Luna, e uma mulher vivida que sabe os prazeres e as dores da vida. Com um passado triste, se tornou dura e não muito simpática.
Daniel, um rapaz jovem e que passou a pouco tempo por uma desilusão amorosa.
Os dois vão trabalhar juntos, ela não gosta...
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O medo estava literalmente acabando comigo, mesmo que eu me esforçasse para não pensa muito, mesmo que me esforçasse para pensar de forma positiva como eu passei a fazer. Mas estava bem difícil. Principalmente que depois de ter feitos uma bateria de exames, e eles me pediram mais exames. O medo bateu, bateu mesmo a ponto de eu não conseguir dormir e não conseguir comer depois que recebi a mensagem de que precisaria de mais exames.
E agora eu estava esperando pra saber se tinha algo acontecendo comigo ou não. No fundo eu sei que se eu seguir com isso não será facil, e eu sei que tem alguma coisa. Só que dessa vez não sou apenas eu, tem o Daniel e o James. E eu sei que eu não quero sentir a mesma dor que eu senti da primeira vez, então tem muita coisa passando pela minha cabeça. Coisas que eu tenho certeza que se eu dissesse em voz alta, Daniel jamais me perdoaria.
—Tenta comer alguma coisa—Ele disse e eu virei a cabeça na sua direção— Você vai ficar fraca, não tomou café da manhã.
—Eu tô enjoada, se eu comer vou vomitar—Falei passando pelos olhos pelo corredor vazio.
—Eu peguei umas casas pra gente visitar, eu quero algo que a gente não precise se preocupar muito com mudanças—O encarei—Achei uma que tem quatro quartos, então vai ficar certinho, pra mim e você, e para os bebês. E ainda teria um de hóspedes, tem um quintal grande com piscina.
Engoli seco ouvindo ele dizer essas coisas e olhei para seu celular.
—Daniel, você tem noção que eu posso ter algum problema?—Indaguei calma, pois não queria iniciar uma discussão—Pediram um monte de exames pra mim. Eu não vou seguir com isso se me trazer algum risco—Ele franziu a testa e me encarou chocado.
Merda!
— Você está pensando em abortar?— Não tive coragem de responder—Luna, eu achei que você estivesse disposta a passar por isso tudo.
—Me entende? Eu tenho o James agora…
— Eu entendo o seu medo, mas não achei que você tivesse pensando nessa possibilidade—Ele olhou para a minha barriga— Você agora sabe dos problemas e vamos cuidar para que nada aconteça.
—Eu sei—Falei baixo—Mas eu tô com medo.
— Eu vou fingir que você nunca pensou nessa possibilidade ok? E você me tem junto com você, eu estou do seu lado!
Daniel pegou minha mão e apertou, encarei minha aliança. No final, eu sei o que é melhor pra mim.
—Luna?—Uma mulher de branco apareceu e eu levantei da cadeira sentindo tudo girar, eu estava bem mal, sentindo náuseas e enjôos.
A segui pelo corredor até entrar na sala da minha médica de anos, só não me consultei com ela quando eu morei fora.
—Tudo bem?—Indagou e eu me sentei na cadeira balançando a cabeça— Você está pálida…
—Ela está um pouco enjoada e com tontura—Meu marido disse apertando a minha mão.
—Mas eu tô bem—Falei.
Não era verdade, eu estava com fome, ontem a noite eu vomitei o meu almoço e jantar tudo de uma vez só, e não consegui dormir também por isso. Não tomei café da manhã.
