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Soraya Thronicke

Já era noite, especificamente hora do jantar, e minha vontade de comer naquele momento estava zero. Falar com mamá depois de tudo o que aconteceu e ouvir sua voz fraca e derrotada me deu um embrulho no estômago que só abraçando ela isso é capaz de acabar. Sei que ela está sendo bem cuidada por meus irmãos, mas ainda sim quero me certificar de que esteja comendo direito e dormindo o tempo necessário.

Mesmo sem fome, Irina insistiu e me trouxe uma bandeja com uma tijela de sua sopa maravilhosa e um copo de suco de laranja para meu quarto. A abracei e agredeci pela insistência, depois de sentir aquele aroma maravilhoso minha fome havia voltado com tudo.

Todavia a mais velha parecia estranha, ou melhor, apreenssiva. Continuou parada ao lado da minha cama repuxando a manga de seu suéter verde claro até cobrir as mãos e encarando o chão com dúvida.

- Irina? - Ela levantou a cabeça rapidamente. - Está tudo bem?

Ela engoliu seco e soltou o suéter agora com as mãos na cintura. Respirou fundo antes de falar.

- Hum... bom, a partir de amanhã... Você voltará à ficar apenas dentro do quarto. Trarei comida para você nos horários assim como antes. - Disse tristemente.

- O quê? - Pergunto erguendo minhas sobrancelhas.

- F-Foram ordens da Senhora Simone, eu só estou fazendo o que ela me pediu. - Me olhou tensa.

- Simone? Por quê isso de repente? - Questionei incrédula.

- Não me faça perguntas difíceis, Sory. - Balançou a cabeça em sinal negativo e se apressou à caminhar até a porta.

- Onde ela está? - Perguntei.

- No escritório, não aconselho que vá até lá, ela odeia que a atrapalhem. - Disse antes de sair deixando apenas eu no cômodo.

Percebi mínimas diferenças em Simone desde que chegou, como seus ombros mais tensos, olhos sérios e sem mais daquele brilho que carregavam naquela manhã. Mas tudo ainda era confuso, qual o motivo para isso? Não lembro de ter feito ou falado algo que a atingisse de forma ruim.

Deixei a bandeja sobre a cama, saindo do quarto e tirando uma coragem dos infernos me dirigi em passos largos até seu escritório. Logo parei de frente à porta escura e como havia uma brecha aberta, apenas a empurrei e adentrei o cômodo. Uma puta decisão de merda, eu sabia, mas não voltei à atrás.

- O-Olá. - Falei ao encarar a morena sentada atrás de sua mesa.

Ela não tirou os olhos do que estava fazendo, pensei que não tivesse me ouvido, mas logo ergueu o olhar e fulminou-me com os olhos.

- Entre aqui sem bater mais uma vez e haverá consequências, Thronicke . - Disse séria, fazendo arrepios correrem por meu corpo.

- Mas esta é minha casa também. - Rebati.

- Você acha que só porquê mora aqui tem direito à tudo o que minha família demorou anos para conquistar? Se eu te digo para não entrar, você não me questiona, porra! - Rosnou batendo as duas mãos na mesa ao levantar rapidamente.

Engoli um soluço que ameaçava escapar, meus olhos já comecando á arder.

- Eu não vou ficar calada e aguentar a porra das suas ordens ridículas, Senhora Tebet! Que se foda seu ego estúpido se achando a dona do mundo e mandando em quem quiser, eu não sou pau mandando de ninguém. - Falei aumentando minha voz, sentindo meus olhos queimarem. - Você é só uma pessoa normal, que se acha no direito de mandar em quem quer, talvez porquê apenas assim você não vai ficar sozinha. Olhe para mim, me prendeu em um quarto durante duas semanas com medo de que eu escapasse,e sabe o por quê? Porque sabe que ninguém quer ficar perto de você!

Pisquei e o hálito da morena já se misturava com o meu, sua mão em volta do meu pescoço forçando cada vez mais o aperto. Já respirava com dificuldade, tendo que abrir a boca para ajudar.

Diante de tudo o que eu já tinha ouvido falar sobre ela, me perguntei se era naquele momento que tudo acabaria para mim. Seus olhos castanhos escuros estavam selvagens, com uma frieza sem igual, e eu não duvidava de que poderia me ser a próxima morte em sua agenda.

Quando senti o aperto ficar mais forte, me debati contra seu punho, tentando puxar um resquício de ar para alimentar meus pulmões. Encarei seus olhos que começavam a ficar embarcados pela falta de ar. Quando senti meus olhos pesarem, ela soltou o aperto rapidamente, mas não adiantou. Fraca, caí sobre o chão frio e senti minha cabeça colidir contra alto pontudo e a dor inundar meu subconsiente.

Apaguei de imediato.

A Chefe Da Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora