My name

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- ... Perguntei para Bill, quando você foi ao banheiro, como você estava reagindo a morte de seu pai - mamãe continua - Ele me disse, resumidamente, que você estava se sentindo culpada, achando que seu pai morreu por sua causa. Isso é verdade?

- Sim - desvio o olhar, encarando minhas mãos - Me sinto uma... assassina, por mais que me digam que não sou.

- Kathleen, olha para mim - a mais velha diz, colocando as mãos em meus ombros - Eu sei que não fomos bons pais, que não demos todo o amor que você precisava. Mas a verdade e o motivos disso, é que esse mundo é cruel, muito, muito cruel. Não te apoiávamos com a ideia de ser cantora, porque não tínhamos certeza de que isso daria certo. E se você não conseguisse? E se conseguisse mas ganhasse pouco? São muitos "e se".

- Eu entendo - solto um riso baixo.

- Sobre eu escolher suas roupas quando criança - ela ri, balançando a cabeça - foi por pura vaidade. Queria mostrar ao mundo como você era linda com as roupas que estavam na moda. Porém, errei ao não satisfazer seus gostos, em não dar ouvidos para sua opinião. Uma blusa da Hello Kitty custava bem menos que as roupas que eu comprava... O que quero dizer com isso tudo, é que eu e seu pai queríamos te proteger desse mundo, mas erramos em não apoiar suas próprias decisões. Seu pai começou a beber por isso, porque ele errou e estava completamente arrependido. Então, nunca foi e nunca será culpa sua. Você é boa demais para esse mundo, Kathleen, boa demais.

Fico a encarando, absorvendo todas as palavras. Nunca tive uma conversa tão intensa com mamãe. Um alívio se apossa de mim. Meus pulmões voltam a  funcionar normalmente... as batidas de meus coração se instabilizam. Um sorriso escapa de meus lábios, um sorriso verdadeiro.

- Desculpa mãe, por eu não enxergar isso desde o começo, por eu achar que vocês eram monstros que não me amavam... - lágrimas escorrem pelo meu rosto.

- Está tudo bem - ela se aproxima, em um abração - Está tudo bem... nós te amamos e sempre te amaremos.

- Obrigada mãe...

Após lágrimas e mais lágrimas, descemos para receber nossos parentes. Trazer Tokio Hotel animou um pouco. Meus primos, e principalmente minhas primas, ficaram loucos ao vê-los. Meus tios me dizem como eu cresci e me tornei uma mulher. Minha tias me dão dicas de "como lidar com homens".

Perto do meio dia, o caixão de papai é levando ao cemitério. A princípio, me recusei a olhá-lo, mas quando estavam prestes a fechá-lo para sempre, me permito um último olhar. Em seu rosto esquelético, repousa um sorriso. Um sorriso de quem encontrou a paz.

- Vocês já vão? - mamãe pergunta, assim que voltamos para casa.

- Temos show hoje à noite - forço um sorriso. Sei que ela está com medo de ficar sozinha, medo de não ter ninguém para conversar - Você... você vai ficar aqui?

- Por mais que seja doloroso abandonar essa casa, não, não ficarei.

- Onde você vai? - pergunto, confusa. Essa resposta eu não esperava.

- Para casa da sua tia - ela suspira - Talvez com o tempo, eu tome coragem e volte para cá.

- O tempo cura tudo - assinto, olhando para Bill - Uma pessoa muito sábia me ensinou isso.

Mamãe nos acompanha até o aeroporto, beijando e se despedindo de todos os garotos assim como Jules. Ela deixa-me por último, preparando o abraço mais apertado, mais caloroso e cheio de significado.

- Eu te amo - susurro em seu ouvido - Fique bem.

- Eu também te amo - ela diz, me abraçando mais forte - Boa sorte.

- Não consigo respirar - brinco, ao vê-la soltar uma risada genuina.

No avião, Bill segura minha mão me olhando com admiração.

- Estou orgulhoso de você - ele sorri, me dando um selinho.

- Obrigada - devolvo, demorando mais em seus lábios.

- Com licença, mas esqueci de dizer que a bola de pelo que vocês adotaram - começa Georg, levantando um pacote todo rasgado - Furou meu salgadinho.

- Isso vai ensinar você a não deixar as coisas jogadas por aí - Gustav provoca - Bola de pelo 1, Georg 0.

- Bola de pelo... BOLA DE PELO! - Bill grita, fazendo todos do avião ganharem um susto - Esse vai ser o nome dele Kath, bola de pelo.

- Quero os créditos - brinca Georg.

Passamos a viagem inteira dormido. Não tivemos muita chance para descansar, então aproveitaremos as poucas horas que nos restam antes do show.

Bola de pelo se esfrega em nossas pernas, como uma recepção calorosa assim que chegamos no hotel. Até Georg confessa o achar fofo. Ele é o primeiro a sumir com o bichano no colo.

Nos arrumamos e chegamos na arena de show em nossa limousine. Pela janela, noto inúmeros fãs com cartazes dos meninos. De relance vejo, um com minha cara. Sorrio ao saber que pelo menos alguém gosta de mim.

Retocamos a maquiagem e nos posionamos no palco. Com as luzes apagadas, noto vários flahses apontados para nós. Lembro-me em como fiquei nervosa na minha primeira vez. Agora, porém, me sinto pertencente a esse lugar.

Papai, olhe para mim.

Veja o que conquistei.

As luzes se acendem e a plateia grita como nunca. Ouço meu nome várias vezes. Bill assente para mim e entendo de imediato. Seguro o microfone com firmeza, encarando a plateia.

- WELCOME TO HUMANOID CITY! - grito e todos vão à loucura. 

Quando o show termina, os fãs gritam meu nome mais uma vez, só que bem mais alto.

- KATHLEEN! KATHLEEN! KATHLEEN! - eles cantam, em coro.

Ficamos apreciando, silenciosamente, enquanto eles urram meu nome. Sinto uma mão apertar a minha. Bill a segura de um lado e Jules aparece e segura a outra. Não demora muita para que Georg, Gustav e Tom se juntem a nós. Lágrimas de felicidade se formam em meus olhos.

Levantamos as mãos ainda entrelaçada. Nós curvamos em agradecimento e saímos. Mando beijos e mais beijos para a plateia.

- Viu só? Como foi incrível? - Jules pula de alegria - Eles te amam Kath.

- Isso foi tão... - tento dizer, mas nenhuma palavra seria capaz de expressar tamanho sentimento.

- Sim - Bill concorda, sorrindo - Você merece.

- Merece muito mais - Georg continua.

- Você é incrível e eles sabem disso - Gustav completa.

- Kathleen Roberts, nossa estrela - Tom assente, sorrindo.

- Parem de gadear minha namorada - Bill brinca, fazendo todos rir.

Deixe-me Te Amar - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora