Um quase beijo

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- Kathleen, o que deu na sua cabeça de mentir para nós? Os seus pais? - mamãe pergunta, ofendida

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- Kathleen, o que deu na sua cabeça de mentir para nós? Os seus pais? - mamãe pergunta, ofendida.

- Vocês não me deram escolha - susurro.

- O que? - ela pergunta, se aproximando de mim - Escuta aqui, mocinha, você é a nossa única filha. Acho que te mimamos demais, para agir dessa forma. Por que mentiu? Hein?

- Eu já disse, vocês não me deram escolha - repito, segurando as lágrimas de raiva que se formam em meus olhos - Nunca me deram.

- Filha, nós só queremos o que é de bom para você. Essa sociedade... esse mundo... só está piorando, queremos te proteger - papai complementa.

- Eu sei - respondo, torcendo para que eles me entendam - Mas mãe, pai, eu não sou mais uma criança. Posso tomar minhas próprias decisões, quero ser cantora...

- Ah Kath, isso de novo não - o mais velho suspira, passando a mão pela barba bem feita - E se isso não te der dinheiro? Desculpa, mas não queremos ter uma filha desempregada que pede dinheiro de nosso bolso.

- Eu não preciso do dinheiro de merda de vocês - explodo.

- Kathle... - papai prepara um sermão, o interrompo.

- Passei minha vida inteira, tendo pais super protetores, que me moldavam com as próprias decisões - digo, olhando para ambos - Se eu queria vestir vermelho, mamãe dizia, "você vai usar roxo, vermelho não cai bem em você". Você acha que eu me importava, mãe? Se vermelho caia bem em mim ou não? Eu só queria usá-lo, tirar minhas próprias conclusões. A opinião de vocês pode ser diferente da minha. Vocês nunca me deixaram fazer o que eu bem entendesse. E se eu errasse em minhas próprias decisões? Eu aprenderia, já que os erros fortalecem. Vocês nunca me deixaram andar de bicicleta por medo de eu cair, nunca me deixaram encostar no fogo para eu me queimar. Eu precisava disso, precisava ralar meu joelho, queimar minha mão, para assim ver o mundo com os meus próprios olhos, não com os dos meus pais.

- Isso... é um completo....ultraje - mamãe diz, com a mão no peito.

- Eu quero ser e vou ser cantora, com ou sem o consentimento de vocês - continuo, determinada.

- Então ok, prove de seu próprio veneno. Tentamos te alertar - papai bufa, indo até a porta com mamãe - Se der errado, não venha nos procurar.

Logo, a porta é fechada em minha cara. Ouço mamãe soluçar, dizendo coisas que prefiro não escutar. Sento no sofá, atordoada. Está tudo resolvido, não preciso me preocupar. Contudo... porque me sinto assim? Como se um vazio estivesse rasgando meu peito? Sinto uma vontade enorme de chorar, mas não vou, não posso. Não derramarei nenhuma lágrima por eles. Ouço escadas rangendo e vejo Jules ali, me tranquilizando com seu olhar.

- Você escutou? - pergunto, segurando o choro.

- Cada palavra - ela se aproxima, sentando ao meu lado - E eles mereceram cada sílaba e vogal.

Seu olhar me transmite encorajamento, conforto. Minha verdadeira família.

- Jules, sem você eu nada seria - falo, com lágrimas jorrando de meus olhos - Que bom que tenho você...

- Eu te amo, amiga - a loira me abraça, beijando o topo da minha cabeça - Acho melhor você ficar em casa hoje e descansar. Foi uma manhã difícil.

- Concordo - sorrio, mesmo com a dor em meu peito - Boa sorte no trabalho.

- Obrigada - ela me dá um último abraço, saindo de casa.

Me acomodo no sofá, lembrando da cara de decepção que meus pais fizeram. Queria saber como são pais que te apoiam, independente da situação. Com esses pensamentos, durmo.

Acordo, com alguém batendo na porta. Ando até lá com o menor animo possível, arregalando os olhos ao ver quem está ali. Bill me encara com um sorriso no rosto, segurando um pote. Mas o que caralhos ele está fazendo aqui? Tomo consciência de minha aparência, acabei de acordar e estou toda descabelada. Passo a mão sob meus cabelos, tentando diminuir o volume, mas fracassando miseravelmente.

- Você está linda assim, não precisa mudar - o Kaulitz ri. Sinto minhas bochechas queimarem.

- Obrigada... - repondo, sem jeito - Então, o que devo a honra de sua prestigiosa presença?

- Jules contou para Tom o que aconteceu, e ele contou para mim - seus lábios se tornam uma linha fina - Sinto muito, pelos seus pais.

- Não sinta - dou de ombros - Está tudo bem, eu disse tudo o que queria. Pode entrar, se quiser.

- Obrigado - agradece Bill, adentrando a casa - Trouxe uma sopa para você, soube que está gripada.

- O que você não sabe? - ironizo, sentindo o cheiro da sopa.

- Maravilhosa, não? Receita da minha mãe - o garoto diz com orgulho.

- Você veio só para me trazer a sopa, ou tem algo a mais? - pergunto.

- Ah sim, quero te mostrar uma coisa - o Kaulitz pega seu celular do bolso - Dá uma olhada.

Bill me mostra a repercussão da previda de Strange. Fico boquiaberta. Quase um milhão de visualizações.

- I-isso é possível? - percorro os olhos pelos comentários.

- Sim, tem nem dois dias de publicação. E os fãs adoraram sua voz - ele diz, triunfante.

Elogios como "Que voz perfeita da garota", "Essa menina canta muito", "Estão escutando duas vozes de anjos?", "Como ela não é reconhecida? Que talento" estão por toda parte. Olho para Bill que sorri. Estou tão feliz que eu o beijaria agora... que pensamento foi esse?

- Você merece, merece todo esse reconhecimento - ele diz, colocando a mão em meu ombro - Parabéns cachinhos.

- Obrigada Bill - o abraço impulsivamente, deixando ambos surpresos.

Sinto seu coração saltitando, ou será que é o meu? Suas mãos se apertam contra minhas costas, acariciando-as. Isso faz com que uma corrente elétrica percorra em meu corpo. Me afasto dele, antes que eu faça alguma bobeira. Seus olhos encaram os meus lábios, e não posso deixar de perceber, como os seus são convidativos. Nós aproximamos levantamente, ofegantes. Sinto o hálito de Bill contra o meu rosto, fazendo-me perder todos os sentidos. Sua mão vai até meu queixo, aproximando-nos. Então... somos interrompidos por um bater de porta. Me afasto do garoto em um pulo, ao ver alguém entrando.

- Olá Kathleen, eae mano - Evan entra, nos olhando de cima abaixo - Atrapalhei alguma coisa?

Sim, atrapalhou.

Sim, atrapalhou

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Deixe-me Te Amar - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora