P.O.V Alice
Quando a secretária chamou o meu nome, meu coração disparou, e eu tentei respirar fundo para não vomitar mais uma vez. Henrique me lançou um sorriso tranquilizador, e aproximou os lábios dos meus me dando um selinho leve, sussurrando também que estaria me esperando ali. Suspirei, e depois de mais um selinho rápido em meu marido caminhei de encontro a mulher bem vestida que me aguardava. Aquela porta tão grande e marrom me apavorava. Sabe aquelas cenas de filme de terror em que nitidamente tem escrito "não entre aí" é mesmo assim a personagem burra entra? É assim que me sinto nesse momento. Quando ela toca a maçaneta da porta e ela finalmente se abre, solto um suspiro de alívio. Por dentro, estava longe de ser como eu imaginava. Assim que adentrei, a sofisticação do local me tirou me fez esquecer por um minuto o que eu realmente fui fazer ali. As paredes eram de madeira maciça, o verniz refletido nela dava um charme todo especial. A mesa estava longe de ser abarrotada de papeis e decoração com flores plastificadas, que era o que eu imaginava. No lugar, era uma que mais parecia uma bancada de mármore preta, com alguns desenhos nela. Eu estava tão encantada que por um segundo imaginei aquela decoração em minha sala, as cadeiras eram... espera, ele estava ali, o entrevistador estava ali, e eu ao menos havia me dado conta disso.
- Bom dia Sra Ferraz. - sua voz ecoou, e então me dei conta que ainda estava parada próxima a porta. - Pode se sentar por favor! - apontou para a cadeira a sua frente.
- Bom dia.. - murmurei, o desespero novamente batendo.
- Bom... - fez uma pausa me esperando sentar. - Quase não sai essa entrevista, hein?! - olhou para o arquivo que estava em suas mãos. - Alice Monteiro, e, agora, Alice Monteiro Ferraz, vinte e oitos anos, reside em central Park West, entre a quinta e oitava avenida... - lia meus dados pessoais por sob o óculos que usava. - Confere? - levantou os olhos do papel, me encarando, apenas fiz que sim com a cabeça e então ele continuou. - Bom, desde que foi dado entrada ao visto de noiva começamos a estudar suas vidas, entrevistamos colegas de trabalho, vizinhos, familiares e se duvidar até os animais de estimação que vocês tem. - engoli em seco.
- Já sabem os riscos que estão correndo caso as respostas não batam?- Sim, estamos cientes de tudo. - afirmei.
- Então podemos começar? - questionou, novamente fiz que sim. - Quando foi que você conheceu Henrique Ferraz ?
- Eu... eu o conheci num bar.
- Num bar? - ergueu uma das sobrancelhas. - E o que mais?
- Nós conhecemos, ele me chamou para sair e então foi acontecendo...
- Certo... Você mencionou a sua nacionalidade em primeira instância? - questionou, e imediatamente me lembrei de Henrique me dizer pra chegar o mais próximo da verdade.
- Hã, sim, mencionei sim. - respira Alice, não gagueja. - Mencionei quando ele disse que morou por um tempo no Brasil.
- E quando foi que vocês decidiram se casar, e se tinham planos, por que esconderam de todos? Porque pelo que minha pesquisa apurou, ninguém sabia sobre o noivado de vocês até que seu visto foi negado. - falou de forma solene, olhando no fundo dos meus olhos.
Respirei fundo, o que eu iria responder? A resposta era...era o que mesmo? Já não conseguia raciocinar direito. Ele é tão intimidador que até eu, que nunca fico sem palavras, não sabia o que responder para aquele homem.
- Eu só tinha medo que nossas imagens associadas fizessem minha nomeação como vice-presidente da leluvo parecer um favor.
- Um favor?
- Sim, meu chefe e presidente da revista é um amigo íntimo da família dos Ferraz, então me reservei para não parecer que minha nomeação ao novo cargo era por estar noiva do filho da melhor amiga do meu chefe.
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Contrato de Casamento Vol 2
RomanceAgora casados, Henrique e Alice irão lidar com a felicidade e também as dificuldades que a vida a dois traz