..P.O.V Henrique
Troquei um rápido e breve olhar com Alice quando ela saiu da sala para que eu pudesse entrar, suas bochechas estavam coradas e se eu a conheço bem poderia jurar que ela estava constrangida. Mas, não tivemos tempo de conversar. Entrei na sala e notei o entrevistador comparando dois papéis. Respirei fundo e me sentei na cadeira a sua frente. Ele me direcionou um bom dia bem breve e eu apenas acenei com a cabeça.
- Antes de começar, gostaria de saber se não estão infligindo nenhuma lei para que ela fique no país e se assim continue sendo a vice-presidente da leluvo. - apenas neguei com a cabeça. - Não quis falar para ela por ter notado o estado de nervosismo, mas recebemos uma ligação informando sobre um possível contrato de vocês. - olhou novamente para o papel, voltando para mim. - Você nega essa acusação?
- Cla-claro! - gaguejei, lembrando que somente Angelina sabia da nossa farsa inicial. - Poderia dizer o nome de quem denunciou?
- Não. - negou com a cabeça. - É uma denuncia anônima.
- Certo... - respirei fundo. - Podemos começar.
- Então vamos lá.. - segurou a caneta, correndo o olho no papel. - Henrique Ferraz , nasceu no dia onze de fevereiro de mil novecentos e oitenta e seis, reside em Upper East Side, área leste do central park. Correto? - fiz que sim. - Assim que foi dado entrada ao visto de noiva começamos a estudar suas vidas, entrevistamos colegas de trabalho, vizinhos familiares e se duvidar até os animais de estimação que vocês tem. Se a respostas não baterem, você corre o risco de ser detido de oito meses a dois antes e pagar multa de duzentos mil dólares ao estado de Nova York, enquanto ela volta para o país de origem sem chances de reabrir o processo de visto e voltar. Tem certeza que quer continuar com isso?
- Sim! - respondi sem pensar muito. - Podemos começar.
- Hã, primeira pergunta. Como foi que conheceu Alice?
- Nos conhecemos num bar, fiquei encantado com a beleza dela e a chamei para sair.
- E ela te mencionou sobre a nacionalidade dela?
- Falou sim, e não vi nada demais por minha mãe também ser brasileira. Eu comentei que havia morado por lá e então ela disse que era do Brasil.
- E por qual motivo esconderam o relacionamento de vocês?
- Por medo dela, ela não queria que sua nomeação como vice-presidente da revista tivesse algum murmúrio por ser minha noiva. Queria a promoção por mérito próprio. O chefe dela e minha mãe são muito amigos.
- Ok.. - riscou o papel. - Data, mês, e ano em que ela nasceu.
- Dia dezoito de março de mil novecentos e oitenta e nove.
- Com quantos anos ela veio morar aqui?
- Dezessete!
- Cita uma paixão dela.
- Giovanna ama publicitária, escutar músicas de adolescente, cozinhar, a especialidade dela mesmo é comer. Deus, como come aquela mulher..
- E com quantos anos Alice perdeu a virgindade?
- Hã? - não entendi a pergunta, era sério isso?
- Quantos anos ela tinha quando de relacionou pela primeira vez?
- Eu ouvi a pergunta... Hã, ela tinha dezoito!
- A cor favorita dela?
- Azul e preto! - ele riscou o papel.
- Nome da secretaria?
- Lee!
- Lee de que? Só Lee?
- Sim, eu a conheço por Lee, se tem outro nome eu não sei.
- A mãe da Alice teria quantos anos se estivesse aqui?
- Não sei, o que eu sei é que os pais dela morreram muito jovens, Alice tinha apenas 7 anos.
- E sua tia por quem ela foi criada?
- Sara morreu ano passado, de leucemia, e tinha apenas 56 anos.
- Jovem... - observou, eu concordei. - Agora eu preciso saber... Quando vocês estão tendo relações sexuais, qual a posição em que costumam ficar?
- O quê? - perguntei surpreso,
entendendo o porquê Alice parecia constrangida. - Espera, você tá me perguntando sobre a posição sexual que usamos na hora do sexo?- Sim, você pode responder?
- Eu não vou te dizer as posições sexuais que uso pra transar com a minha mulher!
- me alterei um pouco, ele levantou os olhos dos papéis e me encarou.- Senhor Ferraz, eu não tenho interesse algum na vida sexual de vocês, mas se a pergunta está aqui, eu tenho que fazer, e garanto que se o senhor responder rápido, acaba rápido! - voltou o olhar para o papel, respirei fundo. - E então?
- Não temos uma posição específica, eu acho que ninguém tem, não é?
- Mas todos tem uma preferida, qual é a dela?
- Eu não vou te responder isso! - fechei o punho com força, sentindo vontade de quebrar a cara desse idiota.
- Não vai?
- Não, eu não vou!
- Ok! - anotou algo no papel. - E a cor do lingerie que ela está usando hoje?
- Eu preciso mesmo responder isso? - ele somente fez que sim. - Ok, a cor é azul.
- Senhor Ferraz eu preciso que o senhor entenda que não estou sexualizando a essa entrevista ou a sua esposa, mas as perguntas estão aqui, é sobre a intimidade de vocês, e o quanto mais você conseguir me responder, mais chances de ficar ela tem.
- Nós dois sabemos que ela está grávida e vocês não podem deportá-la, então não tem o porque insistirem nisso e
nos constranger com esse tipo de pergunta!- Ok, temos provas de que ela está realmente grávida, mas será que realmente esse filho é seu?
- Oh não, não é meu, é seu! - rosnei.
-Por favor, entenda o que estou dizendo... Eu já atendi casos de mulheres que engravidaram somente pra passar nas entrevistas e poder ficar no país, e depois, alguns "maridos" confessarem que o filho não é deles!
- Ok Henrique, não é da minha conta, podemos retomar as perguntas? Você irá responder?
- Sim, não vejo sentindo, mas vamos lá.
Ele me faz mais algumas perguntas sobre Alice, perguntas leves, nas quais eu consegui responder com facilidade, não mais tocou no assunto sexo e pareceu entender que eu sabia sobre leis, e não mais passou do pinto nas perguntas. Eu ainda estava puto, querendo socar a cara dele, mas respirei fundo e consegui levar até o fim. Quando terminou, ele me desejou boa sorte e eu saí da sala, com a promessa que eles entrariam em contato caso alguma dúvida surgisse. Agradeci e segurei a mão da minha esposa, que agora não parecia tão constrangida quanto inicialmente. A beijei de leve e dei a notícia que a deixou radiante, o visto dela havia sido aceito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contrato de Casamento Vol 2
RomanceAgora casados, Henrique e Alice irão lidar com a felicidade e também as dificuldades que a vida a dois traz