—Ok—Ela me analisou e depois se sentou em sua cadeira—Eu imagino que vocês dois estejam nervosos com os exames que eu pedi—Daniel balançou a cabeça em concordância—Bom, não encontramos nada no seu sangue que devesse ser cuidado. Mas eu pedi um exame específico lembra? No seu rin?—Concordei engolindo seco—Eu pedi pois existe uma síndrome, é a pré eclampsia em sua forma mais grave. Se chama Síndrome de Hellp, eu vou persistir nisso, pois em muitos casos os sintomas só aparecem lá para os quatro meses de gestação. Essa síndrome põe em risco a vida da mãe e do bebê—Larguei a mão de Daniel do meu lado e encarei a médica com atenção sentindo meu coração bater acelerado— Não identiquei, mas você tem chances de ter, e de não ter também, pois é muito raro. Mas eu te chamei aqui, pra dizer que por enquanto você está bem. Mas eu tenho muito medo de quando a gravidez começar a evoluir, que a barriga for crescendo e começar a pesar encima do colo do utero, por você já ter tido uma gravidez antes e dos cistos, seu colo é muito comprometido. E eu tenho medo que não aguento o peso do feto até o final da gravidez.
—E o que isso quer dizer?
—Que você tem uma gravidez altíssimo risco, e que o seu bebê pode nascer antes do tempo—Me encostei na cadeira e respirei fundo.
E com toda essa merda ainda tinha uma síndrome, que nem fui diagnosticada ainda, mas posso vir a ter.
—O que a gente faz agora?—Olhei para o meu marido. Daniel estava atento a tudo que a médica dizia, o que era muito bonitinho.
— Que você fique em repouso absoluto pelos próximos meses, ainda mais que você me disse que sentiu cólicas—Minha ginecologista deu um sorriso triste pra mim.
Ela sabia de todos os meus problemas e sabia também que isso não seria fácil.
(...)
Deitei-me na cama exausta dos últimos acontecimentos, eu só queria dormir até isso tudo terminar. Como eu ia dar conta de tanta coisa? De uma gravidez de risco, de um processo de adoção e de mudanças.
Fechei meus olhos desejando apenas dormir e parar de pensar nisso tudo, eu estava tão bem, me sentindo feliz e com um cara legal e agora tudo isso de uma única vez. Senti quando o colchão afundou do meu lado e logo depois meu marido me abraçando por trás. Um beijo foi depositado no meu ombro, me aconcheguei ali e sorri.
—Vai dar tudo certo, eu tenho certeza—Ele sussurrou descendo a mão até minha barriga lisa—Eu estou com medo também, eu acabei de ganhar você e não quero te perder. E eu sei que não vou. Mas você precisa lutar.
—Eu sei—Disse e eu fechei os olhos—So estou com medo—Me virei na cama ficando de frente para ele—Eu não quero perder nada disso, mas não posso simplesmente fingir que não estou com medo.
—Eu vou estar aqui com você.
Olhei nos olhos dele que brilhavam com a luz do banheiro e o restante escuro. Senti aquelas três palavras na pontinha da minha língua, loucas para ficarem livres de uma vez. Daniel trouxe novamente a mão até a minha barriga e sorriu ao toca-la, levei a minha mão por cima das dele e senti uma lágrima descer pelo meu rosto.
—Eu sei que você vai ficar comigo—Falei— Eu só não quero te decepcionar se tudo der errado.
— Nem pensa nessa possibilidade—Daniel falou—Eu sei que você vai conseguir ir nisso até o final, a gente já sabe o risco e vai cuidar dele.
—Eu te amo—Falei e Daniel ficou mais algum tempo olhando para a minha barriga antes de trazer os olhos até mim e piscar um par de vezes.
— É a primeira vez que você diz…
—Eu sei—Sorri aproximando meu rosto do seu—Desculpe por não ter dito isso antes pra você. Eu não me sentia preparada.
—Foi perfeito—Ele tocou meu rosto com carinho e acariciou a minha bochecha—Eu já sabia que te amava a muito tempo.
—Eu disse disso—Brinquei. Eu sempre soube que ele iria se apaixonar primeiro do que eu.
Daniel se aproximou e beijou a minha boca com tanto cuidado e mesmo assim foi maravilhoso, ele não me beijou por tesão, nos beijamos por amor e por vontade de mostrar um ao outro esse sentimento.
