Soraya ThronickeDespertei naquela manhã sentindo uma estranha sensação de calmaria e leveza em meu corpo. O sol não estava muito aparente já que as nuvens o cobria totalmente, deixando o tempo nublado e mais tarde, provavelmente chuvoso.
O inverno estava se aproximando cada vez mais e as noites frias seriam rotina por alguns meses. O lado bom dessa estação é que não precisamos ficar dependentes de ventiladores ou água durante o dia, o clima fica frio por si só e isso já é ótimo o suficiente.
Lembro de em todos os invernos fazer chocolate quente para todos enquanto assistiamos algum filme ruim que Meredith fazia questão de assistir. Foram ótimos momentos que com certeza eu gostaria de reviver mais vezes.
- Olha, você acordou. Já estava quase ligando para a funerária para encomendar o caixão. - Sua voz irônica soou assim que abri meus olhos.
Me ajeitei na cama ficando sentada ainda coberta pelo lençol até acima de meus seios e revirei os olhos para a fala da morena.
- Bom dia pra você também. - Eu disse sarcástica.
- Duvido que o dia melhore, então apenas dia pra você. - Respondeu se levantando da poltrona e caminhando em minha direção.
- Aliás, não pense que eu esqueci do que fez ontem, Thronicke. Eu com certeza não iria deixar uma pessoa trair minha confiança e sair impune. - Sorriu de canto e se afastou.
- Vai me matar assim como fez com meu pai? - Pergunto irônica.
- Como eu disse antes, apenas matar será rápido e chato. Prefiro vê-la sofrendo de pouco em pouco, isso com certeza será bem mais divertido. - Disse séria e saiu do quarto.
Bufei incrédula e segui para o banheiro e tomei um demorado banho. Quando terminei, vesti uma calça de moletom branca e um cropped rosa claro que se estendia até a metade da minha barriga. Calcei sandálias normais e passei um pouco de perfume antes de sair do quarto e seguir até a cozinha.
Quando desci o último degrau da escada, pisando na sala de estar lembrei da participação de Irina na fuga e gelei dos pés a cabeça. Não queria que ela fosse punida por me ajudar, nem queria ter metido ela nessa bagunça, e agora eu tinha medo dela ter sido demitida por minha culpa.
Segui em passos rápidos até o cômodo e respirei aliviada quando a vi resmungando pela gaveta não estar fechando, meus ombros automaticamente relaxaram.
- Bom dia. - Murmurei com um sorriso.
- Oh! Bom dia, Sory. - Ela sorriu de volta.
- Fiquei preocupada que não lhe encontraria aqui... - Eu disse e ela assentiu.
- É como eu lhe disse, Simone late mas não morde. Ela sabe que eu tive motivos de compaixão para eu lhe ajudar, acho que por isso nem tocou no assunto comigo.
- Fico feliz e peço desculpas por lhe meter nessa confusão. - Ela sorriu e assentiu em sinal positivo.
- Eu iria dizer que sinto muito pelo seu pai, mas não sinto não. - Irina falou me fazendo rir fraco.
- E não precisa. Ele pagou pelo que fez, uma hora ele teria que pagar pelo que nos fez. - Eu falei suspirando.
- Por que eu sinto que isso lhe deixou mal? - Perguntou calma.
- Mesmo que eu não gostasse dele ainda tinha minha mãe... ela ainda o amava e perde-lo assim deve estar sendo duro para ela. Ele a respeitava, a tratava com carinho e devoção, mesmo que uma vez ou outra discutissem.
- Oh querida, ela vai superar. Além do mais, seus irmãos estão com ela e tenho certeza que irão fazer o possível para deixa-la feliz. - Apoiou sua mão em meu ombro e sorriu carinhosamente.
- Eu espero que sim. - A abraço.
Irina preparou algumas panquecas para que eu comesse de café da manhã e uma vitamina de morango. Eu realmente estava aliviada por nada ter acontecido à ela. É uma mulher tão doce, compreensível...
Quando terminei de comer, segui para a sala de estar e dei de cara com Simone e os irmãos distribuídos pelos sofás. Nilo foi o primeiro a notar minha presença e berrou se lançando contra mim. Acabei rindo por sua atitude eufórica e inesperada.
- Ai meu Deus, já é depois de amanhã! - Ele murmurou animado. Revirei os olhos e não segurei o sorriso.
- O que é depois de amanhã? - Perguntou Kate, curiosa.
- O aniversário dela!
Observei o cenho de Simone franzir em surpresa. Pensei que ela já soubesse...
- Deveríamos fazer uma festa! - Disse o garoto ao meu lado.
- Odeio festas. Principalmente meus aniversários. - Neguei sua sugestão.
- O quê? - Ele rebateu incrédulo.
- Só não é uma data que eu goste de comemorar... Prefiro passar ela como uma dia normal. - Eu disse e ele revirou os olhos emburrado.
- Você é chata! - Ele disse com um bico nos lábios.
- Eu sei. - Pisquei e sorri em sua direção.
Acabei me juntando à eles nas conversas paralelas até o momento em que o assunto se voltou para armas e mortes, ali eu entendi como se estivessem falando outra língua.
- Soraya, você deveria fazer aulas de tiro. Simone poderia lhe ensinar. - Seajenks sugeriu.
- Acho que não, obrigada. Confiem em mim quando digo que sou péssima de mira.
- Confiar em você? Por que deveríamos fazer isso? Não me admiraria que nos dopasse pondo drogas em nossas bebidas. Não foi isso que tentou fazer comigo ontem? - Simone perguntou irônica.
Senti meus olhos pinicarem dando indícios de que tal humilhação seria capaz de me provocar lágrimas, mas tive que as segurar se não quisesse outro motivo para suas provocações estúpidas.
- Simone! - Nilo a repreendeu.
- Não venha defende-la. - Ela rebateu irritada.
- Eu vou para o quarto. Nos vemos em breve, Ni. - Sorri forçado e subi as escadas em passos largos.
- Você pegou pesado. - A voz abafada de Kate soou no andar de baixo.
- Vão embora. Tenho coisas para fazer e estou sem paciência para lições de morais. - Ela rosnou.
Sem paciência era eu quem deveria estar por aguentar ela todos os dias.
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Chefe Da Máfia
FanfictionA vida na Máfia nunca foi fácil para Soraya. Mas seus olhos sonhadores e esperançosos nunca a abandonaram, mesmo em meio a tanto sofrimento Soraya acreditava que um dia tudo iria mudar. E bom, mudou. O futuro resolveu lhe pegar uma peça que mais par...