16° capítulo

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Subi as escadas pensando que eu estava muito fodido com Luna

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Subi as escadas pensando que eu estava muito fodido com Luna. A mulher me tinha literalmente nas mãos. Completamente, quando eu sairia da minha casa pra transar, do nada? Acho que nunca, sempre gostei de criar um clima, sair, conversar. Sempre foi assim, mas com ela é diferente e eu muitas vezes me sinto até mal, pois sinto que talvez eu esteja usando ela. Sei que não é isso, até porque Luna prefere desse jeito, mas eu gostaria de sair, saber mais e tentar entender o porquê dela ser desse jeitinho tão exótico, sinto ela meio fechada em relação a algumas coisas.

Fui até o banheiro e joguei a camisinha fora, joguei uma água no rosto e me encarei no espelho. O correto seria com toda certeza eu sair da casa dela agora, mas não consigo. Sai do banheiro e dei uma olhada no corredor, fui até a porta ao lado do banheiro. Mexi na maçaneta e a porta abriu, deve ser um quarto de hóspedes.

Franzi a testa ao ver um berço, fechei a porta com cuidado e observei tudo com cuidado, tinha uma cama e uma berço no canto perto da janela e um armário grande.

Que porra é essa?

Passei meus olhos pelos diversos porta retratos, peguei um quadro onde ela aparecia muito diferente da mulher que é hoje em dia. Estava sorridente ao lado de um outro cara, em quase todas as fotos ela estava com ele. Será que foi algum ex? Deixei a foto no mesmo lugar e olhei em direção a porta antes de pegar outra foto…

Onde ela aparecia grávida, com uma barriga pequena, de uma cinco meses e o mesmo homem com a mão sobre sua barriga.

A Luna tem um filho? Me lembrei da cicatriz muito pequena que ela tem na virilha. Será que já foi casada? Mas eu nunca vi ela com o filho nem nada disso.

—O que você está fazendo aqui?—Virei o quadro pra ela ver e esperei por alguma explicação. Seus olhos caíram sobre o objeto na minha mão e ela não demorou a arrancar de forma abrupta de mim— Você disse que ia ao banheiro…

—Eu fui—Falei enquanto Luna arrumava os quadros no mesmo lugar—Luna, você foi casada? Ou ainda é?

—Sai daqui!—Gritou e eu me afastei saindo do quarto.

Desci as escadas rapido e me vesti, ela ia me falar, porque a divida se eu estava transando com uma mulher casada era grande. Sentei-me no sofá e cobri o rosto. Nunca vi nada sobre ela, nuca mesmo, no currículo não tinha nada, então imagino que ela não seja casada. Mas a foto grávida? Aquilo sim me deixou maluco. Por que o bebê nasceu, ela tem a cicatriz de uma cesariana.

Ergui a cabeça vendo ela descer as escadas rapido dessa vez não estava pelada, usava uma blusa grande o suficiente pra cobrir até as coxas.

— Você me deve explicações—Levantei do sofá e ela cruzou os braços.

—Eu não te devo absolutamente nada, sai da minha vida—Esbravejou  e eu cruzei os braços.

—Saiba que não vou sair—Luna cerrou os punhos e me encarou— Você por acaso é casada?

— Não sou, sou viúva—Eu suspirei vendo ela desviar a atenção de mim e encarar a janela.

—Sinto muito—Desci meu olhar pelo seu corpo— É o bebê?

—Que bebê?

—Você estava grávida na foto. Luna, me desculpe, eu entrei ali sem querer, mas eu não posso fingir que não vi—Vi uma lagrima escorrer pela bochecha dela. Era a primeira vez que eu via Luna mais vulnerável— E tinha um berço também. Pode confiar em mim, pra me contar. Você tem um filho?

— Não tenho— E ela mentiu novamente fazendo-me relaxar os ombros.

—Luna por favor—A mulher ergueu o olhar e me encarou, agora chegavam estar vermelhos. Ela me ignorou e seguiu até o bar no canto da sala pegando uma garrafa de whisky.

A morena me encarou e levou a garrafa, a garrafa de whisky até a boca e bebeu por longos segundos.

