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Soraya Thronicke

Eu estava me esforçando. Tentando com todas as minhas forças acordar daquela escuridão onde eu estava presa no momento, por ela. Minha Simone. Aquela que segurava a minha mão todos os dias e chorava pedindo que eu acordasse, a que me fazia carícias confortantes. Aquela que eu amo.

Eu me sentia quebrada quando ouvia seus soluços agonizantes, queria poder abraça-la e dizer que estava tudo bem, que eu estava bem, mas não conseguia. Seja lá o que estivesse me prendendo ali, não me permitia outra ação a não ser chorar internamente e ouvir todas as suas doces palavras.

Não fazia ideia de quantos dias eu estava daquela forma, mas senti como se fossem décadas. Ela não imaginava o quanto seu toque simples em minha bochecha me dava forças, me dava coragem para tentar mais uma vez. Foi graças à isso que eu respondi seu pedido para não desistir ao liberar uma lágrima depois de tanta luta.

Ouvi seus gritos chamando por médicos e enfermeiras, o botão de emergência sendo apertado e logo uma sirene soar de forma abafada. De repente senti diversos toques em meu corpo, uma agulhada em meu braço, e algo pressionando meu peito esquerdo.

Foi quando algum tipo de choque percorreu meu corpo e uma claridade invadiu meus olhos, me fazendo fecha-los rapidamente. Sentia um ardor sufocante em minha garganta que me fez abrir a boca para respirar melhor.

Pisquei algumas vezes ainda atordoada, tentando me acustumar com a iluminação forte do local.

- Ela acordou, a garota parece ser mais forte do que aparenta ser. Agora basta repouso e nada de estresse. Uma enfermeira virá daqui a pouco para trazer a comida dela. - Um homem falou e logo ouvi seus passos se distanciarem.

Ergui minhas pálpebras pesadas novamente encarando a morena sentada ao meu lado.

- Eu não desisti... - Sussurrei com dificuldade.

Ela se deitou em minha barriga e chorou em meio à soluços altos. Levei minha mão até seus cabelos e acariciei fracamente por conta da minha situação no momento e senti lágrimas molharem meu rosto.

Passamos alguns minutos daquele jeito, apenas chorando e aproveitando a companhia uma da outra até que as lágrimas cessassem por alguns minutos.

- Me perdoe, amor. - Pediu levantando e me encarando com seu rosto inchado.

- Oh, Tutti... você não tem culpa de nada. Pare de pedir perdão, por favor. - Pedi encostando nossas testas uma na outra.

- Claro que tenho, Sweet. Você não estaria aqui, nesse estado se não fosse por mim. - Choramingou.

- Se eu não tivesse nesse estado eu nunca iria perceber o quanto eu te amo, Tutti. Foi durante esse tempo que fiquei desacordada, sentindo apenas seu calor próximo à mim e suas carícias acolhedoras, que eu não consegui mais me enxergar sem você. Então pare de me pedir perdão por isso, eu me machuquei, mas aqui estou, nos seus braços novamente. - Grudei nossos lábios em um selinho fraco pela dor em minha garganta.

- Eu fiquei com tanto medo de te perder... - Admitiu acariciando minha bochecha delicadamente.

- Mas não perdeu, eu estou aqui e permanecerei até que meu tempo na terra acabe, mas mesmo assim continuaremos ligadas, para sempre. - Sussurrei fechando os olhos para aproveitar melhor seu carinho.

- Eu te amo, Swett. - Murmurou contra meus lábios.

- Não tanto quanto eu amo você, Tutti. - Sorrio fraco.

- Felizmente a pessoa que te fez tudo isso agora já não será mais um problema para nós. - Falou calma. Ergui as sobrancelhas e estreitei os olhos.

- O que você fez com ele?

- O mandei pro inferno. - Falou simples. - Juntamente com todos os membros dele que cortei. - Adicionou.

- Você é muito malvada. - A acusei sorrindo. - Mas estou feliz por ele ter recebido o que merecia. Agora estamos completamente seguras.

- Eu prometo te proteger de tudo e de todos, nem que para isso eu tenha que sacrificar minha própria vida. Ninguém nunca vai machucar você, não irei permitir. Moverei céus e terras para lhe tirar um sorriso em um dia ruim, porquê você tem todas as características que me completa, e se você as perder, seremos apenas dois seres iguais. - Declarou secando a lágrima que escorreu de meus olhos.

- Eu prometo resistir por e para você, não importa a situação, eu sempre estarei ao seu lado, porquê eu sou sua calmaria em uma tempestade, e não permitirei que acabem nossa ligação, Tutti. - Falei encarando com intensidade suas íris castanhas.

- Obrigada por não desistir, sei o quanto lutou contra a escuridão apenas para não me deixar, e eu agradeço porquê não sei o que seria de mim sem você, sem a pessoa que continuou ao meu lado mesmo depois de tanta merda que lhe fiz, a única pessoa que não desistiu de mim, a única pessoa que me amou tanto ao ponto de vencer a escuridão da morte. - Sussurrou em meu ouvido fazendo uma onda de energia carregar meu corpo.

- Você luta por mim, eu lutarei por você.

- TAPTAE.

- TAPTAE - Repeti sorrindo.

...

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora