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Simone Tebet

Na sala de jantar estavam todos em silêncio, apenas os sons dos talheres colidindo com os pratos era ouvido. Soraya estava sentada em uma ponta da mesa e eu na outra, me dando assim mais chances de encara-la friamente como se estivesse a xingando nos pensamentos.

Me senti estúpida jutamente com o objeto que carregava em meu bolso. Havia passado horas escolhendo e pensando em algo que me remetesse sua ingenuidade e pureza, não achei. Decidi pular para outra ideia, lembrei de sua face serena deitada em meu peito aquela manhã e pisquei meus olhos inúmeras vezes me dando conta do que eu pensava ser impossível estar acontecendo estar se tornando cada vez mais real e assustador.

Suas íris cor-de-avelã encararam as minhas rapidamente e observei seu corpo se encolher com o olhar frio que lancei. Nilo intercalava seu olhar entre mim e ela, provavelmente tentando decifrar o ocorrido já que estivemos juntos todo tempo. Soraya estaria fazendo o mesmo já que suas sobrancelhas franziram encarando o prato com descaso.

Quando terminamos de comer, Irina recolheu os pratos e Rose se voluntariou para ajuda-la. O restante dos meus amáveis irmãos abraçaram à mim e à Soraya e foram embora. Rose os acompanhou minutos depois, deixando assim apenas eu e minha preciosa Soraya no cômodo silencioso.

- Quer me perguntar algo, Sweet? - Pergunto irônica.

- Por que está assim? Estava feliz e de repente fica me encarando como uma pecadora. - Comentou confusa e irritada.

- Ora Soraya, eu nunca estou feliz, e você é uma pecadora, querendo ou não. - Sorrio debochada.

- Você é muito bipolar, uma hora está feliz e agora está sendo uma idiota como sempre é. E eu como uma trouxa pensando que você estivesse tentando pelo menos me dar um dia legal...

- Esse é o maior erro de todos, esperar algo bom de mim. Sempre vão quebrar a cara no final porquê não se espera algo bom de uma assassina, de uma controladora, de uma idiota. - Falo encarando a parede atrás de seu corpo.

- Pois bem, eu não me importo com quantas vezes irei ter que quebrar a cara... - Sussurrou e saiu do cômodo em passos rápidos.

Suspirei fundo e segui até a cozinha onde Irina estava terminando de guardar os pratos do jantar já limpos. Ela percebeu minha presença e parou imediatamente o que estava fazendo e se encostou na pia me encarando.

- Desembucha. - Falou largando o pano de prato.

- Por que você tem que ser assim?

- Pelo mesmo motivo que você contratou. - Rebateu.

- Comprei algo para Soraya... - Ela me olhou surpresa. - Eu sei que fui idiota, tá bom? Só por favor não joga isso na minha cara.

- E por que motivo exatamente você estaria sendo idiota?

- Você não viu? Nilo deu um celular para Soraya falar com a família, e o que me deixou mais irritada foi o que ela disse depois.

- Irritada não seria a palavra certa, frustrada talvez. - Ela ergueu as sobrancelhas. - Ainda não vi motivos para estar sendo idiota.

- Eu...

- Ah sim, eu vi, foi uma idiota com ela antes do jantar, no jantar e depois do jantar. Satisfeita? - Ela me olhou feio.

- Como você sabe? Pensei que estivesse mais interessada nos seios da minha irmã.

- Ora sua... - Ela corou interrompendo a si mesma. - As paredes daqui são mais finas do que imagina, Simone. - Sorriu maliciosa.

- Nem ouse começar, Samartino. - Ameaço. Ela levantou as mãos em sinal de rendimento.

- Vá entregar seu presente à ela. - Disse dando de ombros.

- Não! Ela vai me achar uma idiota, Irina . Ela ganhando coisas caríssimas dos meus irmãos e eu aqui dando a porra de um colar bobo. - Ela revirou os olhos.

- Pois bem, faça o que quiser. Continuo achando que deveria ir entrega-la, tenho certeza que Soraya irá adorar apenas por ter sido comprado com carinho. - Disse.

- Carinho? O que é isso? É de comer? - Perguntei sarcástica.

- Você não vale nada mesmo. - Riu fraco.

Sai da cozinha e segui até o quarto de Soraya segurando fortemente a caixinha de veludo comprida me perguntando se eu deveria mesmo fazer aquilo. Quando dei por mim já estava batendo os nós de meus dedos na madeira clara que compunha a porta. Ela logo foi aberta e revelou uma Soraya pronta para dormir.

Seu corpo estava coberto por um blusão branco que se estendia até pouco menos da metade de sua coxa e chinelos confortáveis nos pés. Ela me olhou e hesitante deu espaço para dentro do cômodo. Me sentei na poltrona cor creme e a esperei se sentar na cama próxima á mim para estender a caixa vermelha. Ela me lançou um olhar confuso e pegou apreenssiva o objeto de minhas mãos.

Engoli seco quando a observei abrir a caixinha lentamente tendo vista para o colar dourado. Ela ergueu seu olhar novamente, mas diferente de antes eles brilhavam, o que fez meus músculos relaxarem. Porra Simone tá parecendo uma adolescente convidando alguém pro primeiro encontro.

- O-obrigada. - Sorriu fraco dedilhando o colar.

- Não gostou? - Pergunto tentando esconder meu nervosismo.

- E-Eu amei... é muito bonito, Simone. - Afirmou o retirando da caixa e erguendo em minha direção.

Ela virou de costa e levantou o cabelo deixando a mostra sua nuca convidativa, levantei e passei o colar ao redor de seu pescoço e o fechei. Selei meus lábios contra sua pele quente assim como fiz no evento da Máfia semana atrás.

- TAPTAE. - Sussurrou segurando o pingente. - O que essa sigla significa? - Perguntou com sua voz trêmula, prendi um sorriso satisfeito pela reação de seu corpo aos meus lábios.

- Vai saber no momento certo, Sweet. - Eu lhe respondi.

- Não lembro de nada com esse nome. - Murmurou confusa.

- É porquê agora não é o momento certo. - Falei se aproximando de seu ouvido deixando um beijo em sua nuca arrepiada.

- Simone... - Sussurrou já ofegante.

- Ainda são onze da noite, ainda dá tempo de mais um presente não é? - Perguntei apertando sua cintura recebendo uma arfada em troca.

- Huhum. - Murmurou fechando os olhos.

...

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora