A Chefe Da Máfia

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Simone Tebet

- Simone ! - Berrou Seajenks pela quinta vez me tirando de meus devaneios.

- O quê, porra?

- Por Deus, já faz meia hora que você fica encarando a parede com cara de cu e não me responde! - Resmungou irritada.

- Só estava pensando em alguns detalhes do casamento, babaca. - Rolei os olhos.

Isso não era mentira, mas também não era a verdade completa. Na verdade, desde que ouvi aquelas palavras saírem da boca de Irina não consegui mais esquece-las. Girava em meus pensamentos apenas os contras daquele sentimento em meu organismo. A fodona Chefe da Mafia apaixonada, isso não tem cabimento algum. Irina só podia estar brincando com a minha cara.

Isso nunca esteve nos meus planos e não é agora que iria estar. Deveria ter tomado as devidas consequências quando tive tempo, mas não fiz e agora me deixei levar por Soraya e me encontro como uma idiota com os sentimentos à flor da pele. Soraya abriu uma cicatriz em mim, aquela que demorou anos para cicatrizar, a paixão.

Poderia estar tudo pegando fogo ao neu redor mas minha cabeça continuava focada apenas no que pensando ser impossível, aconteceu. Isso tudo porquê permiti que Soraya me levasse, deixei ela se aproximar mais do que devia, dei liberdade demais para ela, e esses escorregões me trouxeram um enorme problema que no meu caso, só poderia ser resolvido de uma forma. E será esse método que irei utilizar, voltarei à ser a antiga Simone e toda essa merda de paixão vai acabar.

Nos casaremos porquê é minha única opção e depois disso voltaremos ao que era antes. Nada de afeto envolvido, nada de sorriso, nada de simpatia, nada de pena, e absolutamente nada de paixão. Essa é minha escolha final.

Depois da última reunião antes do casamento, voltei para casa disposta à fazer o impossível para tirar de mim essa capa de sensibilidade e fraqueza que estar apaixonada me fez usar.

Procurei por Soraya em todos os cômodos mas nada da garota. Questionei à Irina e a mesma disse que ela nem havia tomado café hoje, decidi ignorar essa última parte e voltar à procura-la.

Estava caminhando pelo corredor em baixo da escada quando avisto uma pequena brecha em uma das portas que quase nunca são abertas e já sabia que ela estaria ali. Ao me aproximar escutei seu fungado e automaticamente um nó se formou em minha garganta.

Abri mais a porta e encarei seu corpo sentado em uma das poltronas do cômodo com o celular próximo ao ouvido, suas bochechas estavam vermelhas e encharcadas por lágrimas, seus lábios estavam erguidos em um sorriso triste que fez o nó em minha garganta se apertar.

- Te quiero, mamá. - Sussurrou com a voz embargada.

Deduzi que estivesse falando com a família já que fora esse o motivo pelo qual Nilo deu o celular e pelo que posso ver ela decidiu esperar para fazer isso. Talvez não estivesse preparada.

- Estou muito bem, não se preocupe. Sim eu estou comendo direito e dormindo... Não mamá, pare com isso. - Riu fraco.

- Diga às meninas que sinto falta delas e também diga à Meredith que mandei um abraço. - Pediu fungando.

- Tente dormir, está bem? Ligarei todos os dias para Silvana e ela confirmará se comeu direitinho. - Disse fitando o chão.

A porta fez um pequeno chiado, aquele que faz normalmente quando precisa de um pouco de óleo nas imendas, e foi o necessário para ela erguer seu olhar rapidamente e se apressar.

- Preciso desligar agora, mamá. Fique bem, te quiero mucho. - Falou antes de desligar a chamada e vir em minha direção encaixando rapidamente seu rosto na curvatura de meu pescoço, se deixando chorar em meio à soluços.

Respirei fundo e acariciei sua costa tentando acalma-la ao mesmo tempo em que xingava à mim mesma nos pensamentos por fraquejar logo na primeira tentativa. Não iria ser fácil, mas é necessário e inadiável.

Esses sentimentos são sinônimos de fraqueza e depois de tudo que conquistei não iria jogar tudo pro alto por uma paixonite passageira, precisava tomar as devidas providências antes de tudo ir por água abaixo, e para isso terei que machuca-la um pouco.

Me desculpe, Soraya

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