Capítulo 11 - Família de dois (inédito)

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Ao perceber que aquela discussão não os levaria a lugar nenhum, Henrique deixou que Alice terminasse de subir as escadas e ficou ali sozinho, tentando de algum modo esfriar a cabeça. Alice entrou no banho para tirar a areia do corpo, enquanto ele preparou uma bebida e sentou-se perto da piscina, que ficava do lado oposto à praia. Quando ela saiu, o procurou pela casa, e o avistou no lado externo pela porta de vidro. Não queria mais brigar, sabia que não poderiam ficar naquele clima justo em sua lua de mel, mas, como iria encará-lo agora sabendo que ele queria ir embora. Por ela eles ficariam ali, aproveitariam juntos tudo o que aquele lugar paradisíaco tinha a lhes oferecer. Suspirou pesadamente e seguiu até onde ele estava, ainda na piscina. Ao vê-la se aproximar, Henrique franziu a testa, não sabendo ao certo para que ela havia ido ali. Pra brigar? Pensou, e a simples ideia o fez suspirar cansado, não queria ter que brigar novamente com ela.

- É... eu vim saber se quer comer alguma coisa... – se aproximou timidamente, abraçando o próprio corpo.

- Ao meio dia eles servem, mas se estiver com fome eu posso adiantar alguma coisa. – ele respondeu, torcendo para que não voltassem novamente ao assunto da praia.

- Não. – sentou-se ao lado dele, mas o olhar estava na piscina.

- Ok... – murmurou, largando o copo ao lado de seu corpo.

- Aqui é lindo! – comentou. – Não tinha vindo aqui fora ainda. – deixou que sua mão tocasse a água.

- É, é lindo sim. – disse fitando-a, mas não se referia a área externa e sim a beleza dela que era iluminada pelo sol. – Você quer? – perguntou depois de um tempo, já que haviam voltado a ficar em silêncio e ele queria continuar conversando.

- Não! – fez uma careta ao olhar o copo erguido na mão dele. – Só de ver meu estômago embrulha. – estirou a língua pra fora, ele soltou uma gargalhada.

- Tudo bem. – entornou a bebida, e ela balançou a cabeça ainda fazendo careta. – Duvido que você vai conseguir ficar aqui esses dias todos sem beber.- debochou.

- Mas... nós... nós vamos ficar? – questionou, olhando no fundo dos olhos dele.

- Você quer ir mesmo embora? – seu olhar triste amoleceu o coração dela.

- Não, foi você quem disse que não deveria ter saído de Nova Iorque. – deu de ombros, voltando a olhar para a piscina. – Eu quero ficar, quero muito ficar, mas, se você quiser ir eu...

- Não! – a interrompeu. – Eu só quero que a gente fique bem!

- Como eu ia dizendo, se você quiser ir eu ligo pro piloto do jatinho e ele vem pegar você! – provocou.

- Como assim, vem me pegar? – arqueou uma das sobrancelhas.

- É! – deu de ombros. – Tenho duas semanas de férias, não vou ir embora e deixar essa paraíso pra trás. – abriu os braços. – Sem contar que já está tudo pago e eles não fazer o reembolso do valor gasto.

- Então você me deixaria ir sozinho? – fingiu indignação, ela fez que sim sorrindo. – Eu vou me lembrar disso depois... – ela gargalhou. – Tem mais uma coisa que eu queria falar!

- O que?

- Queria te pedir desculpas por aquele inconveniente com aquela maluca. – ela fechou a cara. – Eu não tive culpa. Juro, jamais faria qualquer coisa pra te magoar!

- Tudo bem. – balançou a cabeça tentando espantar a imagem da mulher grudada nele. – Deveríamos ter pesquisado sobre o local antes.

- Faremos isso a partir de agora! – afirmou. – Mas aquele barman... – agora era ele quem tinha a cara de poucos amigos. – Não gostei!

- Não aconteceu nada demais, relaxa. – acariciou o rosto dele, e logo voltou a olhar para a piscina. – Eu quero voltar aqui mais vezes.

- Eu também! – afirmou. – Imagina só, nós dois com a família toda aqui.

- Família toda? – ela sorriu. – Certamente sua mãe passaria a viagem toda reclamando do sol ou dos pés sujos de areia sujando a casa!
– ela riu do próprio pensamento. – E o Vitor me chamando de Lice gatinha o dia todo? – fingiu uma expressão sofrida. – Eu não ia aguentar dois dias!

- Mas quem disse que estou falando deles? – ele perguntou, ela levantou uma das sobrancelhas confusa.

- E de quem está falando? – questionou. – Porque fora a sua família, a família da Ana que é minha família do coração, só temos um ao outro.

- Estou falando da nossa família! – disse simplesmente.

- Nossa família de dois? – ela sorriu, se aproximando um pouco mais dele.

- Somos nós dois por enquanto, mas você já pensou em uma viagem assim com os nossos filhos? – ele a olhou sorrindo, Alice arregalou os olhos surpresa com o pensamento dele.

- Nossos filhos? – questionou. – E você diz filhos, no plural assim?

- Imagina só? – fechou os olhos por um momento, e Alice sentiu o amor que tinha por ele transbordar. – Quero pelo menos quatro! Já consigo imaginar a bagunça, os gritinhos que seriam.

- O que? – quase engasgou com a própria saliva. – Quatro? Que papo mais besta, Henrique.

- Por quê?

- Como por quê? Porque sim oras, porque sim.
– deu de ombros. – Quatro é um número muito extenso.

- Eu não acho que seja. – rebateu. – Eu queria.
- Você sempre disse que não queria ter filhos...

- Não, eu não disse isso.

- Disse sim.

- O que eu disse foi que não via alguém em meu futuro com quem eu pudesse ter filhos! – ela sorriu, e ele entendeu aquilo como um sim. – Eu não queria ter filhos até conhecer você! – segurou a mão dela. – Agora imagina só, uma menininha com seus cabelos correndo pela casa com um urso rosa nas mãos... – suspirou. – E um garotão chutando bola e quebrando todos os objetos da mesinha de centro.

- Ah, mais ai quem surtaria seria você! – ela riu. – Ia surtar por causa de uma baguncinha.

- Eu ia amar!

- Você fala isso agora, quero só ver quando isso for um fato.

- É, eu acho que ia surtar mesmo. – ela apenas sorriu. – Mas ai amar sim, com toda

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