—Eu não tenho filho, nem marido—Ela passou por mim e sentou no sofá limpando a boca—Meu marido era militar e morreu numa guerra—Me sentei do lado dela e a observei—Eu estava grávida na época, de quase nove meses. Ia ter uma menina—Ela olhou para chão e começou a chorar. Foi aí que eu percebi que o buraco era muito mais embaixo—Uma bomba explodiu do lado do Bryant—Concordei entendendo que Bryant no caso era o marido dela—E ele morreu, quando eu soube, minha pressão subiu muito…o meu bebê morreu dentro de mim—Luna me encarou com os olhos arregalados—Eu perdi os dois—E bebeu mais do whisky.

Era muita coisa pra processar, mas não deixei de pensar que muito da forma de vida que ela levava era por conta do que lhe tinha acontecido. Luna se mostrava tão forte e as vezes até arrogante, mas tudo não passa de uma armadura pra esconder o que realmente sente.

Observei ela se embebedando e fiquei até com medo de ir até lá e tirar a maldita garrafa da sua mão. Levantei do sofá e subi as escadas novamente entrando em seu quarto, passei os olhos pelo quarto vendo que a ao lado da cama tinha mesinha de cabeceira, mexi nas gavetas e encontrei alguns remédios. Eu não entendia muito, mas conhecia algumas embalagens e sabia que eram calmantes, remédios pra dormir e até uma cartela de antidepressivo.

Que merda!

Fechei novamente e dei uma olhada nas outras gavetas, nada que ela pudesse se ferir.

Eu sabia que Luna não falava muito com a família e me dei conta que ela passava por muita merda sozinha e que todo aquele comportamento as vezes impulsivo era por conta do passado. Não conseguia sequer imaginar a dor que ela vivia sozinha por anos, perder uma pessoa já é doloroso, ela perdeu o marido e o filho, dava pra entender o jeitinho dela.

Quando voltei pra sala, a mulher estava deitada no sofá de olhos abertos, porém perdidos. Me abaixei em sua frente e tirei a garrafa quase vizia, ela tinha bebido isso tudo nesse curto período de tempo? Encarei a mulher quieta com os cílios e bochechas ainda molhados.

—Acho melhor você subir—Sugeri e os olhos escuros se voltaram para mim—Pra dormir.

—Minha garrafa—Luna sentou no sofá e se inclinou pegando a garrafa novamente e terminando de beber todo o líquido dali— Eu não quero que você me olhe com pena. E muito menos quero ou preciso que cuide de mim—E foi aí que ela levantou do sofá. Eu deixei.

A morena olhou em volta e a bunda estava de fora, então ela deu o primeiro passo, errando os pés, mas conseguiu dar os primeiros cinco passos. Eu cheguei até a me levantar e esperar, tinha medo dela subir as escadas daquele jeito, por mais acostumada a beber que ela fosse, tinha bebido uma garrafa de whisky inteira sozinha e pura. Luna se apoiei numa poltrona ali na sala e seguiu até a escada, segui andando atrás dele e fiquei surpreso quando ela chegou no topo, sem cair.

Luna abriu a porta do quarto e foi aí que ela caiu, simplesmente os pés se trocaram e ela caiu dentro do quarto. Um barulho seco contra o piso.

Corri pra acodi-la encontrando a mulher com as mãos apoiadas no chão e os cabelos cobrindo o rosto. Agora ficava mais claro pra mim e eu nem podia chamar ela de bêbada atoa, então somente lhe ajudei a caminhar até a cama, Luna não se machucou, graças a Deus.

—Sai da minha casa, Daniel—Ela esbravejou mais uma vez e se jogou na cama.

Sem um pingo de vergonha conseguia ver a bunda gostosa, já que a camisa tinha subido e estava esbolada na cintura. Permaneci ali parado até me dar conta de que ela realmente tinha dormindo, puxei seu lençol e lhe cobri, sai do quarto e deixei a porta entreaberta.

Com certeza aquele jeito azedo dela de ser era por conta do lhe tinha acontecido e eu não conseguia julgar, não consiguia nem pensar ou mensurar o inferno que ela viveu, pela cicatriz que ela tem na virilha da pra perceber que já tem tempo, mas, ela perdeu um filho né. E nem teve tempo com ele.

LUNA E DANIEL- livro 4"Série Filhos" Onde histórias criam vida. Descubra agora