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Soraya Thronicke

Naquele dia eu me sentia mais disposta que o normal. Acordei mais cedo e tomei café junto de Irina que também parecia mais feliz, tive minhas respostas quando observei uma mancha avermelhada em seu pescoço. Ela corou quando perguntei o que aquilo significava, mas depois explicou que Rose havia lhe feito uma visitinha noite passada.

A baixinha me deixou terminando de comer enquanto ia colocar algumas roupas para lavar. Quando terminei, deixei as louças sujas na pia e me virei para sair do cômodo trombando com um corpo parado diante à mim. Sorri fraco ao encarar a morena.

- Bom dia, Sweet. - Falou antes de me puxar pela cintura e grudar nossos lábios com carinho.

- Bom dia. Pensei que já tivesse saído. - Murmurei ao finalizarmos o beijo.

- Ainda está cedo, você deveria ter dormido mais um pouco. - Disse acariciando minha bochecha.

- Eu tentei, mas não consegui mais. - Expliquei e ela assentiu.

- Vou ficar a manhã toda fora, talvez eu volte pela tarde ou se houver algum imprevisto apenas á noite. - Deu um beijo em minha testa e deixou o cômodo.

Bom, acho que devo algumas explicações para vocês.

Depois do incidente, Simone começou a agir de forma estranha. Chegava em casa por cerca de nove da noite e se trancava em seu quarto. Na segunda noite, esperei um pouco antes de entrar em seu quarto e logo em seu banheiro, a primeira cena que vi foi a mesma lavando suas mãos na pia, com uma força anormal para essa simples tarefa, como se houvesse pegado em algo imundo e tentasse lavar até mesmo a mente. Quando desligou a torneira, suas mãos se encontravam avermelhadas, com alguns vestígios de sua pele descascando por conta da força. Ela ficou tensa ao me ver.

Me encostei na porta do banheiro esperando explicações ao mesmo tempo em que sentia meu peito apertar de preocupação. Ela tentou escapar com um sermão por eu entrar em seu quarto sem permissão e depois por ver o que não devia. Isso não adiantou, disse que só sairia dali quando ela me contasse o que estava acontecendo.

Depois de muita insistência da minha parte, ela contou, e eu murchei. Simone disse que desde o incidente ela tem tido pesadelos com a cena, a culpa corroendo seus ossos e uma formigação em suas mãos ao lembrar da forma como apertava meu pescoço. Disse que sentia sua mão suja, com sangue escorrendo depois dos pesadelos onde eu não acordava e ela me matava.

Eu senti meu estômago embrulhar, não de nojo, não de medo, mas sim de preocupação. Eu não sabia daquilo, nunca imaginei que Simone poderia ter sido afetada pela própria ação, mas aparentemente ela foi.

Me aproximei de seu corpo e segurei suas duas mãos vermelhas entre as minhas e pedi que ela parasse de culpar à si mesma. Bom, ela fez aquilo, isso está claro, mas eu não queria que estivesse sendo tão afetada daquela forma. Sei que no início fiquei muito brava, desapontada e triste, porém estava passando com o tempo.

Tentei primeiramente com os argumentos de já ter passado, não tendo o porquê de ficar se torturando daquela forma. Não funcionou. Tentei com o fato de que eu não sentia mais nennhum rancor dela, também não funcionou. Pensei bem e vi que poderia fazer aquilo de um único jeito, o jeito Tebet.

- Não sei porquê diabos você está se corroendo tanto, quem deveria estar se culpando era eu por ter me iludido achando que você dava a mínima para mim, então para com isso.

Isso funcionou melhor do que o esperado. Simone se culpava não apenas pelo fato de ter feito aquilo, mas também por ter feito e eu ter a perdoado antes do que merecia. Ela se sentiu suja, porquê em sua cabeça aquilo que fizera não merecia perdão.

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora