Em casa

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Qual seria meu destino, se Jules e eu não tivéssemos decidido morar em Los Angeles?

O que ocorreria se aquele empresário não tivesse me passado o número errado?

E se aquela mulher racista não tivesse recusado a me contratar?

O que aconteceria se eu não passasse na hora exata e no momento exato, em que uma garota foi demitida do estúdio de música?

E se?

Será que se nada disso tivesse acontecido, meu pai estaria vivo?

Essa é a única pergunta que sei responder. Sim, ele estaria.

Se o real motivo de sua morte foi a bebida que foi ingerida em excesso por minha causa, então sim, eu sei a resposta.

Não é minha culpa se não fiz intencionalmente, não é? Tecnicamente, eu causei a morte de meu pai. Foi por minha causa que ele se tornou um álcoolatra.

Bill me disse que não, que não tenho culpa. Porém, cada parte de meu corpo me acusa, me declarando culpada.

De repente, abro os olhos e ninguém está no avião. Apenas eu e minha consciência pesada. Olho ao redor, procurando qualquer vestígio de alguém.

- Jules!? Bill!? - chamo, me levantando - Tom!? Georg!? Gustav!?

Ninguém aparece. Mas que droga está acontecendo? Escuto um barulho vindo da cabine. O piloto deve saber de alguma coisa.

Cada passo meu, ecoa em meus ouvidos e um chiado horrível faz eles latejarem.
O piloto está virado de costas quando chego e o copiloto acena... com um sorriso macabro...

Espera... essa é... essa é minha mãe?

- Amor, olha quem chegou - diz ela - Nossa querida filha.

O piloto se vira e quase perco o equilíbrio ao ver quem é. Meu pai me encara desapontado. Ele se levanta, deixando o avião no piloto automático. Papai se aproxima com passos largos e me afasto a cada um deles. Seus olhos sem vida e sua pele sugada contra os ossos me fazem estremesser. Sua boca se abre com dificuldade, tentando formar palavras.

- Foi... sua culpa - ele diz, sem desviar o olhar - Você me... matou.

- Pai, não - tento dizer - Não foi minha culpa... eu... eu não sabia.

- Ah... sabia sim - o homem aponta seu dedo esquelético para mim - Foi tudo parte do seu plano.

- Não tenho nenhum plano, você está falando bobagens - digo tentando manter a postura calma, até sentir  minhas costas baterem contra a parede do avião.

- Você não quis vir me ver... me deixou sofrendo, me deixou... morrendo.

- Desculpa, desculpa pai - minha voz falha - Não foi minha intenção, eu não sabia que você isso aconteceria...

- MAS ACONTECEU! - ele grita - KATHLEEN ROBERTS, VOCÊ ME MATOU!

- Eu não te matei - sinto minhas pernas tremerem e meu coração acelerar.

Deixe-me Te Amar - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora