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Soraya Thronicke

O clima do México estava na temperatura perfeita aquela manhã. Estiva acordada para ver o nascer do sol, meus olhos inchados apreciaram da janela aquele maravilhoso acontecimento. Não lembro do momento em que dormi, só sei que foi ajoelhada próxima à janela. De alguma forma acordei da cama, sentia minhas costas doerem e meus olhos arderem, provavelmente por tanto chorar.

Abri os olhos devagar ao acordar para os acostumar com a forte luz do sol que atravessava a janela próxima à cama. Quando os abri por completo quase caí da cama ao observar a morena sentada em uma poltrona cor creme. Seus olhos castanhos escuros densos me encaravam sem expressão nenhuma. Ajeitei-me na cama, também a encarando.

- Vim deixar seu café da manhã. - Apontou o olhar para o móvel ao lado da minha cama. Assenti e desviei meus olhos dos seus, estava começando à me deixar desconfortável.

- Não gostou da cama? - Perguntou.

- Por que pergunta isso? - Rebati.

- Irina disse que veio deixar suas roupas e você estava dormindo no chão. - Explicou com sua voz séria.

- Apenas... estava sem sono. - Respondo.

- Estou saindo. Irei resolver algumas coisas do nosso casamento. - Levantou-se. Meus olhos se arregalaram e eu engoli seco tentando conter minha reação de incredulidade.

- Que casamento?

- O nosso, querida. - Disse me jogando seu típico sorriso provocativo.

- Eu não quero me casar! Ficou maluca?

- Você não tem que querer nada, apenas obedecer. E olha a boca para falar comigo! - Advertiu.

- Não vou casar com você! - Afirmo rosnando.

Ela perdeu a paciência e veio até mim me levantando da cama pelo pescoço e logo me pressionando contra a parede. Seus olhos exalavam ódio e raiva, ótimo momento em que cutuquei o leão com vara curta.

- Presta bem atenção, Thronicke . Não querendo ser agressiva, mas já sendo, você vai fazer o que eu bem quiser. Então você vai sim casar comigo, acho bom não fazer nada que me irrite, mocinha. - Ameaçou, olhando no fundo dos meus olhos. - Agora, se me dá licença, tenho pendências para entregar ao diabo.

Me soltou e gruniu ao sair batendo a porta com força e a trancando em seguida. Olho para o canto do quarto e vejo que os cacos de vidro resultados do meu surto de ódio pela Tebet foram limpos.

Prestes à soltar fumaça pelas narinas vou em direção ao banheiro e retiro minhas roupas para tomar um banho. O local é belíssimo, bancadas de mármore claro, piso e paredes também em cores claras. Um box enorme com portas de vidro e chuveiro. No canto esquerdo do cômodo havia uma enorme banheira que com certeza valeu o preço da minha casa junto com os meus rins saudáveis.

Ao terminar o banho, peguei uma roupa das pilhas que haviam sido guardadas no enorme armário que ocupava grande espaço do quarto, mesmo assim deixando espaço de sobra no cômodo.

Após vestir a calça de moletom cinza e a blusa rosa claro, calcei uma sandália básica e me joguei na cama pegando a bandeja que havia sido deixada. O cheiro de café impregnava o ambiente, deixando-me com cada vez mais fome.

Havia suco de laranja, bolo de chocolate, pão de queijo, frutas diversas e uma xícara de café na bandeja que haviam me deixado. Não perdi tempo e comi de tudo um pouco, se tem uma coisa que não deixo passar é comida. Posso estar com vontade de arrancar o pescoço de alguém (como estou agora) mas basta um pouco de comida para  acalmar meus nervos.

Havia acabado de terminar minha refeição quando a porta se abriu. Uma garota ruiva e baixinha passou por ela e quando percebeu meu olhar sobre ela, sorriu envergonhada.

- Sou Irina. Você deve ser Soraya Thronicke . - Se apresentou.

- Apenas Soraya ou Sory. - Falo.

- Tudo bem, Sory. Posso levar a bandeja? - Pergunta se aproximando.

- Claro. - A entrego o objeto.

- Obrigada, volto mais tarde para deixar seu almoço. - Avisa e sai, fechando a porta.

Espero passar alguns minutos e levanto em um pulo, indo até a porta e encostando meu ouvido conferindo se Irina já estava longe o bastante. Sabia que ela não havia trancado, pois não soou o som das chaves e nem da tranca. Será essa minha chance de fugir daqui? Torço para que sim. Não aguentarei aquela morena mandona por muito tempo mais, e olha que se passou menos de um dia.

O corredor estava silencioso, então girei a maçaneta devagar conseguindo abrir a porta sem que nenhum barulho escoasse, agradeci mentalmente por não rangirem ao abrir.

Conferi os dois lados do corredor vendo se havia alguém vigiando, me surpreendi ao ver que estava totalmente vazio. Andei na ponta do pé até as escadas e desci devagar sempre vigiando os lados para não ser surpreendida com a Tebet ao meu lado.

Quando cheguei na sala, ouvi sons de passos e me escondi rapidamente em baixo da escada. Duas empregadas passaram carregando cestos de roupas limpas e dobradas para o andar de cima. Quando sumiram de vista, voltei à minha fuga e continuei rodando por alguns cômodos. Cheguei à uma espécie de quarto, a porta era branca, diferente de todas da casa. Havia uma pequena abertura que dava vista para dentro do cômodo. Como uma ótima curiosa, me aproximei e apoiei minha mão direita na parede e a esquerda quase encostando na porta semi-aberta. Antes que eu pudesse matar minha curiosidade, algo inesperado aconteceu.

- Não deveria estar aqui. - Uma voz conhecida soou nas minhas costas. Dei um salto assustada.

- Por Deus, Irina! - Coloco a mão no meu peito pelo susto.

- Desculpe, não queria assusta-la. Mas realmente não deveria estar fora do seu quarto, se a Srta. Tebet lhe pega aqui nem quero imaginar o que ela fará com você. - Disse, pegando em meu pulso e me puxando de volta para o quarto.

- Eu quero sair daqui, Irina. Não quero me casar agora, muito menos com ela. - Falo, seguindo a baixinha.

- Sabe que não poderá fazer nada. Quando ela põe algo na cabeça ninguém consegue tirar. Sugiro que tente se acostumar com isso agora, duvido que aconteça um milagre capaz de lhe tirar das mãos dela.

- O que ela quer comigo, Irina? - Pergunto assim que paramos de frente ao quarto.

- Não posso lhe falar sobre isso. Sinto muito, volto mais tarde com sua comida. - Diz me empurrando devagar para dentro do quarto e trancando a porta em seguida. Bufei, frustrada e me joguei na cama.

Foi arriscado o que fiz? Claro. Imagine se fosse a Tebet no lugar de Irina? Eu nem sei se ainda estaria viva para vos contar a história. Mas eu ainda tinha esperança de que eu sairei daqui em breve, não quero viver assim para sempre. E não quero me casar com aquela morena , e muito menos fazer seus caprichos. Ela me trouxe para algo, e eu vou descobrir.

Custe o que custar.

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora