Os últimos meses não estavam sendo fáceis, eu pensei que tudo ia ser bom e que íamos superar as coisas mas não estava acontecendo desse jeito. Luna não teve nenhuma recaída, esse foi um dos meus medos, mas não aconteceu. Mas ela estava diferente, com medo, eu via isso em seus olhos a cada vez que íamos a alguma consulta médica.
Luna está grávida de quase sete meses e até agora não tivemos nenhum problema, a grande questão é que eu não vejo ela conectada com o nosso bebê, Luna nunca passou a mão na própria barriga, ela nunca sentiu o bebê e nem fala dele. Acho que ela não quer se apegar tanto. Comigo ela continua a mesma, brincalhona e carinhosa. Mas essa parte me deixa bem triste.
Sai dos meus pensamentos quando ouvi alguém me chamar, pisquei um par de vezes e olhei para a assistente social.
—E então, acha que vai conseguir?—Indaguei me levantando e ela sorriu me dando uma esperança.
Luna não podia sair de casa, ela mal saia da cama então não podia ver o James com frequência, até dois meses atrás ela ainda conseguia, mas agora já não consegue mais e eu sei o quanto ela ama ele e deve estae morrendo de saudades. Por isso eu vim até o orfanato e pedi que me deixassem levar ele pra ela poder ver, mas aí veio um monte de burocracia.
— Olha o processo de adoção está rolando e pelas leis eu não posso permitir que ele saiu com você, mas comigo sim—Abri um sorriso vitorioso.
—A Luna vai ficar tão feliz—Digo pensando em como ela vai ficar contente em vê-lo.
—Eu vou pegar ele e aí a gente vai—Balancei a cabeça concordando.
(...)Eu estava bem ansioso pra ver a reação da minha mulher quando visse James, o nosso filho estava crescendo bem rápido, era bom, assustador e um pouco triste, a gente não conseguia acompanhar de perto esse desenvolvimento dele. Olhei ele beijando com o tecido da minha camisa e sai do carro entrando em casa.
—Ela não está podendo andar muito né —A assistente social disse enquanto subimos as escadas.
—A barriga dela está bem grande então pode acabar pesando—Digo caminhando pelo corredor.
Eu consegui resolver tudo da nossa mudança, nos mudamos para o mesmo condomínio que meus pais, eu tentei encontrar algum lugar que não desse tanto problema e não precisasse de tanta obra, encontrei uma casa legal, era bem grande e tinha bastante quarto, um quintal grande enfim…ótimo pra uma família!
Abri a porta e Luna estava sentada na cama digitando algo no computador, ela estava trabalhando de casa.
—Tem alguém aqui com saudades da mamãe!—Falei chamando sua atenção.
Abri um sorriso quando vi ela deixar o computador de lado e abrir os braços esperando por ele. Com cuidado eu me aproximei e o coloquei sentando nas suas pernas.
—A mamãe tava com saudades meu amor—O sorriso dela era tão bonito, olhei para a outra mulher que entrou no quarto e ela sorriu pequeno admirando a cena.
James estava usando uma blusinha preta e uma calça, por conta do calor absurdo que estava fazendo aqui em Nova York.
Nosso filho virou a cabeça na minha direção e depois encarou a mamãe dele levando as duas mãos até a barriga dela. Sua testa se franziu e logo depois ele soltou uma gargalhada gostoso deixando a chupeta cair da boca.
—O que foi?—Perguntei a Luna e ela me encarou.
—O bebê mexeu—Luna pegou a mão dele e colocou novamente na sua barriga expalmando a dela por cima da dele e logo depois o bebê gargalhou novamente me faz rir junto—Ele tá mexendo muito né—Brincou— Tem outro neném aqui dentro…—James ergueu a cabeça e olhou Luna atento—Ele tá aqui, e quando ele nascer, vocês brincar juntinhos.
—Buuu—James era fofo demais e já estava com quase dez meses e era muito espertinho.
A segunda coisa boa desse encontro foi que pela primeira vez eu via Luna se referindo ao nosso bebê de alguma forma.
— Você tá lindo—Ela o pegou no colo e deu um cheiro nele que abriu um sorrisinho fofo— Você quem teve a ideia de trazer ele aqui—Ela percebeu a minha presença me fazendo rir.
—Foi sim—Olhei a assistente social que observava tudo de longe. Eu não era bobo e sabia que ela estava ali quieta vendo a reação do James com a gente e como ele interagia.
—Obrigado—Disse e depois olhou pra ele. Eu não tinha dúvidas que ela seria uma mãe incrivel e eu vou me esforçar pra ser um pai incrível tambem.
Voltei a encarar o garotinho e prestei mais atenção nele, vendo que dificilmente ele olhava nos olhos, ele me observava bastante quando eu ia visitá-lo, mas ele não olhava para tudo mundo desse jeito, James sempre que eu via ele no berçário ele brincava na maioria das vezes sozinho. Eu tenho algumas dúvidas sobre isso, mas é algo que deve passar por um especialista, mas realmente não muda no que eu sinto por ele e nem no processo de adoção, Luna pensa da mesma forma que eu, eu já falei isso pra ela e ela não apresentou nenhuma dúvida quanto a adoção dele. Nós acreditamos que o James possa ter algum grau de autismo, mas eu não acho que seja alto.
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LUNA E DANIEL- livro 4"Série Filhos"
RomanceLuna, e uma mulher vivida que sabe os prazeres e as dores da vida. Com um passado triste, se tornou dura e não muito simpática. Daniel, um rapaz jovem e que passou a pouco tempo por uma desilusão amorosa. Os dois vão trabalhar juntos, ela não gosta...