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Simone Tebet

No dia seguinte acordei às oito da manhã e ainda podia sentir vestígios de sono e cansaço graças à minha rotina desregulada e imprevisível. Tomei um banho gelado ao acordar para tentar despertar totalmente, e bom, funcionou bem já que me senti muito mais disposta depois. Aproveitei para trocar os curativos de meu rosto, enquanto fazia isso fechei os olhos por um momento e pude sentir os dedos de Soraya tocarem meu rosto ao coloca-los noite passada. Céus.

Ao chegar na cozinha para tomar o café da manhã, Irina estava tirando algumas coisas da geladeira e assim que percebeu minha presença lançou-me um sorriso e logo voltou sua atenção para o que estava fazendo.

- Soraya já acordou? - Pergunto mordendo um morango.

- Sim Senhora, mas rejeitou a comida. Insisti várias vezes, porém em todas foram a mesma resposta. - Falou.

- Ela precisa comer, vá chama-la e diga que eu estou ordenando que ela desça. - Eu disse, enchendo um copo com água.

Irina assentiu e logo deixou o cômodo. Pude ouvir seus passos ao subir pela escada. Poucos minutos depois Irina voltou à cozinha e atrás dela vinha Soraya com sua cabeça baixa e corpo encolhido. Franzi minhas sobrancelhas ao assiti-la apenas se sentar na mesa e começar a comer em silêncio, nunca levantando o olhar.

Acabei não interferindo. Lembrei de sua crise de choro noite passada, talvez apenas não queira ser vista com olheiras profundas e olhos vermelhos.

Assim que terminei minha refeição, me levantei e ao mesmo tempo ouvi a porta da frente ser aberta e gritos logo foram ouvidos. Os irmãos Tebet's estão de volta...

- Dá pra parar de gritar? - Resmungo adentrando a sala de estar.

- Ogra. - Rose resmungou de volta.

- Onde está a minha Tini Tebet? - Nilo perguntou correndo para a cozinha. - Você está viva! Ai credo... - Ouvi sua voz dizer da cozinha.

Revirei os olhos e me joguei no sofá encarando os loiros de olhos azuis começarem uma discussão idiota.

- Brigando de novo? Vocês não cansam? - Nilo perguntou adentrando o cômodo. - Essa é Soraya.

Apontou para a garota ao seu lado que agora já tinha levantado a postura e lançava um fraco sorriso na direção de todos. Nilo apoiava seu braço no ombro da loira e sorria cúmplice para a mesma.

- Puta merda, carne nova! - Murmurou Seajenks analisando Soraya.

- Já disse que vamos nos casar próxima semana? - Cortei Seajenks e sorri debochada na direção da mais nova.

José não se segurou e explodiu em uma gargalhada se contorcendo no sofá enquanto apontava para mim. Babaca.

- Simone casando? - Perguntou irônico assim que a crise de riso passou.

- Essa é nova. - Murmurou Kate ao meu lado.

- Você não vai casar com ela. - Rebateu Nilo apertando Soraya contra si.

- Sabe que essa escolha não é minha, Nilo. Nunca cogitaria fazer isso.

Todos mudaram de assunto vendo que eu estava quase estourando e atirando pro alto. Soraya apenas se mantinha calada, uma hora ou outra encarando um ponto fixo e se perdendo nos próprios pensamentos.

- Eu vou indo, as loirinhas do Good Look bar estão me esperando. - José se levantou e sorriu malicioso.

- Seu nojento, sai daqui. - Seajenks o empurrou em direção à porta.

- Esse estresse seu e da Simone é falta de sexo. - A provocou e foi alvo do salto de Seajenks que infelizmente agarrou na porta já que ele fora mais rápido. Nem me dei ao luxo de responde-lo, ele estava certo. Faz tempo que não tenho uma boa foda que aliviasse minha tensão acumulada.

- Amanhã terá o evento da Máfia, precisamos comprar nossos vestidos antes que aquelas piranhas filhas do André peguem os melhores. - Rose levantou-se.

- Vou com vocês, e Soraya irá comigo. - Nilo falou.

- Vai porra nenhuma. Ficou maluco? - Me altero.

- Eu vou estar prestando atenção nela Simone, além disso ela também precisa de um vestido.

- E quem disse que ela vai? - Indaguei.

- Você precisa levar sua esposa! - Rebateu.

- Posso até leva-la, quanto ao vestido não é necessário que ela saia. - Gruni.

- Por Deus, Simone. Deixa esse seu lado rabugenta pelo menos por uma única vez, não é como se eu fosse com ela até a esquina e a soltasse. - Falou, irritado.

- O que me garante isso? Você e elas são próximos.

- Eu irei acompanhar os dois, Simone. - Rose se meteu na conversa.

- Não pode deixar a garota trancada aqui pelo resto da vida, lembre do que eu lhe falei naquele dia. - Alertou Nilo.

- Maldição. - Resmunguei. - Se voltarem sem ela eu juro que mato vocês.

- Vamos querida, deixe essa velha rabugenta pra trás e vamos comprar um belíssimo vestido para você. - Nilo a puxou até a porta, Rose, Kate e Seajenks os acompanharam e antes de sair, Rose lançou-me um olhar de "fica tranquila".

Observei a porta ser fechada com um estrondo e logo me ouvi bufar. Subi para meu escritório em passos largos ao mesmo tempo em que sentia meus nervos se exaltarem, se Soraya fugir eu faço questão de colocar Nilo para procura-la e quando ele achar, matarei os dois sem hesitar. Tudo bem, talvez Nilo escape, mas Soraya... Pode apostar que não.

Assim que pus os pés dentro do cômodo que cheirava à papeis, o toque estridente do meu celular soou pelo local. O deixei tocando até que eu me acomodasse na cadeira, suspirasse bem fundo e finalmente atendesse.

- Quanto tempo terei que esperar até que diga o que quer comigo? - Questiono impaciente depois de alguns segundos em silêncio total.

- E-eu gostaria de f-falar com... com a S-Soraya... por favor. - Uma doce e trêmula voz soou na linha.

- Posso saber com quem estou falando?

- He-Helena, mãe de Soraya... - Suspirou fundo como se acabasse de soltar algo inesperado.

- Que ligação inesperada Senhora Thronicke . - Sorri de canto. - Infelizmente não poderei realizar seu pedido já que ela não está no momento. Ligue outro ano, talvez tenha sorte.

- Por favor, Soraya é muito importante para mim, sinto falta dela... Desde que foi levada por você não tenho dormido ou sequer comido direito cercada por medo e preocupação, preciso apenas ter certeza de que ela está bem, apenas ouvir a voz dela... será o bastante. - Suplicou com a voz embargada. Merda.

- Senhora Thronicke , como eu havia dito antes, ela não está aqui no momento. - Suspirei. - Mas assim que ela chegar retomarei sua chamada e deixarei que ela fale com você por alguns minutos. É o máximo que posso fazer para você.

- Oh sim, está ótimo. Muito obrigada, apenas ouvir sua voz será mais que o suficiente. - Disse agradecendo.

Desliguei a chamada e silenciei meu celular para conseguir me concentrar no trabalho sem ninguém me interrompendo.

...

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora