60°

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Felipe Almeida

Uma semana depois

Lobão: hoje vamos fazer uma operação lá no seu morro de novo, dessa vez vamos trazer a sua mulherzinha para cá- fala todo debochado e eu me remexo na cadeira que estou amarrado
Eu: se você encostar um dedo na minha mulher, eu te mato seu filho da puta- falo tentando me soltar, o que acaba sendo impossível, o filho da puta é bom em fazer nó viu?!
Lobão: calma Urso, está agitado hoje? Porquê? Tem medo que eu acabe quebrando a unha da sua mulherzinha?- pergunta todo sínico e novamente eu me debato na cadeira.

Faz uma semana que eles me pegaram, como eles conseguiram isso eu não sei, ainda não entendi como eu fui capturado, só lembro de estar com dois vapores meus, entrando em um beco todo escuro, do nada os dois caras foram para o chão, e eu levei uma pancada na cabeça apagando, só lembro disso, e eu acho que foi assim que eles me pegaram, só pode mesmo.

E foi num único momento de vacilo, eu tava com uma tropa, mandei boa parte dos moleques irem pelo escadão, que a gente se encontrava lá em cima, outra parte eu mandei por outro beco e subi por outro com dois moleques só, mas eu me garanto com dois soldados no meio de uma invasão, sou eu também né?! Como eu fui vacilar assim para ser capturado porra?

Eu já perdi as contas de quanto tempo eu tô aqui, isso aqui é um inferno, eu não tenho notícias da minha filha, sou torturado todos os dias, estou com facadas, provavelmente com uma costela quebrada e com certeza com a perna quebrada, isso aqui é um inferno.

E a tortura não é só física, tem a piscologica também, eu diariamente escuto ele e a Jenifer falando que vão matar a Camila e a Gabi, como vão matar, escuto o Lobão falando da minha mulher, das coisas que ele quer fazer com ela, de como ele vai usar o corpo dela, eu vi ele se masturbando com uma foto da Camila, bem na minha frente.

A única coisa que eu preciso é sair daqui, matar esses dois desgraçados, voltar para casa e ter certeza que a minha família está bem, ver a Gabizinha, sentir o cheirinho de neném dela, ver a Camila, tocar a minha mulher, ver a minha mulher, sentir a minha mulher, não estou falando de transar, mas eu preciso sentir ela comigo, dormir agarradinho de conchinha, sentindo o cheiro do shampoo dela, o cheiro do perfume dela, eu preciso sentir a Camila por completo.

E eu só espero que ela esteja bem, que ela não cometa nenhuma loucura, porquê eu sei que aquela mulher para fazer uma loucura na vida dela, é um dois, uma coisa bem mais rápida do que ela mesmo imagina, eu só quero a minha mulher bem longe de toda essa história, longe de tudo isso. Na real mesmo, eu queria poder os quatro num potinho, a Camila, a Gabi, a Sabrina e o Luís, eu só queria guardar eles quatro longe de toda essa bagunça, pelo menos a minha mãe está bem longe de toda essa bagunça.

[...]

Camila Queiroz

Magrim: atira Camila, vocsabe atirar porra- fala atrás de mim, me ajudando a segurar a arma e a me manter firme no lugar
RK: o Urso ia gostar nadinha de ver isso- fala e o Magrim já se afasta de mim, com os braços erguidos em sinal de rendição
Magrim: tudo no repeito carai, mulher de amigo meu é homem para mim- fala e eu largo a arma na mesa
Eu: não era você que tava pegando a mulher LP?- pergunto indo até o fuzil
Magrim: eu falei mulher de amigo meu, o LP é só um corno manso qualquer- fala e eu dou risada indo até os sacos de areia que ficam pendurados.
RK: vai fazer o que com isso aí carai?- pergunta enquanto eu arrumo a fuzil, mirando bem no desenho de alvo no saco de areia
Eu: se a gente for invadir qualquer canto, eu não vou entrar com uma arma convencional, eu vou entrar de fuzil, e eu já sei usar uma arma desde os quinze anos, porquê não treinar com uma fuzil?- pergunto e dou primeiro tiro acertando bem no centro do alvo.

Logo fui atirando nos outros sacos, parto para as latas e garrafas que ficam mais distante e acerto todas no primeiro tiro, eu chamo isso de ser muito boa de mira, troco o pente do fuzil e a deixo de volta no lugar dela, tudo sobre o olhar atento dos meninos.

RK: caralho viado, ela sabe atirar mesmo- fala levantando e vai conferir cada alvo mais perto, enquanto isso eu vou pegar a minha garrafa de água
Metralha: aí Camila, a tia Catarina tá aí fora com a Gabi- fala entrando e eu confirmo com a cabeça
Eu: já tô saindo- falo pegando o meu celular da mesinha e saio vendo a minha sogra com a minha filha no colo.

A dona Catarina chegou um dia depois do Urso sumir, no caso, no dia dos pais, a gente conversou um pouco, eu tive que explicar o que tinha rolada, mesmo sem saber nada o que rolou, só sabendo o que os vapores falaram e o eu sei, no caso, que o meu marido foi capturado durante um confronto.

Esses dias eu tenho deixando a Gabi na escolinha e quem vai buscar é a minha mãe, e a minha sogra está fazendo questão de ir junto, a Gabi já se apegou todinha na mulher, até de vovó já está chamando, e vice-versa, a minha sogra só se refere a Gabi como "minha neta", acho fofo até.

Engraçado que o Urso e a Sabrina se parecem muito com ela, eu olho para ela e só vejo o Urso, aí bate uma saudade ainda maior no peito, gosto nem de ficar muito tempo com ela, estou evitando ao máximo, o que chega a ser quase impossível já que ela vive lá em casa com a Gabi.

The Sweet Taste Of Sin Onde histórias criam vida. Descubra agora