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Felipe Almeida

Acordo assustado, o corpo todo suado, a minha respiração ofegante, uma dor fodida na costela e na perna. Olho a minha volta vendo que estou no meu quarto, consigo até respirar mais aliviado agora, estou em casa, no lugar que eu posso ficar mais seguro, com a minha família, minha mãe, minha irmã, meus amigos que são os mesmo que irmãos para mim, minha mulher e minha filha.

Desde que eu voltei tenho tido pesadelos com aquele lugar, uma coisa é tu fazer a tortura, outra bem diferente é ser torturado, mas todos os meus pesadelos se baseiam em ver a Camila sendo torturada, violada e morta pelo Lobão e pela tropa dele, isso me deixa doido sempre, o meu maior medo naquele lugar era que alguém pegasse a Camila ou Gabriela, só isso que me preocupava naquele lugar, só essas duas.

Escuto as vozes da Camila e da Gabi do lado de fora do quarto, já abro um sorrisão ao ouvir a voz da minha filha, eu estava morrendo de saudades da minha pequena, estava louco para ver ela quando estava no hospital, todos os dias eu vi a minha mulher, a minha mãe e os meus amigos, mas não queria que ela e o Luiz me vissem do jeito que eu estava, se eu agora ainda estou quebrado, imagina quando eu estava hospital? Estava só o caco, nada além disso.

Me levanto da cama e já pego as muletas, na real eu nem deveria me levantar, por causa das costelas quebradas, só nessa de me levantar e andar de muletas por causa da perna, eu sinto uma dor infernal na costela, que caralho viu?! Posso nem pegar peso, nem nada, assim eu não posso pegar a minha filha no colo, nem o meu sobrinho.

Eu: escutei a voz de uma princesa por aqui- falo saindo do quarto vendo a Gabi de costas para mim, e assim que escutou a minha voz já virou na mesma hora
Gabi: papai- fala toda animada e já vem correndo me abraçando
Cami: cuidado nenê, o seu pai tá machucado princesa- fala enquanto eu encosto uma das minhas muletas no chão e me abaixo um pouco pegando a Gabi no colo- Felipe Almeida, você não pode pegar peso e você sabe muito bem disso- fala e eu faço careta de dor, peguei ela com o braço esquerdo, minhas costelas do lado direito que estão quebradas, mesmo assim senti uma dor do caralho na costela.
Eu: não dá nada não Camila, fica tranquila aí mulher- falo e ela continua me olhando séria, e a Gabi só mexendo no meu cabelo
Gabi: o que aconteceu com o seu cabelo papai?- pergunta e eu dou risada
Eu: papai quis mudar o visual, gostou do corte novo?- pergunto e ela confirma com a cabeça e me abraça
Gabi: senti a sua falta papai- fala e eu dou um beijo no rosto dela
Eu: o papai também sentiu a sua falta nenê, você não sabe o quanto que o papai sentiu a sua falta, saudades sua e da sua mãe- falo e a Camila sorri vindo nos abraçar
Cami: mas agora você está de volta em casa, está de volta para a gente, e não vai sair mais eu espero, vai ser sempre nós três meu amor- fala e me dá um selinho
Eu: nós quatro branca, eu, você, a nossa piveta e quem sabe futuramente um pivete só nosso- falo e ela já abre um sorrinho toda linda
Cami: quem sabe um dia meu amor- fala e eu confirmo com a cabeça
Gabi: eu quero um irmãozinho mamãe- fala toda alegre batendo as mãos já
Eu: um dia bem próximo a gente realiza esse desejo seu meu amor- falo e ela me olha toda feliz da vida já
Cami: por que no lugar de pedir irmão, você não dá o presente do seu pai?- pergunta e só agora eu reparei numa caixa preta nas mãos da Camila
Eu: presente?- pergunto já interessado no assunto, gosto de ganhar presente, viu?! Na real quem é que não gosta?
Gabi: eu pedi para a mamãe comprar para o dia dos pais, mas o senhor não estava aqui- fala pegando a caixa com a mãe dela e me entrega, abro a caixinha vendo uma corrente de prata toda chavejada com um pingente do mesmo jeito, com um C e um G no pingente, com certeza eu vou usar isso aqui em todo lugar que eu for agora
Eu: foi caro isso aqui?- pergunto para a minha mulher que dá de ombros
Cami: não é da sua conta, não se pergunta o preço de um presente, isso é falta de educação- fala tentando pegar a Gabi do meu colo, mas só tentando mesmo, porquê passou longe de conseguir
Eu: obrigado meu nenê, o papai amou o presente, vou usar para todo o canto que eu for agora.

[...]

Olho para a rua pela porta de vidro que dá na janela, as cortinas hoje estão abertas, eu que abri na verdade, estou sem sono, novamente eu tive pesadelos durantes a noite e resolvi abrir a janela para ter alguma distração, mas eu estou mais ocupado olhando a minha mulher dormindo, como eu senti falta dessa mulher, como eu precisava ter ela assim comigo, coladinha, bem juntinha a mim.

Quando eu conheci a Camila eu estava bem foda-se para relacionamento, queria nada com ninguém não, nada sério na real, queria só um lance aqui e outro ali, manter a minha coleção de contatinhos, mulheres de A à Z, mas aí a Camila me conquistou de um jeito diferente, não sei explicar, o jeito dela toda dona de si, esse lance de não dar moral para ninguém, o jeito como ela cuida da Gabi, a forma como ela reage as coisas, que ela leva a vida, isso que me atraiu a ela, incluindo claro a aparência física dela.

A minha mulher é linda para caralho, a mulher mais gata que eu já cheguei a conhecer na vida, é gostosa para caralho e sem contar que é uma mulher foda que só ela, se meteu na linha de frente para me salvar, capturou o Lobão, meteu o louco em geral, vish, todo mundo que foi no hospital me ver já veio falando que a Camila meteu medo em todo mundo, sem contar que ela foi foda para caralho quando me salvou, mais foda eu não conheço.

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