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Soraya Thronicke

Durante todo o trajeto encarei descaradamente a morena ao meu lado, não me dei o trabalho de tentar esconder, todas as vezes em que seu olhar se cruzava com o meu enquanto o pneu de seu carro blindado cantava pela pista eu tentava ocultar o efeito que aquelas íris castanhos escuros me causavam, e parecendo saber seu efeito descruzava nossos olhares e mordia o lábio inferior ao mesmo tempo em que um sorriso de canto escapava de seus lábios carnudos e convidativos. Ela estava belíssima naquela noite; o terno, a simples maquiagem, os cabelos, os brincos e a calmaria de seu olhar se harmonizavam e a deixavam mais deslumbrante.

Tive de desviar minha atenção assim que o carro desacelerou e segundos depois parou. Ao descermos do veículo encarei a fachada do local absorvendo cada detalhe em minha cabeça para deixar marcado minha primeira vez indo ao grande evento da Máfia.

Caminhei devagar ainda com os olhos vidrados na estrutura moderna e escura com a cabeça levantada, sem atenção para mais nada no momento. Desviei meu olhar rapidamente assim que senti sua mão macia enrolar meu pulso em um forte aperto e sentir meu corpo ser pressionado brutamente em seu carro.

Arregalei os olhos tentando processar a ação inesperada e encarei os olhos castanhos escuros que me fulminavam com o olhar.

- Vamos lá novamente. Estamos em um evento e eu fui obrigada à trazer você comigo já que poucos dias bastou para estar na boca de todo o México como a esposa da Chefe da Máfia, então não tente nenhuma gracinha. Estaremos entrando em um ninho de cobras agora, eles irão lhe cercar até você morrer sufocada e depois espalhar toda informação que lhe forçaram à soltar, por esse motivo esteja sempre na minha sombra e abra a boca apenas para respirar se necessário. - Deu uma pausa. - Tenho olhos por cada mínimo centímetros desse salão inteiro, não arrisque sua vida. Você está uma tentação esta noite, mas um rostinho lindo não sera o bastante para conter minha furia caso saiba de uma tentiva de fuga sua. Estamos entendidas ou precisarei repetir palavra por palavra, mas vou logo avisando, escolha isso e levará um tiro à cada palavra saída de minha boca. - Ameaçou fria.

Era muita informação para uma pessoa qualquer, imagine para mim que estava sentindo o estômago embrulhar e o ar faltar. Não tinha certeza se minha respiração descompassada e o frio na barriga era por conta de sua ameaça ou pela revelação feita pela morena naquela frase. Céus.

Não tive muito tempo para raciocinar, fui puxada bruscamente pela morena até a entrada onde os irmãos extremamente parecidos nos esperavam conferindo os relógios dourados nos pulsos de forma sarcástica. Simone resvirou os olhos e segui até a frente dos irmãos levando-me junto de si.

- Por que a Simone sempre tem que estar na frente? - José resmungou atrás.

- Pelo mesmo motivo de você sempre esquecer de tampar o nariz quando vai queimar as drogas. - Nilo o respondeu de forma debochada.

- Dá pra esquecer isso? Foi só uma vez!

- Claro, até porquê nunca mais mandamos você fazer isso depois desse acontecido. - Simone aumentou a voz, encerrando o assunto.

As portas logo se abriram e senti que iria desmaiar ao ver a quantidade de pessoas presentes no local. Senti algo apertar minha mão e percebi depois de muito tempo que minha mão estava entrelaçada à de Simone. Um calafrio subiu-me, tive de levantar o olhar rapidamente se não quisesse tropeçar e estragar com a entrada triunfal que estávamos fazendo.

- Apenas seja fria e grossa. Nada de simpatia. - Ouvi o susurro de Simone, olhei de canto de olho e percebi que a mesma falava entre dentes, mantendo sempre a postura.

Todos os olhares, sem excessoes estavam presos à nós. Eu nao sabia se sorria, se apenas ficava de cara fechada como Nilo estava fazendo ou então sorria de canto como Simone. Resolvi apenas evitar sorrisos já que ninguém ali aparentava sorrir, credo.

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora