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Soraya Thronicke

A esperança é algo engraçado, você passa sua vida inteira acreditando que um dia tudo vai mudar, que todos os seus desejos vão se realizar e que sua vida mudará para melhor. Mas basta alguém pisar nesse sentimento que ele já não torna mais presente em sua vida. Todos os meus sonhos e planejamentos foram para o ralo, e será impossível traze-los de volta na situação em que estou agora.

Todos os olhares daquele estabelecimento estavam presos em mim intercalados com pânico ou surpresa, e eu não gostava nenhum pouco do motivo dessas reações. A morena à poucos metros de distância susurrava algo no ouvido do segurança ao seu lado, nunca tirando seus olhos de mim e sorrindo de lado como se acabasse de ganhar um belo prêmio, tremi do último fio de cabelo até o dedão do pé, seu olhar para mim era tão intenso ao ponto de me trazer calafrios.

- Preciso que venha comigo. - Um homem falou, pegando em meu braço e me puxando na direção da mais temida pessoa do local.

Não tive tempo para me debater ou gritar por socorro, quando percebi já estava de frente para ela. Suas íris castanho escuro me analisavam enquanto eu tentava esconder a guerra que estava sendo travada em minha barriga entre o frio e as borboletas apavoradas.

Sua mão estendeu-se em minha direção para tocar nas minhas. Em um movimento rápido e involuntário as joguei para trás do meu corpo e dei alguns passos para trás, assustada com o que ela poderia fazer. O sorriso de lado que abriu-se em seu rosto era assustador, fez meus lábios ficarem trêmulos. Maldita.

- Levem ela.

Sua voz embriagante e rouca soou pela primeira vez. Meus ouvidos estavam confusos com o quão viciante aquela voz poderia ter se tornado.

Assustei-me quando senti duas mãos apertarem cada um dos meus braços. Tentei me soltar do aperto e gritar para que me soltassem, mas nada adiantou, estava sendo levada para fora do lugar, com a morena na frente. Com um pingo de esperança me restando, espernei-me chutando para todos os lados com o desejo de acerta-los e sair correndo para o mais longe dali.

- Me solta. - Rosnei irritada.

Os homens não me deram ouvidos, ao invés disso apertaram ainda mais suas mãos em volta dos meus braços. Quanto mais eu tentava me soltar, mais me machucava o aperto, tinha certeza que eu teria um avermelhado dolorido amanhã, se não um roxo.

- Estão me machucando!

Falei grunindo de raiva e mais uma vez tentando soltar-me de seus braços. Pararam de andar quando nos aproximamos de um La Voiture Noire, nada mais do que o carro mais caro do mundo. A cor preta brilhava exageradamente e éramos facilmente refletidos no veículo.

A Srta.Tebet virou-se para nós com sua face sem expressão alguma. Se aproximou de mim e encarou meus olhos antes de ordenar que me soltassem, quase gemi de alívio quando senti meus braços serem soltados.

Olhei para os dois lados tentando saber se existiria uma mínima possibilidade de eu escapar dali correndo. Intercalava meus olhares entre os lados e seus olhos castanhos escuros que me encaravam. Arriscando minha vida e minha esperança restante, corri para o lado direito em passos apressados e largos ao mesmo tempo em que rezava para que minha fuga tivesse resultado positivo. Olhei para trás enquanto corria e fiquei confusa ao vê-los ainda parados na frente do veículo apenas me encarando correr.

Um baque contra algo me fez parar imediatamente e dar dois passos para trás. Um loiro de olhos azuis me encarava com uma cara nada boa, ali eu já estava me despedindo das minhas irmãs e rezando para que nada lhes acontecece. Sabia que minha vida ali estava pelo fio mais fino que existia.

O loiro agarrou meus dois braços com força e me levou de volta para a morena. Já estava à beira da morte, então porquê não tentar mais uma vez? Não me custaria nada, minha vida já era mesmo. Tentei me soltar mas fracassei novamente.

Quando percebi já estava diante da morena novamente. Ela fez um sinal para o garoto que me prendia e ele soltou-me e entrou no veículo sentando-se no banco do passageiro na frente. Voltei meus olhos para a mulher em minha frente e em um movimento rápido ela me agarrou pelo pescoço e jogou meu corpo contra o carro preto apertando cada vez mais minha nuca. Seus olhos castanhos escuros estavam fuminantes, capaz de criarem vida e me matarem naquele exato momento.

Comecei a tossir quando o ar estava começando a faltar, a olhei desesperada solicitando pelo olhar que me deixasse respirar.

- Olha aqui, Thronicke. Você é uma jovem muito bonita, mas não exitarei em apertar o gatilho da minha arma e atirar no seu crânio. Então, se não quiser ser encontrada com os miolos espalhados pelo chão, acho bom me obedecer.

Ameaçou com sua voz assombrosa apertando cada vez mais meu pescoço. Senti minha visão turva, e esse foi o exato momento em que soltou o aperto, me permitindo respirar novamente. Tossi algumas vezes antes de me recuperar e olha-la com raiva.

Fui empurrada para dentro do veículo e logo dois seguranças se acomodaram nos bancos um de cada lado do meu corpo. A loira ocupou o banco do motorista e logo deu partida acelerando em 180 km/h fazendo meu corpo ser pressionado contra o banco atrás de mim.

Durante o trajeto eu só conseguia pensar em como eu cheguei ali. O que eu fiz para merecer tudo aquilo? Por quê eu estava recebendo tantos castigos? Sabia que agora nada mais seria o mesmo, nem poderia afirmar se continuria viva por muito tempo. Queria pelo menos o bastante para ver minha irmã se formando. Minhas irmãs, fazem tanta falta quanto imaginam... Atena provavelmente estaria agora pulando em minha cama ao mesmo tempo em que fala sobre seus planos para o futuro, Afrodite estaria cantando pela casa enquanto Melissa reclamava com a mesma pela bagunça de seu quarto e Meredith estaria me irritando como sempre faz questão de fazer.

Imagino suas reações quando souberem o que aconteceu. Quando irei vê-las novamente? Acho que a pergunta certa seria; Eu irei ver elas novamente? Eu estarei viva para isso? Ou elas só me verão novamente dentro de um caixão com um buraco no crânio? Já posso imaginar elas chorando enquanto Meredith culpava à si mesma por não ter conseguido me proteger como prometeu.

Credo.

...

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora