha: atirada que nem a mãe- fala e eu mostro o dedo do meio para ele Eu: te foder vai- falo e ele só dá risada Metralha: bora conhecer uns parceiros meus, vem coisinha- fala e sai me arrastando pela mão até um grupo de homens, te falar, um mais lindo que o outro, pena que nenhum aqui vale o chão que pisa, muito menos o pão que o diabo amassou - tá de mulher agora Metralha?- pergunta jogando uma bituca de cigarro fora Metralha: sai dessa maluco, aí cambada, minha maninha e a minha afilhada aqui- fala e os amigos dele já me olham com um cara de cafajeste, menos um, o mais bonitin, esse nem ligou para a minha existência- geral longe dos meus nenéns- fala e o o bonitinho olha para mim e para a Gabi que já veio para o meu colo se escondendo em mim Eu: satisfação aí, agora João Pedro, tem comida para a minha filha aí?- pergunto e ele aponta para a mesa que está cervida.
Vou montar o prato do meu baby que não almoçou hoje tadinha, dou a comida na boca dela e fico brincando com ela, menina nunca foi tímida, hoje tá acanhada tadinha, mas acho até bom ela não desgrudar de mim hoje mesmo, só tem bandido e vagabunda aqui pelo visto.
Metralha: vai desgrudar da sua mãe não coisinha?- pergunta se abaixando na frente da Gabi que nega com a cabeça Gabi: medo- fala e eu olho para ela atenta Metralha: medo do que bebê? Aqui só tem amigo do dindo princesa, ninguém vai fazer mal pro cê não princesa- fala e eu sinto um arrepio na espinha, olho a minha volta e vejo o outro lá me encarando Eu: JP, quem é aquele ali?- pergunto e ele olha confuso Metralha: ih menó, fica longe, esse aí é o Urso- fala e eu confirmo com a cabeça Eu: ele é o que?- pergunto curiosa toda Metralha: o chefe, filhote de girico, fica longe, o cara é bacana, mas não vale nem o pão que o diabo amassou- fala e eu confirmo com a cabeça Gabi: mamã, eu posso blincar?- pergunta e eu confirmo com a cabeça Eu: tô de olho dona Gabriela, tô de olho- falo e ela vai brincar com algumas poucas crianças que estão brincando no canto da lage. Metralha: mas fala ae, ela perguntou do pai de novo?- pergunta quando ela se afasta e eu confirmo com a cabeça Eu: pai não, ela pergunta do projenitor dela, pai sou eu que me fodo todo dia de trabalhar para não deixar faltar nada para ela- falo e ele confirma com a cabeça M
etralha: tô ligado já, isso aí tenho nem dúvida- fala e eu confirmo com a cabeça- vai de cerveja hoje?- pergunta e eu confirmo com a cabeça Eu: nunca nego- falo e ele sai rindo para buscar.
Continuo sentada na minha só observando a minha bebê que tá brincando nem lembrando que tem mãe, minha neném é a minha vida, se um dia eu perder a minha filha eu fico doida, gosto nem de pensar! Ela é a minha companheira, tá sempre comigo, lado a lado.
