Uma mãe de verdade

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(Atualmente, 2023)

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(Atualmente, 2023)

- Shhhh - sussurro, para que Pitter não faça barulho - Seu pai tem sono leve, qualquer som, ele acorda.

- Por que estamos fazendo isso mesmo? - ele pergunta, franzindo o cenho.

- Porque é aniversário do seu pai ué... ah, droga! - xingo, assim que Bill se mexe.

Pitt e eu paralisamos, torcendo para que o Kaulitz não abra os olhos e nos veja ali. Por sorte, meu marido apenas muda de posição, ficando de costas para nós.

- Ufa - suspiro - Tá legal, quando eu disser "já", começamos a cantar.

- Mãe, por que não entregamos o presente como pessoas normais? - questiona-me Pitt.

- Ah... - arqueio as sobrancelhas - Porque... esse jeito é legal.

- Mas fazemos isso todos os anos - murmura o garoto - Papai com certeza já sabe e só está fingindo que dorme.

- Filho, fala baixo, ele vai escutar - peço, gentilmente.

- Entrega você, essa brincadeira é chata - Pitt revira os olhos, deixando o presente em cima da cama.

Fico boquiaberta, observando meu garoto sair. "Brincadeira chata"? Tento ignorar, porém, um pontada de dor acerta meu peito.

- Caramba - ouço uma voz sonolenta dizer.

Me viro, vendo Bill sentado na cama, olhando para a porta surpreso.

- Você estava mesmo acordado? - pergunto, sentindo-me tola.

- Ah... sim - concorda ele sem jeito, pousando o olhar em mim - Desculpa.

- Tudo... tudo bem - forço um sorriso - Talvez Pitt tenha razão, essa brincadeira é mesmo chata.

- Não é chata, amor - Bill tenta me reconfortar - Só é.... repetitiva.

- É... - assinto, sentindo todo o ânimo de uma sexta-feira linda, ir embora - Feliz aniversário.

- Obrigado - ele estende os braços, para que eu o abrace - Não fica mal, essa fase vai passar.

Espero que sim, realmente que sim. Pitter sempre foi quietinho, gentil e engraçado, porém, agora no auge de seus 7 anos, despertou uma personalidade nova que só achei que surgiria na adolescência.

Ele parou de fazer brincadeiras e se fechou totalmente para nós. Temo que sei a causa disse comportamento. Nós mesmos.

Algum tempo atrás, Pitter havia feito um amigo em um dos países que estávamos fazendo turnê. Para seu desgosto, tivemos que ir embora logo após. Ele chorou e chorou, pois sabia que nunca mais o veria. Fizemos uma horrível escolha ao decidirmos levar Pitt conosco nas turnês, em todas as turnês.

Bill e eu discutimos e chegamos a conclusão que não conseguiríamos ficar longe de nosso filho, por isso ele viaja com a gente.

Minha eu do passado ficaria com nojo de mim mesma. Privando meu filho por puro interesse meu, não dele. Talvez agora, eu entenda o porquê de meus pais agirem como agiram...

- Kath? Kath? Terra te chamando - Bill diz, tirando-me de meus devaneios - Você está bem?

- Isso não importa - nego com a cabeça - O que importa mesmo, é que meu marido está fazendo 34 anos. Parabéns amor. Toma.

Entrego uma caixa grande, na qual Pitt tinha em mãos. Observo ansiosa Bill tirar o embrulho e seus olhos brilharem ao verem o presente. O Kaulitz, há vários meses, reclama de os cafés dos hotéis serem horríveis. Então decidi comprar uma cafeiteria portátil, assim meu marido poderá fazer como quiser.

- É... linda - ele sorri, a observando - Obrigado amor, de verdade. Eu te amo muito, muito e muito.

Me inclino para beijá-lo, sentindo um pouco da magia de sexta-feira voltar. Enquanto Bill se arruma, vou até o quarto de Pitter. O observo da porta, vendo-o jogar videogame. Noto como seus cachos estão perfeitamente finalizados e em como nosso menino cresceu.

- Mãe, o que você quer? - ele nota minha presença, sem olhar-me nos olhos.

- Conversar - digo, adentrando seu quarto e sentando na cama - Quero que me diga o que te aflige.

- Me aflige? Nada me aflige - Pitt ri, como se achasse graça.

- Eu sei que tem algo, pode me dizer. Por acaso, é algo relacionado àquele seu amigo de Barcelona? Se quiser, podemos procurar o contato dos pais del...

- Você não entenderia se eu te contasse - o menino me interrompe.

- Por que acha isso? - franzo os cenho.

- Porque você não entende nada.

- Como... como assim eu não entendo nada? - sinto outra pontada no coração.

- Isso é a prova! - Pitt se vira para mim, com seu olhar queimando-me - Eu não preciso te contar para você saber, porque se você fosse uma mãe de verdade, entenderia o que estou sentindo.

- Filho...

- Não quero mais falar sobre isso - o garoto se levanta, passando por mim.

Fico ali, sozinha com meus próprios julgamentos. Sei que dizem para não se importar com o que as crianças dizem, pois elas não sabem o efeito que causará. Contudo, lágrimas descem de meus olhos. "Uma mãe de verdade"?

Estamos em Los Angeles mais uma vez. Bill quer dar uma festa à noite e convidar alguns de seus amigos. Tom também vem, já que é um dos anfitriões. Jules e ele deram a vida a  uma menina linda, de belos cabelos castanhos e brilhantes olhos azuis, em 2019. Kitty Kaulitz. Ela e Pitter se dão bem, apesar da diferença de idade.

Vou até a cozinha, vendo meu filho e meu marido conversando. Sempre notei como Pitt e Bill tem uma relação boa, diferente da que tenho com Pitter. Talvez, o garoto saber que seu pai salvou sua vida, faz com o que o venere. Olhando daqui, não faria muita diferença se eu não tivesse sobrevivido.

Pitter corre até o quintal, assim que escuta a voz da senhora Kaulitz. Enquanto encho uma xícara de café, mal noto quando começa a transbordar.

- Droga - digo, vendo o líquido marrom se espalhar pelo balcão em direção ao chão.

- Kathleen, você está bem? - pergunta Bill, ajudando-me a limpar com uma esponja - Não diga que está, pois a resposta está estampada na sua cara.

- Com meu filho me odiando, estou super bem - ironizo, vendo-o abraçar  sua avó da janela - Sou uma péssima mãe.

- Não, não é - o Kaulitz franze o cenho - Mas devemos conversar sobre algo.

- Sobre o que?

- Sobre Pitter, é claro - o homem continua - Ele me contou algumas coisas e... acho que devemos deixá-lo morar com minha mãe.

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Deixe-me Te Amar - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora