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Soraya Thronicke

Já se passavam das cinco da tarde quando Irina bateu na porta do meu quarto avisando que precisava dar uma saída para comprar algumas coisas que estavam faltando e claro, pediu para que eu não fizesse nada que irritasse Simone. Pelo que parece ela estava uma fera hoje, bom, ela não estava enquanto nos divertiamos mais cedo.

Desci as escadas à procura de algo para me tirar do tédio e da mesmisse de todos os dias aqui trancada. Segui até a cozinha e acabei preparando um sanduíche para eu comer, quando terminei resolvi passear mais pela casa e explorar alguns cômodos que não tive oportunidade de conhecer.

Segui por um corredor que ficava em baixo da escada, haviam muitas portas, mas assim que encarei a porta branca diferente de todas as outras me lembrei que da última vez que tentei entrar ali fui interrompida por Irina. Essa seria a oportunidade perfeita.

Caminhei sem fazer barulho até ficar diante da madeira e pela pequena brecha que haviam deixado espiei o cômodo ficando surpresa com o que vi. Havia uma mulher lá dentro, ela pintava um quadro tão concentrada que não percebeu minha presença. Será que ela também é uma prisioneira de Simone?

Meu olhar se desviou para as pinturas penduradas pelas paredes do local, percebi a extrema semelhança dos detalhes com os quadros na sala de estar, seria ela a SNT?

Tentei me aproximar um pouco mais para tentar enxergar melhor o resto da mulher, mas um ruído da porta me entregou. O olhar da mais velha desviou rapidamente e caiu sobre mim. Seus olhos azuis me encaravam com dúvidas e suas sobrancelhas estavam franzidas em minha direção.

- Quem é você? - Perguntou hesitante.

- S-sou Soraya . - Respondo engolindo seco.

As chances de Simone descobrir o que eu acabara de fazer eram maiores do que minha chance de continuar viva.

- Soraya Thronicke? A garota que Simone trouxe para cá? - Questionou.

Balancei minha cabeça em sinal positivo e ela faz menção para que eu me aproxime mais. Hesitante, abro um pouco mais a porta e dou dois passos para dentro do cômodo.

- Você é muito bonita, Soraya. - Disse docemente.

- Obrigada, Senhora Tebet.

- Oh não querida, apenas Atena. Sei que já é praticamente da família pelo que Nilo me contou. - Sorriu.

- Como nunca lhe vi antes? - Pergunto.

- Eu não saio daqui desde que Simone tomou o cargo de seu pai. Creio que já deve saber da história. - Assinto.

- Como consegue? Não sente falta de andar pelas ruas? Cozinhar? - Pergunto surpresa.

- A falta que eu deveria sentir de fazer essas coisas nem se compara à falta que sinto de Giusepe. - Disse abaixando o olhar.

- Não faz nem duas semanas que estou aqui e já sinto saudade da minha vida antes disso. Dos meus irmãos, da minha mãe, das noites em família, da cantoria pela casa... - Suspiro fundo.

- Minha filha merece alguns tapas de vez em quando. Não sei o que passou pela cabeça dela ao tirar você de sua família e priva-la de quase tudo. Mas...

- Ela é sua filha. - A interrompo.

- Por ela ser minha filha não quer dizer que eu deva passar a mão na cabeça dela quando erra. Pelo contrário. Sei o motivo pelo qual ela lhe trouxe e foi isso que impediu minhas reclamações. Ela ladra mas não morde, fique tranquila. Talvez mais para frente ela lhe conte tudo, vai demorar provavelmente já que esse é um assunto delicado para Simone. - Comentou dedilhando um porta-retrato de sua família completa.

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